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sexta-feira, 3 maio 2024

Perseguição às cristãs: de violência sexual ao controle digital

Foto: Portas Abertas

Elas não têm acesso à educação, são dependentes financeiramente e vulneráveis a sequestros e casamentos forçados 

Por Patricia Scott

Ao decidir seguir a Jesus em um dos 50 países da Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2023, uma mulher ou menina enfrenta dupla perseguição. A informação é da agência missionária Portas Abertas, que afirma ainda ser corriqueira à desigualdade de direitos devido ao gênero, sem contar a falta do acesso à educação e a dependência econômica. No entanto, a situação piora se elas deixam a fé majoritária do país em que vivem para se tornarem cristãs.

Portas Abertas ressalta que o objetivo de empregar pressão e violência sobre as cristãs é para que retornem à antiga fé ou se convertam à religião imposta pela sociedade. “Vale tudo para que essas mulheres e meninas se mantenham no padrão do que a família e comunidade esperam delas, inclusive agressões físicas, verbais e até morte”, pontua a organização missionária.

Nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, Portas Abertas destaca algumas formas de perseguição às meninas e mulheres cristãs pelo mundo

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Violência sexual

O relatório da Portas Abertas referente à perseguição específica de mulheres ressalta que a violência sexual acontece com 85% das cristãs perseguidas nos países da LMP 2023. No entanto, os dados não são exatos. Isto porque muitas não denunciam os crimes por medo, vergonha e desvalorização que possam ser submetidas.

Segundo a organização, em Bangladesh, por exemplo, uma mulher abusada é uma desonra para a família e comunidade. Ela pode até ser processada por cometer um ato “antiético”, mesmo sendo a vítima. “Por isso, é comum que as mulheres violentadas se mantenham em silêncio e isso reforça a ação dos homens, que sabem que ficarão impunes se cometerem o abuso novamente”, expõe Portas Abertas.

No país mais violento contra os cristãos, as mulheres sequestradas, na Nigéria, por grupos extremistas são vítimas de agressão sexual, denuncia Portas Abertas. A agência missionária ressalta ainda que, mesmo quando conseguem fugir, elas precisam lidar com o preconceito da família e da comunidade, já que perderam a “pureza” e costumam ter filhos dos radicais islâmicos.

Dependendo do país, os contextos sociais e jurídicos podem prolongar as consequências da violência sexual. No Iraque, por exemplo, o abuso sexual só é considerado crime se o agressor não se casar com a vítima. “Para restaurar a honra da família, as mulheres, incluindo as cristãs, podem ser forçadas a se casar com o agressor. As crianças nascidas de estupro (ou desse casamento) serão oficialmente registradas como muçulmanas”, explica um colaborador da Portas Abertas.

Controle digital

A perseguição também pode ser digital em países onde as mulheres têm acesso a computadores e internet. Portas Abertas pontua que muitas são vigiadas e monitoradas tanto pelas famílias quanto pelo governo.

“Os agentes do Estado procuram impor a adesão às políticas governamentais. Já o monitoramento familiar tem o objetivo de manter as expectativas familiares, além de reforçar o status por meio da prevenção de associações indesejadas com pessoas de outra fé”.

De acordo com Portas Abertas, caso essas mulheres não se submetam às ordens da família, terão o acesso negado à internet, e celulares e computadores confiscados. Ao desobedecerem ao governo, elas costumam ser interrogadas, agredidas e presas.

Em países de maioria islâmica, como o Catar, as práticas de tutela masculina facilitam e até encorajam o controle digital. Isto porque em culturas onde mulheres e meninas têm pouca privacidade, e os homens têm autoridade máxima em casa, o mundo digital é outra esfera de controle e abuso doméstico.

Sequestro e casamento forçado

Há outras maneiras de enfraquecer a fé das meninas e mulheres cristãs. Um deles é o sequestro, mesmo não sendo aceito pela família. “No entanto, o casamento forçado pode ser compreendido como interesse por parte dos parentes em manter a mulher longe da fé cristã e ainda garantir um benefício econômico”, diz Portas Abertas.

Com o objetivo de estabelecer uma nova geração de combatentes, as meninas e mulheres são sequestradas por grupos radicais islâmicos. Elas também são utilizadas como escudos humanos. Na República Democrática do Congo, mulheres grávidas e meninas pequenas são colocadas à frente dos jihadistas, para que as forças do governo não os fuzilem facilmente.

Contra cristãs de origem muçulmana, o casamento forçado pode ser usado como arma. Para retornarem à antiga fé, elas são obrigadas a se casarem com muçulmanos devotos. Caso não aceitem, podem enfrentar agressões físicas e sexuais dos maridos, amparados pela lei.

No Nordeste do Chade, por exemplo, as mulheres estão sujeitas a pagar uma multa de até 39 dólares por rejeitarem uma proposta de casamento. O valor é considerado caro em vista da pobreza em que vivem os cristãos locais, já marginalizados economicamente por seguirem a Jesus.

Para apoiar o trabalho de Portas Abertas com as mulheres perseguidas no Oriente Médio e no norte da África, acesse o link.

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