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quinta-feira, 2 maio 2024

Interpretando as circunstâncias da vida à luz da visão de Deus

Por Joarês Mendes de Freitas

Quando você está dirigindo numa estrada qualquer, a distância máxima que consegue visualizar vai até a próxima curva. A partir dali e mais para a frente, você não tem noção do que está acontecendo, até que chegue lá. Diferente disso, se está numa aeronave, a sua visão pode alcançar várias centenas de quilômetros adiante. Essas duas situações mostram a diferença entre uma visão pontilear, localizada (a nossa) e a linear, de longo alcance (a de Deus).

Na leitura de Romanos 8.28, encontramos uma palavra que indica o modo como Deus vê as circunstâncias da nossa vida. Paulo escreve assim: “Sabemos que todas as coisas contribuem JUNTAMENTE para o bem daqueles que amam a Deus…” (Revista e corrigida) ou “Todas as coisas trabalham JUNTAS para o bem…” (NTLH) ou ainda “Deus coopera EM TUDO para o bem…” (Bíblia de Jerusalém). Deus faz com que as diferentes situações que atravessamos, boas ou ruins, agradáveis ou não, no seu conjunto, resultem em algo que será benéfico para nós.

Como seres humanos, somos, por natureza, imediatistas. Avaliamos os acontecimentos de modo isolado e isso afeta as nossas reações. Classificamos aquilo que nos causa incômodo, dor ou sofrimento como negativo; por outro lado, damos boas vindas ao que nos deixa confortáveis. Na perspectiva de Deus, essas diferentes experiências são reunidas em um conjunto que sempre será para o nosso bem.

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A linearidade da visão de Deus está relacionada ao seu conceito de tempo. Enquanto nós o vemos de modo cronológico, contamos horas, dias, meses e anos, Deus considera a ocasião certa, o momento oportuno, o chamado “Kairós divino”. Assim, ocorrências difíceis que, hoje, nos parecem inexplicáveis, podem estar relacionadas a algo que irá acontecer mais tarde e que ainda está oculto para nós. Conhecemos o passado e vivemos o presente, mas o futuro só Deus conhece e muitas das suas decisões levam isso em conta.

O texto de Romanos 8.28 é um chamamento para exercitar a fé. O escritor bíblico começa com a expressão “SABEMOS que…” O termo usado descreve uma convicção absoluta, algo seguro. Que tipo de saber Paulo evoca aqui? O conhecimento que só é possível pela fé. Isso está de acordo com o conceito de fé que nos é apresentado pelo autor aos Hebreus: “A fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (11.1). Pela fé somos capacitados para olhar as circunstâncias com outra perspectiva.

Há, no entanto, uma condição estabelecida para que tenhamos essa certeza, a de que “todas as coisas trabalham JUNTAS para o nosso bem…” Na sequência temos isso: “daqueles que amam a Deus…” Parece claro que a garantia de Romanos 8.28 não tem uma aplicação universal, ou seja, ela se limita àqueles que mantêm um relacionamento de amor com o Pai celestial. A razão é simples, quem desconhece a Deus e os seus propósitos se encarrega, por si mesmo, de atrair o mal sobre suas vidas, pelas decisões e escolhas erradas que acaba fazendo.

Joarês Mendes de Freitas (Pastor emérito da Primeira Igreja Batista em Jardim Camburi, Vitória, ES).

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