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terça-feira, 30 abril 2024

“Não é fácil ser santa, diante de tanta besteira que Lula fala”, diz senadora

Classificada por opositores como louca, fascista e cristã radical, a senadora conta que coleciona inimigos e sofre ameaças de morte do crime organizado e de pedófilos, mas mantém a fé e busca em Deus a força para continuar

Por Daniel Hirschmann 

Depois de quatro anos como ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje a advogada e pastora evangélica Damares Regina Alves segue sua história e sua missão, como senadora da República, na luta em defesa da vida, da proteção da criança e da mulher. Damares defende, também, o aumento da participação feminina na política, principalmente de mulheres conservadoras, comprometidas com valores cristãos.

Em entrevista exclusiva à Revista Comunhão, ela se emociona ao contar sobre as perseguições que sofre desde o início da vida pública dela, tanto por parte de adversários políticos quanto da imprensa e até mesmo de líderes evangélicos.

A senadora também alerta para os riscos à liberdade religiosa, à medida que cada vez mais lideranças se submetem ao “politicamente correto”. Confira a seguir alguns dos melhores momentos da entrevista.

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Comunhão: A senhora foi uma ministra atuante e agora tem tido um papel importante no Senado. Como está sendo essa experiência?
Senadora Damares Alves: Em um universo de 81 senadores, nós somos 15 senadoras, sendo 10 que foram eleitas e cinco que estão aqui como suplentes. Uma delas, inclusive, agora efetivada como titular – a suplente do ex-senador e hoje ministro do STF, Flávio Dino.

Então, nós somos 11 titulares, ainda um número pequeno aqui no Senado Federal.

Para mim, tem sido um desafio ser uma mulher cristã, conservadora, no espaço de poder. E uma senadora que não vem de grupos políticos. Uma senadora que foi eleita porque tinha uma causa, e os meus eleitores do DF elegeram essa causa.

Por outro lado, tem sido bem animador também poder, aqui dentro, além de trabalhar como uma legisladora, ainda dar um testemunho de mulher cristã, que consegue fazer o diálogo, consegue lidar em paz, inclusive, com os adversários.

Eu encontrei um grupo de senadoras, mesmo senadoras da esquerda, muito sensatas, e nós temos conseguido, juntas, fazer muita coisa. Nós pensamos diferente, estamos em partidos diferentes, há temas que nos dividem, mas também há muitos temas que nos unem.

O que tem que acontecer, ainda, para que as mulheres se interessem mais por política e até busquem mais cargos de liderança?
Ainda é desafiador estar no espaço de poder e de decisão no Brasil, porque a mulher brasileira demorou muito a ocupar esses espaços. Agora temos ocupado com mais facilidade e tem sido muito boa para o Parlamento a participação da mulher.

É preciso conscientizá-las de que elas estão prontas, de que elas têm condições de liderar e de ocupar esses espaços. Eu tenho feito muito esse papel. Tenho feito, também, o papel de fazer os homens entenderem que eles precisam reconhecer novas lideranças.

Hoje temos desafiado os partidos a identificarem novas lideranças. E agora em 2024 queremos ter um número enorme de mulheres, especialmente mulheres conservadoras, ocupando as câmaras de vereadores e as prefeituras no Brasil inteiro.

Qual papel a senhora acha que os crentes têm que tomar na condução do país?
O povo tem que entender que muita gente se omite do processo. O número de pessoas que não foram votar na eleição de 2022 é muito grande. Elas se omitiram. Então, eu preciso dizer: não cabe mais omissão! Se você não gosta de política, vai ser governado por quem gosta, e nem sempre quem gosta de política faz o certo. A partir de agora, temos que conversar com nosso povo, porque a liberdade de expressar a nossa fé pode estar correndo risco, sim. Tem gente que diz que o Brasil tem liberdade religiosa: “os templos funcionam”.

Mas eu não quero ter liberdade de fé só dentro do templo. Eu quero continuar expressando a minha fé em qualquer espaço que eu ocupo. Hoje, você tem que ser politicamente correto. Qual é o pastor que tem coragem de falar de todos os pecados? Estamos vendo muitos pastores que não falam de pecado. Por quê? Porque não é politicamente correto.

Mas Jesus não nos chamou para sermos politicamente corretos. Ele nos chamou para falar a verdade, e eu quero ter a liberdade de falar a verdade em qualquer lugar.

A senhora comentou que entrou na política por conta de uma missão. Que missão era essa e como foi essa entrada?
A defesa da vida. Eu tenho uma história, uma trajetória na defesa da vida, na defesa de pautas de valores, na defesa da família. Eu fiquei 20, 22 anos nos bastidores do Congresso Nacional, na militância em defesa da vida e da família. Foram anos no anonimato, mas as pessoas reconheciam o meu trabalho. Uma das pessoas a reconhecer o meu trabalho foi o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na hora de levar alguém para uma pasta de seu governo que tratava de valores, de defesa da vida, de proteção da criança e da mulher, ele se lembra daquela assessora que estava nos bastidores e me convida para ser ministra, o que me tornou mais conhecida no Brasil. O segmento evangélico já me conhecia, porque já faço esse trabalho há muitos anos dentro da igreja. Mas quando fui elevada a ministra, fiquei mais conhecida pela sociedade como um todo, e o meu trabalho foi recebido com muito agrado por todos que acompanharam. Esse resultado foi mostrado na urna. Eu sou muito grata ao meu eleitor, mas primeiro grata ao meu Deus, por ter me dado essa oportunidade.

A senhora defende pautas que são contrárias às linhas hoje dominantes. Isso gerou algum tipo de perseguição ou de preconceito contra a senhora?
Muita, muita perseguição. Porque com relação à pauta da mulher, a esquerda sequestrou essa pauta e, por muito tempo, passou a imagem de que só eles protegiam mulheres. Mas a esquerda tinha pautas consagradas entre eles que não eram pautas unânimes na sociedade, como a do aborto, por exemplo. Aí, como ministra da Mulher, eu trouxe outras pautas e dei protagonismo a todas as mulheres: a mulher ribeirinha, as marisqueiras, as amazonenses que sofrem o acidente de escalpelamento, a mulher cigana, a mulher indígena, a mãe atípica: não vemos as feministas nas ruas fazendo marcha pelas mães das crianças com deficiência. Então, foi um susto para a esquerda.

E eu acredito assim, com muita modéstia, que a política pública para a mulher nunca mais será a mesma depois do governo Bolsonaro, porque ele trouxe a proteção integral da mulher. Tanto que este governo está tendo que adaptar um pouco seu discurso nessa área.

Essa perseguição, em algum momento, atrapalhou seu trabalho ou impediu que a senhora realizasse alguma coisa?
Atrapalhou. Por exemplo, a esquerda – especialmente a sua bancada de parlamentares – apresentava praticamente todo dia um requerimento de informação para o ministério. Às vezes, tinha requerimento com 60 perguntas e você tem um prazo para responder. Então, tínhamos que parar tudo que estávamos fazendo para responder esses requerimentos. Era uma forma que eles tinham de nos engessar. Houve muitas convocações no Congresso Nacional também. Eu era convocada o tempo todo: “por que menino veste azul e menina veste rosa?” Eu era convocada por causa do pé de goiaba. Por qualquer coisa.

De tudo o que seus adversários já disseram ou fizeram, o que mais a incomodou?
Eu tive da esquerda também a tentativa, inúmeras vezes, de desconstrução de imagem, assassinato de reputação. Depois que assumi como ministra, eu fiquei um ano sendo chamada de louca, nazista, neofascista; de radical, homofóbica. E tudo que eu falava era distorcido, para a sociedade achar que tinha uma louca no ministério. Só que não deu certo.

Eles usaram das coisas mais vis, mais cruéis que se possa imaginar; dos ataques mais terríveis à honra, à moral, à vida. Por exemplo, eu tenho um trabalho com crianças indígenas há 35 anos e tenho uma filha que é uma das meninas que salvamos do infanticídio indígena. Ela hoje está com 26 anos. Então, aos 22 anos, seu rosto era mostrado na imprensa, em revista, em programa televisivo, diziam que eu a tinha sequestrado. Eles machucaram a alma dela, me machucaram. Foram muito cruéis.

Mas uma das mais terríveis violências que eu sofri veio de um jornalista. Todos sabem que eu tenho uma história de sofrimento, de dor. Eu fui barbaramente estuprada entre os seis e oito anos de idade, e não podia contar para o meu pai, porque o pedófilo disse que, se eu contasse, ele mataria meu pai. Então, eu chorava escondida, de dor, de sofrimento, em cima de um pé de goiaba que tinha no fundo de casa. E numa dessas vezes em que eu estava em cima do pé de goiaba, querendo morrer, me matar, eu tive um encontro com Jesus. E essa é uma experiência minha, de fé, e ninguém pode duvidar da minha experiência de fé.

Se duvida, fique calado, não zombe.

Mas esse jornalista não só zombou da minha fé e riu de mim por ser cristã., riu do meu Senhor Jesus. Ele riu também do estupro, do sofrimento de uma menininha. Ele escreveu, em novembro de 2019, que eu era louca, e que eu era tão louca porque eu perdi a oportunidade de transar com Jesus no pé de goiaba. Essa foi uma das agressões que me deram vontade de desistir de tudo! Porque sempre me atacaram para atacar minha fé, mas daquela vez foi o contrário. Atacaram o meu Senhor para me atingir. Quando eu li aquilo, pensei: “Olha o que eu estou causando ao meu Senhor. De ódio a mim eles atacam o meu Senhor!” Porque eu sei que eu nasci para honra e glória do Senhor e, naquela hora, eu me perguntei: “Vale a pena estar sendo usada para zombarem do meu Senhor?” E, naquele exato instante em que eu queria desistir, o próprio Senhor falou comigo: “Não desista”.

Então, a perseguição a mim é muito por eu ser cristã. Mas eu estou firme, mostrando para o Brasil que eu não me curvo.

Além de perseguições, a senhora citou que também sofre ameaças. Pode falar sobre isso?
Eu também sofro perseguições por causa da minha luta. O crime organizado me odeia e me faz muitas ameaças, ameaças de morte. Os pedófilos todos do Brasil me odeiam. E eu quero que o Brasil entenda que parte da perseguição a mim é orquestrada pelo crime organizado. Tem muito dinheiro envolvido, porque eu mexo com grandes interesses. Tem muitos corruptos que me odeiam. Eu tenho muitos inimigos. Eu tenho os ideólogos, que acham que eu sou maluca; eu tenho a esquerda, que acha que eu sou maluca; eu tenho o crime organizado, eu tenho os pedófilos. Não é fácil.

De onde vem a força para enfrentar essas situações?
Deus. Ele é supremo. Ele é fonte inesgotável de força. É Ele, por Ele e para Ele. Não tem outro lugar para buscar força. É na cruz. Eu vou à cruz todos os dias. É lá que eu busco força, e Ele é suficientemente poderoso para me manter em pé.

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