O cristão precisa saber identificar em qual fase está para buscar a “dieta” perfeita rumo à eternidade, diz Luciano Subirá
Por Patricia Scott
Há nomenclaturas bíblicas que podem ser usadas para indicar fases de crescimento, maturidade, na vida do cristão, segundo o pastor Luciano Subirá. Para explicitar, ele destaca as palavras do apóstolo Paulo aos coríntios:
“Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo. E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis; porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens?” (1 Coríntios 2.14-16, 3.1-3)
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Subirá frisa que o apóstolo faz referência a homem natural, carnal e espiritual. Atente para a diferença entre cada uma, observada pelo pastor.
Natural
O pastor explica que a palavra grega traduzida como natural é psuchikos, que significa, de acordo com Strong: “de ou que faz parte da respiração; que tem a natureza e características daquilo que respira; o principal da vida animal, o que os seres humanos têm em comum com os animais; governado pela respiração; a natureza sensual com sua dependência dos desejos e das paixões”.
Subirá afirma que alguns acreditam que psíquico, termo usado no original, indica o homem entregue à sua psiquê, à sua mente, à sua razão. No entanto, segundo o pastor, essa mera definição colocaria qualquer um de nós, cristãos ou não, na mesma condição — já que todos nos movemos racionalmente. Contudo, ele diz que diante da afirmação de Cristo a Nicodemos de que não se pode ver o Reino de Deus sem nascer de novo (Jo 3.3), a definição de “homem natural” é como alguém sem Cristo, um não convertido, ainda alheio ao Reino do Senhor — que é espiritual. “Isso mostra que, se o homem não tem a Vida (Jesus) no plano espiritual, ele vive apenas naturalmente, é apenas homem ‘psíquico’”.
Carnal
O carnal, de acordo com Luciano Subirá, é alguém já convertido, porém não desenvolvido espiritualmente. Isso fica evidente, ele pontua, em I Coríntios 3.1, quando Paulo afirma: “Não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, corno a crianças em Cristo”.
O pastor salienta que há uma relação entre as expressões carnais e crianças em Cristo. “Ambas tratam de quem foi regenerado, mas não abandonou a infância espiritual. Consequentemente, ainda se alimenta de leite, quando já deveria viver e digerir bem o alimento sólido”.
Espiritual
Subirá assevera que as verdades profundas da Palavra de Deus não podem ser plenamente entendidas com a razão, com a psiquê. “Esse é o motivo de Paulo afirmar que elas se discernem espiritualmente”. Os espirituais, de acordo com o pastor, são aqueles que já cresceram e se desenvolveram a ponto de terem as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal (Hb 5.14).
Descoberta da fase
Luciano cita Drummond Lacerda, no livro “Fora do Alcance das Crianças — A Plenitude de Deus Está Esperando Você Crescer”, para declarar: “Ao inferir que os carnais são meninos, Paulo está dizendo-nos, de forma implícita, que os espirituais são os maduros”.
Para deixar bem claro, o pastor assevera que “o natural ainda precisa converter-se. Já o carnal já se converteu, mas necessita crescer e desenvolver-se espiritualmente”. E o espiritual “aprendeu a andar não mais segundo a carne, mas sob o domínio e a liderança de seu espírito, cheio do Espírito Santo e da Palavra de Deus”.
Luciano Subirá é enfático em afirmar que não importa a denominação de cada fase. O fato é que elas existem e precisam ser compreendidas pelos cristãos. “Se as Escrituras não optaram por termos únicos, penso que temos a liberdade de alternar entre os sinônimos. Melhor do que encontrar a nomenclatura perfeita é entender cada estágio, e saber localizar em qual estamos — e em qual estão aqueles a quem Deus nos confiou o cuidado —, para, a partir disso, trabalhar com a dieta correta, rumo à maturidade”.