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quarta-feira, 1 maio 2024

Jesus, muito mais do que Natal!

Se Jesus é mais do que o Natal, o quanto de Jesus e dos ideais do evangelho podem ser vistos em sua vida cotidiana? O quanto desse Natal pode ser visto em sua vida por aqueles com quem você convive?

Lourenço Stelio Rega

O Natal é um período de festas, de presentes, de expectativas, novos planos ao se aproximar o novo ano e já são bem conhecidas as teorias sobre a origem sobre o Natal como sendo em 25 de dezembro de cada ano, ainda que seja possível estabelecer a data provável para o nascimento de Jesus no mês de setembro, considerando os aspectos astrofísicos da ocasião. Mas não importa aqui para nosso artigo cujo foco é demonstrar que Jesus é muito, mas muito mais do que uma festa de Natal.

Torna-se necessário que consideraremos o nascimento de Jesus uma festa muito maior do que só o nosso Natal. Se começarmos do começo iremos no percurso da Criação quando Deus estabeleceu a finalidade para tudo – existir para a sua glória – e que busco demonstrar didaticamente o significado por meio dos dois grandes mandamentos que nos trazem três níveis de relacionamentos. Assim, viver para a glória de Deus representa viver em harmonia e comunhão com Deus, comigo mesmo, com o próximo e se compreendermos que Deus nos colocou na espaço da Criação, então também viver em harmonia e comunhão com a natureza criada. Essa é a essência do “Plano da Criação”.

Mas, Adão e Eva, representando toda raça humana, decidiram seguir seu próprio caminho se rebelando contra Deus e a ordem da Criação, tomando do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, declarando independência entre eles e o Criador. Entre os resultados desse ato, começaram a surgir desajustes sociais, relacionais, físico-biológicos, afastamento completo de Deus. Na queda tudo se inverteu, até a natureza passou a sofrer com dilemas ambientais e ecológicos (Gn 3.18), além do surgimento de doenças ocupacionais (Gn 3.19).

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Deus teria todo direito e razão para destruir tudo e recriar tudo, mas Ele decidiu exercer o amor e a misericórdia para com a criação toda com o que chamamos nos estudos teológicos como “protoevangelho” ou o primeiro evangelho, em que Deus prometeu que seu Filho Jesus viria concretizar a promessa de Deus na criação após a queda por meio do descendente de Eva (Gn 3.15; veja também, Lc 3 em que a genealogia de Jesus o coloca como descendente de Adão).

Assim, Deus se encarnou, Jesus nasceu, mas nasceu com a finalidade de colocar em ordem todas as coisas e não apenas oferecer a salvação da alma ou nos preparar apenas para a Nova Jerusalém. A obra de Jesus é muito mais profunda que isso. Aliás lembrando que, em geral, se tem colocado a cruz sozinha como o centro da história humana. Mas, é muito mais que isso, pois poderíamos pensar que o centro da história humana baseado na história real de Jesus envolve a encarnação / cruz / ressurreição / ascensão / sua volta. Essa é a história completa. A encarnação é o cumprimento da promessa do protoevangelho, a cruz é maldição, ignomínia, mas nos traz a justificação, a ressurreição é a vitória sem o que o Evangelho se torna vão, inútil (1 Co 15.13ss). A ascensão é o polo da esperança, e a volta de Jesus é a reconstrução de tudo.

Necessitamos compreender a profundidade de nossa salvação, pois Deus, por meio de Seu Filho, veio restaurar a criação não apenas o ser humano como indivíduo, embora isso também seja uma verdade bíblica. Jesus é antes de todas as coisas.
Sobre isso, o Apóstolo Paulo nos ensina que “nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.” (Cl 1.17-20)

E ainda “porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora”. (Rm 8.18-22)

E ainda mais, “… de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra …” (Ef 1.10)
Por isso mesmo, quando Jesus voltar, teremos a recriação de tudo e não apenas a salvação de nossas almas individuais.

Diante destes fatos bíblicos não há como sustentar uma espécie de espiritualização da salvação, da vida salva, do individualismo que adquirimos pela influência do Iluminismo. A salvação individual é bíblica, ação individualista que desconsidera nosso papel no reino de Deus no cumprimento da “missĭo Dei” não. A salvação que já temos hoje é mais do que a salvação da alma e espiritual, alcança toda vida pois aceitar a Jesus é muito mais do que aceitar uma ideia, um conceito, é muito mais do que esperar Jesus voltar novamente, é muito mais do que apenas dedicar um dia da semana para viver a religiosidade eclesiástica.

Ser salvo implica, como aprendemos também com Lausanne I (1974), obter o Evangelho todo, para toda pessoa e a pessoa toda, é transformação radical de vida. É assumir os valores e princípios do Evangelho, é aplicar na vida cotidiana esses ideais, os valores bíblicos e éticos que nos guiarão em nossas decisões e conduta. Aceitar o Jesus do Natal é mudar radicalmente nosso “mindset”.

Somente assim poderemos ser o elo de ligação entre Deus e as pessoas à luz do ensino de Jesus ‘”…quem me vê a mim. vê o pai … (Jo 14.9). O mundo conhecerá o Evangelho pela pregação (kerygma), mas também e muito mais pela nossa vida transformada e transformadora, assim, quem nos ver, vivendo o Evangelho em sua radicalidade, verá o Pai. São como que dois trilhos de uma estrada de ferro ou do metrô, em que quando um trilho para a viagem também para.

Como Michael Goheen nos desafia, como cristãos, como, igrejas nosso papel é ser sociedade/comunidade de contraste demonstrando ao mundo o caminho para sua restauração pelo Evangelho.

“Jesus muito mais do que Natal” pode ser compreendido nas palavras de Billy Graham “Nós somos as Bíblias que o mundo está lendo … nós somos os sermões que o mundo está prestando a atenção.” E John Stott também nos desafia; “Não precisamos perguntar o que está acontecendo com o mundo. Esse diagnóstico já foi feito. Em vez disso, devemos perguntar, onde está o sal e a luz?”

Se Jesus é mais do que o Natal, o quanto de Jesus e dos ideais do evangelho podem ser vistos em sua vida cotidiana. O quanto desse Natal pode ser visto em sua vida por aqueles com quem você convive? 

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