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quinta-feira, 2 maio 2024

A influência do secularismo nas expectativas da volta de Cristo

A influência secular sobre o sagrado, denunciada muitas vozes no meio cristão, revela como uma de suas manifestações o “esquecimento” da promessa da volta de Jesus

Por Joarês Mendes de Freitas

A cena descrita no primeiro capítulo do livro de Atos dos apóstolos deve ter permanecido viva na mente daqueles seguidores de Jesus até o final da vida. Ressuscitado, o Senhor lhes dá as últimas instruções, começa a ascender aos céus e vai subindo até desaparecer entre as nuvens. Ali os discípulos são tomados pela lembrança dos anos em que partilharam a vida com ele e por um certo sentimento de orfandade. Então, surgem dois seres celestiais que lhes dizem: “Varões galileus, por que vocês estão olhando para cima? Esse mesmo Jesus, que acaba de subir aos céus, voltará da forma como vocês o viram subir” (Atos 1.9-11).

As expectativas desse prometido acontecimento se mantiveram muito fortes na vida da igreja durante várias décadas e lhes serviram de encorajamento nos tempos de perseguição. Em Atos, como também nos escritos de Paulo e de Pedro, a parusia é vista como algo iminente. Os discípulos criam que aconteceria a qualquer momento.

Mais de três séculos se passaram, a igreja, que era uma comunidade de irmãos se reunindo nas casas, virou uma instituição, uma organização e, com o tempo, passou a interagir com os valores da sociedade. Assim, por vezes, e não poucas, recebendo forte influência dos não cristãos.

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Pela sua natureza, a secularização, uma das características mais visíveis da vida moderna, tem gerado o arrefecimento dessa expectativa pela volta de Cristo. O secularismo é um modo de pensar e um estilo de vida que giram em torno do aqui e agora, do imediato, do que é tangível, racional e lógico. Na vida secularizada não há espaço para o transcendente, para preocupações com a vida no além. Vive-se em função do presente e do material. Paulo já se contrapunha a essa visão secular, ainda no primeiro século, quando escreve para a igreja dos Colossenses: “Busquem as coisas que são de cima, e não as que são da terra” (3.1).

A influência do secular sobre o sagrado, que tem sido denunciada por muitas vozes no meio cristão, revela como uma das suas manifestações mais visíveis esse “esquecimento” da promessa feita reiteradas vezes na Bíblia de que Jesus virá novamente, e agora para estabelecer o seu reino de forma completa e definitiva.

Certo homem andava por uma região onde havia muitas casas de luxo e todas com belos jardins. Uma delas lhe chamou a atenção pelo esmero como as plantas estavam bem cuidadas. Impressionado, se aproximou e, após elogiar o trabalho do servidor, perguntou se o dono do local estava ali, o jardineiro disse: “Não, ele não mora aqui”. O visitante então indagou: “Ele vem sempre aqui?” A resposta foi: “Raramente aparece, a última vez já faz quase um ano”. O curioso observador falou: “Interessante, você mantém o jardim tão bem cuidado como se o dono da casa fosse voltar amanhã”. “Amanhã não, como se ele fosse voltar hoje”, replicou o jardineiro.

Essa história nos exorta a manter a nossa vida em ordem, como se Jesus fosse voltar ainda hoje. Isso pode realmente acontecer.

Joarês Mendes de Freitas é pastor emérito da Primeira Igreja Batista em Jardim Camburi, Vitória, ES e ex-presidente da Convenção Batista do Espírito Santo.

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