Trazer o modernismo para dentro do templo pode ser perigoso, principalmente, porque ele pode vir atrelado a ideologias, como o relativismo, por exemplo.
Por Cristiano Stefenoni
A mudança é inevitável. Dos cultos rudimentares após a reforma protestante no século XVI até as modernas programações nos dias de hoje, muita coisa se passou. Parte dessa inovação sofreu dura resistência da liderança da igreja. Mas com a chegada da nova geração de fiéis, as adaptações na adoração foram sendo feitas. Contudo, uma pergunta permanece: até que ponto a modernidade é benéfica no meio evangélico?
“Ser moderno é uma coisa, mas trazer o modernismo para dentro da igreja pode ser perigoso, principalmente, porque ele pode vir atrelado a ideologias, como o relativismo, por exemplo, e que são contrárias a Bíblia”, alerta o pastor Luciano Estevam Gomes, presidente da Primeira Igreja Batista de Aracruz (Pibara).
Ele ressalta que há uma diferença grande entre utilizar equipamentos modernos nos cultos e permitir que o modernismo passe a ditar as normas da igreja. “Com certeza existe modernismo na igreja. Ele está nas roupas, nas falas feministas e nos comportamentos indecentes. Há pessoas que confundem seus gostos pessoais com a evolução da vida. Entretanto, devemos ter o cuidado de que a modernidade não afete a nossa fé, colidindo com o que a Bíblia nos ensina”, alerta Estevam.
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O pastor lembra da dificuldade quando a guitarra e a bateria começaram a fazer parte dos cultos. “Quem testemunhou aquela época sabe como foi difícil. Para os que achavam que era o ‘mundo satânico do Rock’ entrando na igreja, ou estavam enganados ou a Bíblia foi alterada para facilitar que isso se tornasse tão comum nos dias atuais”, afirma.
A moda da parede preta
Outro ponto polêmico lembrado pelo pastor é em relação a prática de algumas igrejas em pintar as paredes de preto. Na sua opinião, mais importante do que a cor é o propósito para o qual isso é feito e se, na prática, tem dado resultado para melhorar a adoração a Deus e a divulgação do Evangelho.
“As Escrituras não ditam regras de cor de parede, mesmo porque a decoração de um espaço para reuniões, bem como o tipo de móveis utilizados, está relacionada ao tempo e a cultura. No caso de se optar pelo preto foi em decorrência do aumento do foco na pregação e no louvor, além das fotografias, filmagens e transmissões ficarem bem melhores e por não existir nenhuma restrição bíblica. Sempre teremos pessoas que concordam ou não, mas tudo na obra do Senhor não deve ser para agradar pessoas específicas”, justifica.
Mudar faz para da história da igreja
Ele lembra que, na década de 60, seria impossível encontrar igrejas usando cadeiras, mas sim bancos. Contudo, hoje, a maioria não usa bancos, mas cadeiras. O pastor explica que mudar e inovar faz parte da vida e que esse processo não começou agora, mas com a morte de Cristo.
“Até certo momento da história bíblica, pessoas e objetos eram consagrados especificamente para um propósito. Mas depois, por rebeldia do povo, Deus permitiu que o templo e os objetos consagrados fossem levados por pagãos. Era o início de uma profunda mudança que aconteceria a partir da morte de Jesus na cruz, rasgando o véu do templo, ampliando e tornando direta a adoração a Deus, por meio de Cristo”, explica.
Por outro lado, Estevam diz que isso não pode ser utilizado como desculpa para permitir tudo na igreja e que as mudanças devem ser feitas com base na orientação do Espírito Santo, de modo que elas sejam apenas para honrar a Deus.
“Agora, a morada de Deus é o próprio corpo dos servos e servas do Senhor, e a presença dEle é a garantia da nossa salvação. Qualquer mudança é prejudicial se não for motivada pelas Escrituras Sagradas”, finaliza.