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quinta-feira, 2 maio 2024

O que você precisa saber sobre a ansiedade

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Os profissionais da saúde têm chamado o século XXI de “a era da ansiedade”. E o Brasil é o país mais ansioso do mundo / Foto: Freepik

Devido a múltiplos fatores, cada vez mais as pessoas têm ficado ansiosas, manifestando a doença das mais diversas maneiras

O Brasil é o país mais ansioso do mundo. São 18,6 milhões de ansiosos, ou seja, 9,3% da população, conforme informação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar da prevalência, a ansiedade continua sendo um fenômeno nebuloso, em certos aspectos. O diagnóstico não é fácil. Isso porque a doença se manifesta de maneiras diferentes. Por isso, tratá-la pode não ser tão simples. Por muito tempo, o tema foi tabu até na ciência. Somente a partir dos anos 1990 os estudos começaram a explorar de fato a ansiedade.

“A ansiedade pode ser definida como o estado de apreensão ou impaciência provocada pela antecipação ou possibilidade de uma situação”. A explicação é do pastor e psicólogo Marcelo Aguiar, que, de maneira pessoal, tem como definição “a tentativa de viver o amanhã no presente”.

A era da ansiedade

Os profissionais da saúde têm chamado o século XXI de “a era da ansiedade”. “Como a vida anda cada vez mais complexa, as pessoas têm estado ainda mais ansiosas”, pontua Aguiar, que emenda: “O indivíduo pode ficar ansioso pela dificuldade de esperar que algo bom aconteça. No entanto, a ansiedade quase sempre é associada à dificuldade em lidar com a possibilidade de que alguma coisa ruim ocorra”. Dessa forma, o psicólogo observa que o medo sempre está associado a uma causa específica, mas a “ansiedade pode ter causas mais vagas, mais gerais”.

Aguiar explica que o hormônio ligado à ansiedade é a adrenalina, que é a responsável pela reação de luta ou fuga. “Os sintomas costumam estar associados à ação constante ou intensa da adrenalina”. Então, os sintomas da ansiedade são os efeitos da ação da adrenalina, que podem incluir “boca seca, taquicardia, respiração acelerada, reviravoltas no estômago, formigamento nos braços e pernas, suor frio”.

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Aguiar explica que o diagnóstico, normalmente, é estabelecido por um psicólogo ou psiquiatra a partir das queixas do paciente. “O tratamento inclui remédios, que são os ansiolíticos, e psicoterapia”. É importante frisar que o uso abusivo de tranquilizantes, além de ser capaz de provocar dependência, entre outros transtornos, não trata a causa do problema, por isso o acompanhamento de especialistas é fundamental. Em casos mais graves, segundo Marcelo Aguiar, a ansiedade pode desencadear transtornos psicológicos, como o obsessivo-compulsivo (TOC), a síndrome do pânico, o transtorno de estrese pós-traumático e transtorno de ansiedade generalizada.

Percepção de ameaça

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O psiquiatra Vicente Ramatis afirma que cada pessoa vivencia a ansiedade de uma maneira diferente / Foto: Arquivo pessoal

O psiquiatra Vicente Ramatis salienta que no quadro de ansiedade o cérebro reage com uma descarga de adrenalina, e o corpo começa a produzir sintomas físicos. “Quem nunca passou por uma crise de ansiedade antes pode até achar que está sofrendo um infarto, tamanha a intensidade desses sinais. Rapidamente, a sensação de mal-estar e angústia toma conta dos pensamentos”, ressalva o especialista, que há 36 anos atua na área.

O psiquiatra diz ainda que cada pessoa vivencia a ansiedade de uma maneira diferente. Uns, sentem mais os efeitos emocionais, outros, mais os efeitos físicos. De um modo geral, de acordo com Vicente, a ansiedade é uma reação biológica e fisiológica à percepção de ameaças que as pessoas percebem à sua segurança.

No entanto, quando a situação passa e o “estressor” é removido, os efeitos devem diminuir. “O transtorno de ansiedade é quando esses sentimentos não diminuem, permanecendo sem nenhuma razão ou causa identificável, tornando a pessoa mais insegura quanto à sua capacidade de desempenho”, enfatiza Ramatis, que orienta: “É importante o ansioso aprender a distinguir quais tipos de sintomas são mais frequentes. Esse conhecimento se torna essencial durante o tratamento da ansiedade patológica”.

Ambiente e genética

O psiquiatra Vicente Ramatis destaca ainda que alguns gatilhos da ansiedade podem surgir de um fator ambiental como, por exemplo, um ambiente estressante ou tóxico de trabalho. No entanto, ele pondera também que podem ser fruto de hábitos de vida não saudáveis, como uma alimentação inadequada.

“A disfunção intestinal pode gerar quadros de ansiedade. Mais de 90% da serotonina, um importante neurotransmissor, são produzidos na área intestinal. Por isso, pessoas que não têm bons hábitos alimentares com toda a certeza terão maior predisposição a quadros de ansiedade, depressão, irritabilidade e daí por diante”, detalha o médico, que é autor do e-book “Armadilha Social”.

Em contrapartida, as características genéticas, de acordo com Ramatis, também podem estar por trás do problema. “Nós não herdamos só as características físicas. Herdamos também as características psíquicas. Elas estão muito presentes na vida da pessoa”.

Conheça seis impactos da ansiedade no corpo

1 – Produção de cortisol
No período de ansiedade, certos hormônios são liberados e desencadeiam mudanças psicológicas, emocionais e fisiológicas. A adrenalina e o cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, são exemplos. A produção contínua de ambos é prejudicial para a saúde física e mental, desencadeando efeitos negativos como ganho de peso, dificuldade para dormir, alergias de pele e problemas gastrointestinais, entre outros.

2 – Problemas cardíacos
A ansiedade também faz o coração bater mais rápido, resultando em palpitações e dores no peito. Se ela é constante, o risco de desenvolver hipertensão e patologias cardíacas é maior. Já em indivíduos com problemas cardíacos diagnosticados, a ansiedade pode causar obstrução de vasos responsáveis pelo transporte do sangue ao coração.

3 – Desconforto intestinal
A ansiedade afeta ainda o funcionamento regular do sistema digestório e excretor. Deste modo, dores de estômago, náusea, diarreia, constipação, azia e outros desconfortos podem se tornar corriqueiros. Em longo prazo, a ansiedade pode incentivar o surgimento da gastrite nervosa, que não causa inflamação no estômago como na gastrite clássica, mas os sintomas são igualmente desagradáveis.

4 – Dor de cabeça
Há várias razões para as dores de cabeça provocadas pela ansiedade. Uma delas está relacionada às alterações no nível de serotonina no cérebro. A ansiedade também pode estimular o bruxismo de vigília, caracterizado pelo apertamento ou ranger dos dentes durante o sono e/ou dia, causando uma série de desconfortos, como dores de cabeça ao acordar ou ao longo do dia.

5 – Alterações respiratórias
Outro efeito da ansiedade muito comum é a dificuldade de respiração, com sensação de sufocamento ou hiperventilação. É frequente também sentir formigamento, tontura e/ou aperto no peito enquanto a respiração se torna curta e rápida.

6 – Tontura
O súbito aumento da pressão sanguínea é responsável pela sensação de tontura, que pode aparecer tanto em momentos de ansiedade quanto durante crises. Quando o ansioso sofre demasiadamente de tontura, pode desenvolver a chamada labirintite emocional.

Mundo “catastrofizado”

A médica Kaori Onari, especialista em medicina geral, considera que o aumento do número de casos de ansiedade pode ser relativo, já que muitas pessoas se autodiagnosticam. Por outro lado, segundo ela, as pessoas têm hoje mais acesso à informação, gastando muito tempo principalmente nas redes sociais, o que também é um gatilho. “O boom de informações consumidas diariamente propicia a ansiedade. Levando-se em consideração que o mundo está cada vez mais catastrofizado, as pessoas tendem a focar as situações pelo lado negativo”, assevera Kaori, que faz parte da equipe do Instituto Onari de Psicanálise, em São Paulo.

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A médica Kaori Onari assegura que o ansioso pode desenvolver baixa energia / Foto: Arquivo pessoal

O desafio, então, é viver o presente e conseguir lidar com as situações do hoje, traçando pequenas metas para alcançar o objetivo. Caso contrário, Kaori assegura que o ansioso pode desenvolver também sintomas de tristeza e baixa energia. Dessa forma, ansiedade e depressão caminham juntas. “A pandemia, por exemplo, proporcionou isso à medida que foi preciso conviver mais com o outro e consigo mesmo. Assim, o número de conflitos se avolumou. Os relacionamentos foram atingidos”.

Por fim, Kaori destaca que a fé em Jesus faz diferença no processo de cura. No entanto, precisa ser racional, porque “Jesus capacita os profissionais de saúde” e também utiliza os medicamentos. “A ansiedade é uma doença emocional e física, é preciso entendê-la dentro dessa perspectiva. No entanto, orar e crer que o Senhor está agindo também são diferenciais para o tratamento”.

A matéria acima é um conteúdo da edição Comunhão n°308/2023. Clique aqui para ler a revista completa.

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