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quinta-feira, 2 maio 2024

Falando de sexo

A importância de manter uma conversa franca entre o casal e também com os filhos


Falando de sexo

Por Taís Hirschmann

A plenitude do casamento está na entrega, nos laços abençoados por Deus. Quando um homem e uma mulher se unem em matrimônio, tornam-se uma só carne.

Estão vinculados física e espiritualmente. Deixam de ser duas pessoas independentes para constituir uma família. Mas, mesmo cientes de toda essa importância, falar sobre sexo ainda é um grande tabu entre os casais.

E a falta de cumplicidade e, sobretudo, do prazer com o ato íntimo está entre as principais causas de destruição do relacionamento conjugal.

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A Bíblia nada traz contra o sexo no casamento, ao contrário, incentiva os pares a se amar e a curtir o corpo um do outro. Em Cantares de Salomão, o Senhor descreve livremente como parceiro e parceira podem e devem se “divertir” com a prática. Sexo é vida e gera vida, como diz Eclesiastes 9:9: “Desfrute a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã”.

“O sexo com prazer é um dom que Deus dá às pessoas casadas, e não como se falava na era agostiniana, ‘um mal necessário, somente para a procriação’”, destaca a psicóloga e sexóloga cristã Marisa Lobo. Ela acrescenta: “Digo isso principalmente para a mulher cristã, que deve relaxar tendo em mente que o Criador quer sua felicidade e pensou muito em seu prazer, por isso temos um clitóris e a curiosidade. Podemos atingir orgasmos múltiplos, quantas vezes quisermos, o que para o homem é mais difícil”.

O tema entre o casal (homem e mulher) deve ser abordado naturalmente, sem maiores melindres. “Não podemos mais tratar a sexualidade como algo pecaminoso, porque não é. Pelo contrário, é uma bênção para o casal. É pela relação sexual que nascem os bebês, ou seja, é bênção de Deus. Temos de deixar de sermos hipócritas e falar abertamente sobre sexo e sexualidade”, defende Marisa.

Falando de sexo
Fonte: entrevistados

Conforme a sexóloga, é preciso tirar o peso do pecado da prática sexual no casamento. “Se esse casal se respeita e não obriga o cônjuge a fazer nada que não queira, se é tudo dentro da busca mútua de prazer envolvendo apenas os dois, dentro de uma intimidade, lealdade, confiança e cuidado com o outro, com o prazer do outro, isso é maravilhoso. Pecado será não sentir prazer sexual na relação por não se achar merecedor ou merecedora. Deus fez o sexo para o prazer do casal sem culpa”, enfatiza.

Apesar disso, no ambiente da igreja, o assunto ainda é tabu mesmo entre os casais e entre pais e filhos. “As famílias têm muita dificuldade de conversar sobre três assuntos: dinheiro, morte e sexo. Mas sexo deve ser tratado como se aborda qualquer outro tema ligado à família, de maneira natural, sem neologismo e sem a visão de que é algo sujo ou pecaminoso”, afirma Pr. Gilson Bifano, líder do Oikos, Ministério Cristão de Apoio à Família.

A mensagem principal da Bíblia é o amor de Deus ao homem e não traz nenhum constrangimento em relação à sexualidade. Um dos livros, o de Cantares de Salomão, é um tratado do amor sexual no contexto conjugal. As Escrituturas, por exemplo, citam seios (Pv 5:19), carícias sexuais (Ct 2:6), pênis e ejaculação (Ez 23:20), coito (Hb 13:4), entre outros versículos.

Falando de sexo
“Marido e esposa devem falar sobre o que gostam e o que não gostam de fazer durante a relação sexual. Um deve cuidar e suprir as necessidades do outro com carinho” – Jaime Kemp, pastor e fundador da Associação Lar Cristão

É saudável viver a sexualidade, que é algo diferente de relação sexual. Sexualidade no casamento é andar de mãos dadas, abraçar, beijar e outras expressões sensuais (ligadas aos cinco sentidos). Quando um casal desfruta bem a sexualidade, a relação sexual se torna mais prazerosa. É viver o sexo e toda a sua beleza, seja na juventude, seja na meia-idade, seja na terceira idade. Quando esse cuidado é tomado ainda na juventude, companheiro e companheira têm tudo para manter vivos sexo e sexualidade na fase idosa.

Cláudio Duarte, palestrante sobre família e pastor de família da Igreja Monte Horebe em Campo Grande, Rio de Janeiro, afirma que existem três máximas na vida do ser humano: onde vai passar a eternidade? O que vai fazer da vida na terra? Com quem vai viver a vida na terra? “Casamento é para a vida toda, então é importante escolher bem”, enfatiza.

Relacionamento conjugal, assim como o familiar, é desafiador, mas vale a pena. Em Gênesis 2:18, isso está claro. “Casamento é um projeto para dar certo, não foi criado para fracassar. O casamento é feito para homem e mulher serem parceiros, cúmplices”, observa Duarte.

Mas para estabelecer um vínculo estreito, é necessário ficar atento a quatro inimigos: incompatibilidade de gênios, dinheiro, sexo e família (agregados). “Para ter um casamento de sucesso, é preciso entender que homem e mulher são diferentes e respeitar essas diferenças. E para ter intimidade com o cônjuge, é importante primeiro ter intimidade com Deus”, adverte.

Em uma de suas pregações, Pr. Jaime Kemp, fundador da Associação Lar Cristão, comenta que no ato íntimo marido e mulher tornam-se um, mas vale lembrar que essa prática começa pela manhã, ao sair para o trabalho, quando o esposo se despede da parceira com um beijo. “Se não desenvolvermos nosso relacionamento no lar, não podemos esperar que, apertando um botão em nossa esposa, ela se torne sensual. Precisamos lembrar que o ambiente emocional é extremamente importante”, frisa.

Falando de sexo
Fonte: psicóloga e sexóloga Marisa Lobo e pastor Gilson Bifano

O amor ágape (de Deus) e amor eros (sexual) devem estar juntos durante a relação a dois, um permeia o outro, para que o casal estabeleça uma comunicação. “Marido e esposa devem falar sobre o que gostam e o que não gostam de fazer durante o relacionamento sexual. Um deve cuidar e suprir as necessidades do outro com carinho”, disse.

Falando de sexo com os filhos

Fale de sexo com seu filho, antes que o mundo “fale”.  Mas aí você pode estar se perguntando: como vencer esses tabus e quando trazer o assunto à tona? Qual a idade certa para esse debate no contexto cristão? Segundo Gilson Bifano, não há uma fase ideal. Desde quando um bebê nasce, já se pode incluir o tema. A mãe pode dizer, por exemplo, ao menino: “Agora vamos lavar o pênis direitinho.

Tem que lavar não só por fora, mas também por dentro. Essa pelezinha aqui se chama prepúcio”.  E aí, conforme a idade, vai introduzindo questões mais complexas, sempre quando for solicitado ou até de forma intencional, como por meio de bons livros.

Falando de sexo
“Não podemos mais tratar a sexualidade como algo pecaminoso, porque não é, pelo contrário, é uma bênção para o casal” Marisa Lobo, psicóloga e sexóloga cristã

“Cabe à família dar educação sexual para seus filhos, falando abertamente, porém com respeito. O sexo não deve ser visto como algo danoso, pecaminoso aos olhos dos jovens, pois pode trazer traumas futuros e atrapalhar consideravelmente o casamento. Temos que respeitar a idade das crianças, falar apenas quando as dúvidas e questionamentos aparecerem, esclarecendo com respeito, valorização do seu corpo e do outro”, pondera Marisa Lobo.

É importante que os pais adaptem esse papo aberto ao gênero e à idade dos filhos, valorizando as diferenças e dando a elas a relevância devida, com linguagem adequada e sem imposição de medos e tabus. “A sexualidade começa se desenvolver desde o nascimento. Ela envolve toda a vidinha do bebê e as pessoas à volta. Sexualidade não é apenas sexo. Sexo é o ato, existe todo um simbolismo anterior envolvendo cada ser humano e suas relações afetivas”, explica a psicóloga.

Para falar então sobre sexo propriamente dito, o passo inicial é ensinar “como nascem os bebês”, com conversas leves e verdadeiras. Não se deve falar mais do que a criança consegue compreender. É indicado responder apenas às perguntas,
não ir além, respeitar o tempo e a personalidade do filho ou da filha. “Temos que cuidar para não erotizarmos as crianças e pular fases do desenvolvimento infantil. Tudo a seu tempo e com leveza”, alerta Marisa.

Falando de sexo
“Para ter um casamento de sucesso, é preciso entender que homem e mulher são diferentes e respeitar essas diferenças. E para ter intimidade com o cônjuge, é importante primeiro ter intimidade com Deus” – Claudio Duarte

De acordo com a psicóloga, com os adolescentes, o diálogo deve ser bem aberto, eliminando dúvidas e tabus. Nessa faixa etária, eles já sabem muito sobre o assunto, então, o que os pais devem fazer é mostrar a grandeza do sexo, porém alertando sobre a problemática física, psíquica e espiritual do sexo antes do casamento. “Cabe aos pais acompanhar de perto e desfazer possíveis dúvidas e ensinamentos contrários às tradições e à religião da família. Mas tudo com muito respeito e diálogo. Nossos jovens precisam de esclarecimentos para não cair em armadilhas”, reforça.


Dicas de leitura

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Central Gospel

 

 

 

 

 

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