25.5 C
Vitória
quinta-feira, 2 maio 2024

Os riscos de não impor limites às crianças

Crianças sem limites podem enfrentar dificuldades em todas as fases da vida. Distúrbios de conduta, baixa autoestima, intolerância à frustrada, dificuldades de relacionamento. Foto: Freepik

Não impor limites às crianças é inviabilizar um crescimento saudável para elas.

Por Cristiano Stefenoni

Criança é tudo de bom. Até ela fazer a primeira pirraça em público. Nessas horas os pais enfrentam um dilema que os acompanhará por um bom tempo: como impor limites aos filhos? Isso porque a correção – que é biblicamente necessária (Pv 13:24; Ef 6:4) – esbarra nos métodos de educação que cada pai e mãe aplica, segundo o que lhes convém. O problema é que a negligência no presente trará muitos transtornos no futuro.

“Não impor limites às crianças é inviabilizar um crescimento saudável para a mesma. Entender os limites é o que vai possibilitar que ela seja um adolescente e um adulto que lidam bem com regras, figuras de autoridade e frustração. No mercado de trabalho, será aquele profissional adaptável e resiliente, com espaço e oportunidades para crescer e prosperar em sua carreira”, afirma a psicóloga, Alzira Luciana Ferraz de Souza, que também é psicopedagoga, especialista em Inclusão e mestranda em Educação.

De acordo com a psicóloga, existem inúmeros benefícios em se colocar limites nos filhos, pois dão segurança, não apenas no presente, mas para o futuro deles. “Os limites: auxiliam na formação do caráter; tornam seres humanos mais empáticos, solidários e menos egoístas, pois sabem olhar ao seu redor e não apenas para suas vontades e necessidades; desenvolve a autorregulação e promove sentimento de satisfação, realização e equilíbrio emocional”, explica especialista.

- Continua após a publicidade -

Mas quais seriam esses limites? Segundo a psicóloga, é tudo o que envolve respeitar os pais, as pessoas, honestidade, responsabilidade com os estudos e atividades estabelecidas, horário para as atividades e especialmente para dormir, uso das redes sociais, entre outras ações. Contudo, ela alerta para que os pais ajam sempre com carinho e respeito.

“Ao corrigir e orientar o filho deve-se fazer isso com gentileza e cortesia. As crianças aprendem pelo exemplo. Um pai/mãe equilibrado e coerente poderá influenciar muito mais a vida do filho do que aquele que impõe limites usando a palavras inadequadas. Jamais os pais devem usar palavras com ira ou severidade. Além de ser um abuso emocional, que pode afetar a criança para sempre, não surtirá efeitos positivos”, orienta a profissional.

Ela explica que na hora de impor limites os pais devem usar palavras assertivas, prometer e cumprir, estabelecer poucas regras que sejam possíveis de cumprir. “Seja um pai/mãe com autoridade e não autoritário. Lembre-se que as crianças estão em formação, por isso tenha paciência ao educar. Repita as orientações, perdoe as faltas, não use palavras inadequadas e saiba que as crianças conduzidas com amor e gentileza serão adultos melhores”, justifica.

Crianças mimadas precisam de cuidado redobrado

A psicóloga Alzira Luciana explica que quando a criança chega ao ponto de estar “mimada”, fazendo birras e pirraças, é preciso ter cuidado redobrado na forma de educar. “Uma criança mimada tem dificuldades em obedecer aos limites. Não sabe lidar com frustrações. Tudo precisa ser só seu jeito e no seu tempo. Com certeza é possível reverter, mas os pais precisam ser perseverantes e decididos”, afirma.

Algumas atitudes que a psicóloga sugere são: não atender a nenhum pedido que a criança grite pedindo, não tolerar a falta de respeito, cumprir os combinados e ser firme com as regras estabelecidas, não permitir palavras ásperas e ríspidas, ser exemplo como pais, ser firme, porém delicado, estabeleça rotinas e regras e disciplina com reforço positivo.

Cuidado para a criança não tomar antipatia do culto

Quando a pirraça acontece dentro da igreja, todos ficam olhando, esperando uma atitude dos pais. Há os que agem imediatamente e os que fingem que nem conhecem os filhos. Para colocar limites neles sem que tomem antipatia de ir ao culto, a psicóloga dá algumas sugestões:

“Não use termos como se Deus fosse castigá-la, tipo ‘se você não fizer isso, Deus vai ficar triste com você’. As crianças não podem ter uma ideia de um Deus tirano e mau. Use recursos para entretê-las que estejam de acordo com o culto como bíblias ilustradas, desenhos bíblicos para pintar, livros de histórias bíblicas. Jamais deixe a criança usar o celular no horário do culto. Mantenha a criança ao seu lado e converse com ela sempre que precisar relembrando os combinados”, orienta.

E completa: “Desperte o gosto pelas coisas de Deus e apresente o amor de Jesus pela criança e a importância da reverência e do respeito. Elogie um bom comportamento e mantenha a criança ao seu lado. Ensine em casa e faça o culto familiar para que ela possa se familiarizar com os cultos na igreja”, orienta.

Valores são inegociáveis

A psicóloga especialista em neuroaprendizagem, Martha Zouain, lembra aos pais que princípios são inegociáveis. “Quais seriam esses limites? É um processo de construção e os pais devem se preparar para saber quais são de acordo com a idade da criança. Mas, aspectos como segurança, agressividade, desrespeito, não assumir responsabilidades pelo que faz e mentira, são inegociáveis em qualquer idade”, justifica.

Segundo Martha, a criança está em processo de aprendizagem sobre o que é certo ou errado, e exatamente por isso, ela não pode ditar as regras. “Nesse sentido, os pais precisam ser firmes e é muito importante não confundir firmeza com grosseria ou agressividade. Ser claro e objetivo ao falar com a criança, sem ameaçá-la ou deixá-la com medo fará com ela compreenda melhor o que se deseja”, explica.

A psicóloga lembra ainda que a criança não entende a ambiguidade, ou seja, pais que não conversam, que não se apoiam no discurso com a criança, acabam potencializando problemas comportamentais na mesma, que poderiam ser evitados. “Estabelecer limites claros, manter as expectativas realistas, incentivar a independência e ensinar a criança sobre empatia e gratidão são passos importantes para reverter esse comportamento”, finaliza.

Como colocar limites nas crianças:

  1. Combinar antes e cumprir, mesmo que a criança tente mudar depois. Lembrá-la do combinado.
  2. Incentivar atividades que acalmem a criança, como: pintura, contar histórias, colar adesivos, quebra-cabeças, dentre outros.
  3. Seja admirável: A criança vai repetir a atitude das pessoas que convivem com ela. Respeito, vocabulário adequado, educação, consideração pelos outros, seguimento de normas. A criança estará sempre atenta ao que as pessoas que ela ama faz.
  4. Elogie o comportamento positivo.
  5. Envolva a criança com pequenas tarefas do dia a dia. Respeitando a idade, dê desafios que ela seja capaz de cumprir e internalize a participação e responsabilidade com as tarefas da casa. Guardar brinquedos, colocar a roupa suja no local adequado, guardar sapatos, tirar o prato da mesa, jogar embalagens no lixo, enfim, o bom senso deverá ser o maior aliado dos pais nesse momento. Vale destacar que cada criança é única e que a jornada do processo de educar é desafiadora, mas, maravilhosa. Pensar que da qualidade da sua dedicação e do entendimento das necessidades da sua criança.

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

- Publicidade -

Matérias relacionadas

Publicidade

Comunhão Digital

Publicidade

Fique por dentro

RÁDIO COMUNHÃO

VIDA E FAMÍLIA

- Publicidade -