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sábado, 4 maio 2024

Crente pode ouvir música secular?

Há dezenas de estudos que relacionam os impactos da música na saúde física e mental do ser humano. Foto: Freepik

O fato de uma música ser de qualidade não significa que ela fará bem para a vida espiritual. Por isso é preciso usar um “filtro” naquilo que vai ouvir.

Por Cristiano Stefenoni

Nada melhor do que ouvir uma boa música. Ela serve para relaxar, motivar, inspirar ou afastar de Deus. Isso mesmo. O fato de uma canção ser de qualidade não significa que ela fará bem para nossa vida espiritual. Aliás, até mesmo se houver citações cristocêntricas e textos bíblicos, dependendo do contexto, pode nos influenciar para o mal. O fato é que há muitos evangélicos que se acham “imunes” a essas músicas e que elas não terão influência sobre as suas vidas.

Mas não é bem isso que a ciência diz. Há dezenas de estudos que relacionam os impactos da música na saúde física e mental do ser humano. Um dos mais conhecidos deles é o realizado pelo Conselho Global de Saúde Cerebral (GCBH).

Os cientistas descobriram que as músicas que ouvimos afetam diferentes regiões do cérebro, “incluindo aquelas envolvidas na audição, coordenação motora, atenção, linguagem, emoções, memória e habilidades de raciocínio”.

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Até aí, nada surpreendente. O problema é quando aquilo que ouvimos afeta a nossa vida espiritual, e muitas vezes, sem percebermos que isso está acontecendo.

E a Bíblia já nos alertava sobre isso. Quando aquilo que é tocado ou cantado é de acordo com a vontade divina, o próprio Deus põe a Sua mão para abençoar. “Ora, pois, trazei-me um músico. E sucedeu que, tocando o músico, veio sobre ele a mão do Senhor” (2 Reis 3:15).

“Uma música secular é aquela que está fora do contexto da adoração. A Bíblia dá vários exemplos, como as que eram tocadas nas guerras, em festas judaicas e casamentos. Elas eram ritmadas, no geral, por tambores e instrumentos de percussão”, explica Reno Tiago Ramires, regente na Orquestra de Câmara da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), violoncelista, ministro de Louvor e mestrando em Regência na Universidade de Aveiro, Portugal.

Secular é diferente de mundano

Para o músico, não há problema do evangélico ouvir uma música secular, desde que passe por um “filtro” com base no que os princípios bíblicos definem como valores morais para o cristão. Além disso “secular” é diferente de “mundano”.

“A música mundana eleva aos prazeres da carne que, no geral, falam sobre sexualidade ou qualquer coisa que exalte o pecado. Quais são os ideais dessa música? Ela foi construída por uma arquitetura inteligente? Ela é bela por si só a ponto de me dar vontade de mostrar isso para alguém?”, explica o regente.

Quando o gospel adere aos gêneros musicais

De acordo com o músico, por conta do mercado e da comercialização fonográfica, vários gêneros musicais passaram a fazer parte do mundo gospel como o jazz, rock, blues, clássica, sertanejo, entre outros.

“Na verdade, não se perdeu a santidade. A música é apenas uma parte do processo da adoração, que vem da nossa entrega, de nos humilharmos diante de Deus. E a música que for servir para esse propósito dentro do gospel, está cumprindo o seu papel perfeitamente. E todos os artistas envolvidos na produção dessas canções estavam empenhados em levar o evangelho através da música e isso muda totalmente o cenário”, ressalta Ramires.

Nem tudo que toca no carro pode ser tocado na igreja

Outro ponto fundamental é quanto aquilo que o crente ouve em seu dia a dia, dentro do carro, em casa, no trabalho, no mercado, na academia, e achar que também pode ser tocado dentro da igreja. “O primeiro cuidado é com a mensagem da música. A secular foi composta para outro contexto”, lembra.

Crente pode ir a shows?

Sobre a ir a shows gospel ou qualquer outro tipo de evento secular, dependerá muito do que será assistido. O músico explica que o efeito do que presenciarmos atuará em nossa vida. “A música transforma pela contemplação. Ir a shows e a concertos nos transforma se ela for boa e tiver poder de nos elevar”, afirma Ramires.

Crente pode ouvir música secular?
Para o músico, regente e ministro de louvor, Reno Ramires, não há problema do evangélico ouvir uma música secular, desde que passe por um “filtro” com base nos princípios bíblicos. Foto: divulgação/ arquivo pessoal

Academia é clima de “guerra”

Quando o assunto é música de academia, o regente lembra que o clima desses locais é o mesmo de uma “guerra”, ou seja, há uma luta por um objetivo a ser conquistado. Então é natural que aquilo que é tocado nesses ambientes seja de cunho motivacional.

“É como uma injeção de adrenalina para você vencer aquele treino pesado que está fazendo. No contexto da guerra precisa ser bem forte e ritmado e na academia é a mesma coisa. As músicas eletrônicas tendem a imitar os processos do nosso cérebro. Mas não quer dizer que você precisa ficar ouvindo esse tipo de música”, ressalta.

Redes sociais banalizaram a música sacra

Segundo Reno Ramires, o uso sem critérios das músicas sacras nas redes sociais acabou por banalizá-las e, infelizmente, colocá-las no mesmo patamar das seculares.

“A música cristã acabou se tornando um pano de fundo para ilustrar o seu storie. Não existe mais essa distinção. No passado, o ser humano entendia o que era sacro, separado, para dentro da igreja. Hoje em dia ela é utilizada em outros contextos, não necessariamente por causa da adoração. O pensamento moderno acaba trazendo essa consequência para nós. O cristão pode encontrar dentro da música o lugar de adoração, mas precisa cuidar para que o gênero não fale mais alto do que a adoração”, finaliza.

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