É o primeiro país de fé cristã ortodoxa a legalizar a união homossexual; dos 300 deputados gregos, 176 votaram a favor da medida
Por Patricia Scott
Na Grécia, a legalização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo obteve aprovação, nesta quinta-feira (15), no parlamento. A influente Igreja Ortodoxa Grega não conseguiu impedir que a resolução fosse rejeitada pelos parlamentares. A proposta foi apresentada pelo partido de direita no poder, Nova Democracia, do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis.
Entre os 300 deputados gregos, 176 votaram a favor da medida. Contrários foram 76 votaram, e dois se abstiveram. Os outros 46 parlamentares não compareceram à votação. A medida precisava de maioria simples para ser aprovada no parlamento.
Segundo pesquisas, a maioria dos gregos apoia o projeto de lei proposto pelo governo de centro-direita e endossado por quatro partidos de esquerda, incluindo o Syriza. Assim, a Grécia é o primeiro país de fé cristã ortodoxa a permitir legalização da união homoafetiva. No mundo, o país é 37º, e na União Europeia o 17º.
“Hoje é um dia de alegria porque, a partir de amanhã, mais uma barreira entre nós será removida para criar uma ponte de coexistência num Estado livre com cidadãos livres”, declarou o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis, apoiador da medida.
O projeto de lei garante ainda aos casais homossexuais o direito à adoção de menores. No entanto, proíbe que eles utilizem barrigas de aluguer para terem filhos.
Conservadorismo grego
A Grécia é considerada um país dos mais conservadores da Europa, que adota o modelo familiar tradicional. A nação é bastante influenciada pela Igreja Ortodoxa, que não a aprova a homossexualidade.
Em carta, a autoridade máxima da Igreja Ortodoxa Grega, o Santo Sínodo, expressou aos parlamentares que o projeto de lei “coloca um fim à paternidade e à maternidade, neutraliza os sexos”, além de gerar um “ambiente de confusão” para as crianças.
Nas últimas semanas, os clérigos pregaram sobre o tema por todo o país, transmitindo a visão de desaprovação à proposta. Alguns bispos, inclusive, destacaram que se recusariam a batizar os filhos de casais do mesmo sexo.
Entre os gregos, a questão gerou divisões. A Igreja Ortodoxa desempenhou um papel importante nas manifestações contrárias ao projeto de lei. Opositores e defensores do projeto convocaram mobilizações separadas diante do parlamento grego. Cabe destacar que, desde 2015, a Grécia permitia a união civil entre casais do mesmo sexo, que não oferecia as mesmas garantias legais que o casamento. Com informações Globo e Euro News