O cristão, ao “aposentar-se”, esquece as profecias…
Por Clovis Rosa Nery
Muitos cristãos estão morrendo porque, como afirma Tim LaHaye, estão se aposentando espiritualmente, mesmo sem ter o “direito”. O cristão, ao “aposentar-se”, esquece as profecias e, sem elas, ele se corrompe (Provérbios 29: 18). Em se corrompendo, ele morre.
Lamentavelmente, tenho encontrado cristãos na fila da “aposentadoria”. Eles apresentam alguns sintomas. Carregam a Bíblia, mas desconhecem seus ensinamentos; advogam a iminência da volta de Cristo, mas seu comportamento é temerário; dizem prezar a solidariedade cristã, mas são mesquinhos no compartilhar; fazem belos discursos sobre amor, mas não praticam o que pregam.
O que mais eu poderia dizer? Certa ocasião, após concluir o exame de um processo, constatei ser um caso de estelionato. Decidi ouvir o protagonista do fato. O homem discorreu com naturalidade sobre seus atos ímprobos. Finalizando, com intuito de angariar empatia compassiva que pudesse atenuar a penalidade cabível, afirmou que era membro de uma igreja cristã.
Há algum tempo, um “irmão” na fé apresentou-me um cheque de sua emissão, pré-datado, solicitando-me para trocá-lo. Não foi possível. Contudo, recorri a um colega de trabalho e consegui resolver o seu problema. Na data combinada, ao ser apresentado ao banco, o cheque foi devolvido por insuficiência de fundos. Fui conversar com o gerente, quando recebi a seguinte resposta: “Esse cliente é gente muito ruim”.
Tais fatos lembram-me esta história de um rapaz que estava desempregado:
“Ele bateu em muitas portas, e só conseguiu emprego para imitar macaco no circo. Havia uma espécie de jaula para cada bicho, em sistema de patamares. No patamar de baixo da sua ‘jaula’ encontrava-se um leão feroz. Depois de vários gracejos divertindo o público, devido uma falha no piso, ele caiu onde estava o leão. De frente à fera, abriu a boca para pedir socorro, tendo ouvido do leão: ‘Cala a boca se não nós dois perderemos o emprego’. Eles estavam fingindo”.
Uma vida dissimulada, rebelde e maculada que acalenta o desejo de aposentar-se espiritualmente não é de ovelha; é de bode. Tem a morte na espreita. Mas isso não é novidade. Aliás, o próprio traidor de Jesus se fazia passar por discípulo. Os seus acusadores eram religiosos. O Sinédrio era a aristocracia sacerdotal sob a presidência do Sumo Sacerdote. Mesmo assim, para justificar o assassinato que pretendiam realizar, objetivando seus interesses mesquinhos, adotando táticas infernais, burlaram a legislação e forjaram um “julgamento”.
A nossa fé, entretanto, não está alicerçada em homens, nem é influenciada por seus comportamentos vacilantes e egoísticos. Ela está firmada na Rocha, Jesus Cristo, o soberano Rei do universo, Senhor dos senhores, Cordeiro imaculado de Deus. Quanto aos escândalos, ai daqueles pelos quais eles vierem, pois somente o servo fiel entrará para o “gozo do seu Senhor” (Mateus 25:23).
No dia em que todos nós comparecermos diante do grande Trono Branco, muitos dirão: “Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? E em Teu nome não expulsamos demônios?” A resposta que ouvirão será: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mateus 7:22 e 23).
Que Deus nos fortaleça para não cedermos à tentação da “aposentadoria” espiritual. Que continuemos sempre vivos e ativos na Sua obra, a fim de que, no tempo oportuno, apresentemo-nos como servos fieis perante o Todo-Poderoso.
Clovis Rosa Nery é psicólogo e Administrador de Empresas com formação em Gestalt-terapia, RH e Auditoria. Autor de vários livros.