A modernidade trouxe outros desafios, em especial, a facilidade de acesso a vários conteúdos, muitos, impróprios para o cristão.
Por Cristiano Stefenoni
Do tubo preto e branco de 1926 até as atuais telas OLED 8K de ultradefinição, a TV segue imbatível na preferência popular. Ela faz parte da vida de 206 milhões de brasileiros, segundo dados do Kantar IBOPE Media. Porém, a tecnologia trouxe outros desafios, em especial, a facilidade de acesso a vários conteúdos, muitos, impróprios para o cristão. No Dia Mundial da Televisão, celebrado nessa terça-feira (21), cabe a reflexão entre a utilidade e os cuidados que se deve ter em relação a uma das mídias mais poderosas do planeta.
De acordo com o professor acadêmico e doutor em Multimeios, Wagner Cantori, que também é diretor de web e estratégias digitais da Rede Novo Tempo de Comunicação, a grande revolução da televisão atual vai além das telas em alta definição. O alerta agora está focado nos streamings On Demand (sob demanda), os conhecidos canais pagos, onde a pessoa assiste o que quiser, na hora que bem entender.
“A pessoa começa ‘maratonar’ uma série em um sábado à noite e termina no domingo pela manhã. Se esse conteúdo for ruim, sua mente, que é a ‘janela da alma’, terá sido exposta a todo esse conteúdo em uma quantidade de tempo insana. É diferente de quando você está no cinema e, se não aprova o filme, pode sair da sala”, ressalta Cantori.
Por outro lado, os canais pagos trazem a vantagem de a pessoa escolher assistir apenas aquilo que lhe fará bem e na quantidade certa. “O cristão não pode ‘demonizar’ a mídia. A televisão em si não é um problema. Existem conteúdos ruins e bons, assim como qualquer outra mídia. Então, no On Demand, não espero que ninguém decida quando, quanto e o que vou assistir”, ressalta.
O professor lembra ainda que a televisão afeta as pessoas de maneiras diferentes, conforme a idade. No caso dos jovens e adultos, por exemplo, o problema está na teledramaturgia, que pode vir tanto em forma de novela como em séries, em sua maioria, produções internacionais.
“Isso acontece graças a um processo que o ser humano tem que se chama neurônio espelho, uma descoberta da neurociência recente, ou seja, é um mecanismo criado por Deus justamente para que a gente tivesse empatia ao olhar para o outro. No audiovisual, isso faz com que a gente viva a vida do outro, à medida que a gente passa a não ter mais vontade de buscar as nossas realizações. E por conta desse consumo, acaba faltando tempo para o nosso relacionamento com Deus, a leitura da Bíblia e a oração”, alerta Cantori.
Cuidado especial com as crianças
Em relação às crianças, os cuidados devem ser redobrados. O professor cita um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Conselho de Pediatria Nacional e Mundial, onde mostra que, até os dois anos de idade, a criança não deveria consumir nenhum tipo de tela, pois isso atrapalha o desenvolvimento cognitivo, da visão e da fala.
“Para aprender e desenvolver a sua cognição, a criança precisa de afeto. E a televisão é um objeto frio. Até os sete anos de idade ela ainda está desenvolvendo todo o seu caráter. O lobo central, a parte do cérebro que atua na tomada de decisões, estará formado apenas ao final da adolescência. Ou seja, quanto mais nova a criança, menor o seu poder de decisão. Então, deixar um tablete ou um celular na mão de uma criança, que ainda não tem a capacidade de decidir, é altamente arriscado”, justifica Cantori.
Outro mal causado pelas televisões modernas, segundo o professor, é em relação a saúde física. Ele explica que as horas passadas diante das telas têm gerado um aumento na obesidade. “Conforme aumenta o consumo de horas em tela, aumenta também a quantidade de pessoas com obesidade. A pessoa assiste tudo de forma passiva, seu cérebro é alimentado com essas substâncias do prazer, daí ela não pratica mais uma atividade física. A igreja pode orientar as pessoas a terem uma relação saudável e não exagerada com as telas”, finaliza.