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sexta-feira, 26 abril 2024

Comunhão entrevista Gary Chapman

"A Palavra ensina que eu devo buscar o bem da minha esposa e minha esposa o meu. Se nu00f3s tomarmos essa atitude podemos aprender como construir um bom casamento"
"A Palavra ensina que eu devo buscar o bem da minha esposa e minha esposa o meu. Se nu00f3s tomarmos essa atitude podemos aprender como construir um bom casamento"
"A Palavra ensina que eu devo buscar o bem da minha esposa e minha esposa o meu. Se nu00f3s tomarmos essa atitude podemos aprender como construir um bom casamento"

Um dos autores cristãos mais lidos do planeta, o americano Gary Chapman se especializou em tratar de relacionamento afetivo. Com 35 anos de carreira e mais de 30 livros a respeito do tema, ele também palestra para milhares de casais através de suas conferências de fim de semana, focadas em casamento. Conhecido como “doutor casamento”, Chapman esteve no Brasil em julho em uma turnê promovida pela editora Mundo Cristão. Ele lançou mais duas obras pela editora, “Promessas de Deus para abençoar seu casamento” e “Bíblia devocional do casal”, além de palestrar sobre o tema “As Cinco Linguagens do Amor”. Durante sua visita ao país, o autor conversou sobre seu ministério com a revista Comunhão.

 

Como decidiu se especializar em aconselhamento matrimonial?
No começo da minha carreira ministerial, trabalhando na igreja, eu percebi que a maior causa de decepção nas pessoas eram problemas no casamento e relacionamento familiar. Então, eu decidi começar cursos sobre casamento e família, que se tornaram os mais freqüentados da igreja. Depois de cada lição, as pessoas que estavam realmente magoadas sempre queriam ficar e falar a respeito de seus problemas e perguntavam se podiam ir ao meu escritório para conversar. Então, eu meio que caí de pára-quedas no mundo do aconselhamento matrimonial. Não tinha intenção de trabalhar nessa área, mas percebi que ali havia uma necessidade. E eu acho que Deus me abençoou com o dom de escutar as pessoas e me importar com os seus problemas e tentar ajudá-los na solução. Foi assim que eu fui introduzido no mundo do aconselhamento matrimonial, que depois levou a carreira como escritor sobre o assunto.

No seu ponto de vista, a instituição casamento segue vista da mesma forma pela sociedade, ou algo mudou?
Bem, eu acho que o meu conceito sobre o que constitui um bom casamento cresceu através dos anos. Quando eu e minha esposa nos casamos, não tínhamos um bom relacionamento. Tínhamos vários problemas e demorou bastante para que entendêssemos como tratar um ao outro. E Deus teve que mudar o meu coração e me dar um coração de servo para com a minha esposa. A conclusão que eu cheguei é que qualquer casal pode ter um bom casamento. Depende simplesmente se você tem ou não em seu coração o desejo de servir e amar o seu cônjuge. E só Deus pode mudar o coração. No meu momento de desespero, eu clamei a Ele: “Senhor eu preciso de uma resposta!” E a resposta que eu recebi dEle foi: “você precisa ter a atitude de Cristo! Ele se ajoelhou e lavou os pés de seus seguidores e você precisa ter essa atitude para com a sua esposa.” Então, eu pedi a Deus; “Senhor, mude a minha atitude.” E comecei a perguntar a minha esposa: “como posso ajudar? Como posso fazer a sua vida mais fácil? Como posso ser um marido melhor?” Ela me disse! Então, comecei a servi-la e quando eu o fiz, a atitude dela para comigo mudou. É por isso que eu acredito tanto que há esperança para os casais, já que sei o que Deus fez em minha vida.

Para o senhor, a Igreja aborda a saúde do matrimônio como deveria? Ou ainda existem certos tabus que podem deixar as lideranças sem reação?
Eu acho que a Igreja tem melhorado quanto a isso. Minha visão é que toda igreja, independente da denominação, tenha um programa de enriquecimento matrimonial. Algo onde as pessoas possam se envolver o ano inteiro para encontrar ajuda para o seu casamento. Muitas igrejas estão colocando isso em prática e estão percebendo que as pessoas respondem a isso. E também acredito que esse ministério de enriquecimento matrimonial também irá atrair não cristãos para a igreja. Aqueles que estão procurando ajuda para o seu casamento vêm aos eventos e percebem que precisam de ajuda externa! E nós os direcionamos a Deus. Então, eu quero encorajar a Igreja a continuar isso, ou seja, dar prioridade a programas integrais de ajuda ao casamento.

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Casal que ora junto permanece junto? Qual é a importância da oração no casamento?
Bem, eu acho que esse ditado é verdade. Eu descobri que menos de 15% dos casais cristãos oram juntos diariamente. Isso é se você não conta o “obrigado pelo alimento, amém.” O que eu tento fazer é encorajar os casais a começarem de uma maneira bem fácil. Dêem as mãos, fechem os olhos, orem em silêncio e então digam “amém” e espere que o outro termine a oração também diga. E se o casal começar a orar em silêncio toda a noite, dentro de seis meses um dos dois vai pirar e decidir orar em voz alta. O silêncio foi quebrado, então logo o outro aprende a orar em voz alta e assim oramos juntos pra sempre. Eu acredito que isso faz uma grande diferença no casamento.

Vimos nas últimas décadas, a chegada e consolidação das mulheres no mercado de trabalho. Como o senhor acha que a mulher contemporânea pode conciliar o seu desenvolvimento profissional e intelectual com o casamento?
Bom, eu não me oponho à mulher ativa no mercado de trabalho. Eu acredito que a mulher sempre trabalhou, seja em casa ou fora dela. Porém, eu acredito que se a mulher está buscando a sua realização pessoal no seu trabalho, ao invés de em um relacionamento com Deus e com sua família, ela se decepcionará. Eu acredito que tanto para o homem quanto para a mulher, a coisa mais importante é o relacionamento com Deus. Em segundo lugar, vem o relacionamento conjugal e a família e somente depois da família vem o resto. Não é a vocação que dá sentido a pessoa, é o relacionamento com Deus. Se você se apresenta a Deus para o serviço e O chama de Senhor, em primeiro lugar Ele te dirá: “vá para casa e ame sua esposa, ou ame o seu marido.” Então não vejo problema com a esposa trabalhando fora de casa. O desafio é equilibrar a atitude em relação ao trabalho.

E os homens, estão preparados para a realidade das mulheres? Como fica a relação dos papéis dentro do relacionamento?
Eu acho que depende do homem. Se tem em sua mente a idéia de que o homem controla a mundo e a mulher tem ser submissa e não pode fazer nada, ele não entendeu a Palavra. Sabe, a Bíblia diz que Deus, o Pai, é a cabeça de Jesus, o filho. É a mesma coisa, o marido é a cabeça da esposa. Deus, o Pai, não forçou Jesus a fazer nada. Cristo o fez por vontade própria. O marido não deve forçar a esposa a fazer nada, ela deve ter o desejo de servir ao seu marido, assim como o marido a serve cumprindo o papel que Deus determinou. Alguns homens não se importam que sua esposa trabalhe fora de casa, outros se importam. Eu acho que o importante é o que é melhor para a família. Ás vezes, o casamento melhora porque a mulher trabalha fora de casa. Ás vezes, a mulher consegue um emprego, enquanto o marido não. Então, há várias dinâmicas diferentes, mas nós devemos mudar o nosso foco e pensar no que é melhor para a família como um todo. Pois é aí que nós ministramos uns aos outros e podemos estender esse ministério além do lar.

Quais são os grandes desafios do casamento? Quais são os pontos que os cônjuges devem ter sempre em mente para que a união continue harmoniosa e feliz?
Eu acho que o maior problema do casamento se resume a uma palavra; egoísmo. E todos nós somos egoístas por natureza. Nós sempre pensamos no nosso ganho pessoal. “Qual é o benefício desse relacionamento pra mim? As minhas necessidades estão sendo atendidas nesse relacionamento?” Nós estamos buscando o nosso próprio benefício em vez de o benefício dos outros. Isso é exatamente o contrário do que a Bíblia ensina! A Palavra ensina que eu devo buscar o bem da minha esposa e minha esposa o meu. Se nós tomarmos essa atitude, que eu acredito vêm de um relacionamento com Deus, então, podemos aprender como construir um bom casamento. Uma das pedras fundamentais para essa construção, é saber como comunicar amor para com o outro. É aí que vemos a importância das cinco linguagens do amor. Mas precisamos da determinação necessária para fazê-lo. A informação nós já temos, eu posso muito bem saber qual a linguagem do amor da minha esposa e assim mesmo me recusar a usá-la. Eu tenho que ter o desejo no coração de fazê-lo. Acho que se nós tivermos a motivação no coração, aprendendo que estamos aqui para servir uns aos outros, e isso começa no casamento, nós vamos aprender a nos comunicar melhor, amar melhor, resolver as nossas diferenças e atuar como um time, amando e apoiando uns nos outros.

A comunicação é então o grande problema e a grande resposta para o sucesso do relacionamento?
Sim, eu acredito que o coração, a atitude é fundamental. Comunicação é a ferramenta pela qual nós compartilhamos a vida uns com os outros. Através da comunicação o homem se revela a mulher, a mulher se revela ao homem, e então o casal está equipado a atender as necessidades um do outro.

O senhor disse que teve problemas no início de seu casamento. E sobre esse assunto, já escreveu “O que não me contaram sobre casamento, mas que você precisa saber”. O que todos devem saber para diminuirmos os atritos no casamento?
Acredito que é importante entender que o aspecto emocional do amor, isso é, a paixão, é temporário. Em dois anos a paixão esfria. É importante saber isso ou você pode se frustrar bastante depois que a paixão esfriar. E em segundo lugar, nós temos que aprender como comunicar o amor depois que a paixão acabar. É quando as cinco linguagens do amor se tornam importantes. Gostaria de ter tido esse conhecimento antes de casar. Quem me dera saber na época como resolver os nossos conflitos sem discutir, como ouvir e respeitar a opinião do outro mesmo quando eu não concordo, e compartilhar idéias, percebendo os diferentes pontos de vista. Assim podemos nos concentrar em como resolver o problema em vez de tentar vencer uma discussão, quem me dera saber disso antes de casar. Quem me dera saber que pedir perdão é um sinal de maturidade. Você não pode ter um casamento saudável sem perdão. Então, há várias coisas que podemos aprender que podem tornar um casamento muito mais fácil.

Com a chegada dos filhos, como evitar que marido e esposa se transformem em papai e mamãe em tempo integral?
Eu creio que esse é um assunto muito importante. Geralmente o bebê chega, e o casal então dá total atenção a ele, esquecendo um do outro. E um ano depois percebemos que não há mais intimidade. O que eu digo aos casais é que, com certeza temos que dar atenção ao bebê, mas é crucial que separemos um tempo um para o outro. Toda semana, pelo menos uma noite separe um tempo para curtir um ao outro, conversar e compartilhar o que está acontecendo em suas vidas. A criança vai estar presente por 18 anos, então não podemos esperar 18 anos para retomar a intimidade. Então eu creio que seja importante entender esse conceito antes do bebê chegar.

“As Cinco Linguagens do Amor”, ainda hoje aparece na lista dos livros mais vendidos. A que o senhor atribui o imenso sucesso desta obra? Qual era seu objetivo ao escrevê-lo?
Eu escrevi o livro após cinco anos compartilhando aquele conceito nas minhas sessões de aconselhamento e em pequenos grupos. Sabia que o conceito iria ajudar casais. Por isso, decidi escrever o livro para ajudar todas as outras pessoas que não teriam acesso direto a mim. Eu tentei ser o mais direto possível, para que qualquer pessoa pudesse ler, entender e aplicar o conceito em sua vida. Essa foi a minha motivação. Eu creio que a razão da popularidade do livro é que ele tem ajudado casais a se comunicar e manter o amor vivo. E como conseqüência, os que desfrutaram do livro, acabam dando a obra de presente para outros casais. Eles compram um para os seus amigos, para os seus filhos mais velhos, e vão passando de um para o outro. Eu creio que essa é a razão por trás do sucesso do livro.

E para descobrir a linguagem do amor, é só fazer o teste ensinado no final do livro?
Bom, você não é obrigado a fazer, mas essa é a maneira mais fácil. Tem outra maneira: observe o comportamento um do outro. Qual a maneira que o seu cônjuge expressa amor e reconhecimento para com os outros? Dando aquele tapinha nas costas? Sempre elogiando os outros ou se oferecendo para ajudar as pessoas? O que o seu cônjuge faz, te diz qual é a linguagem do amor dele. Do que o seu cônjuge reclama? Isso também revela a linguagem do amor. Se o seu cônjuge diz “a gente nunca faz nada junto”, ele está te dizendo que tempo de qualidade é a sua linguagem. Se ele diz “você nunca me ajuda!”, ele está te dizendo que atos de serviço é a sua linguagem. E em terceiro lugar, o que o seu cônjuge requer de você? Se ele pergunta “vamos dar uma caminhada hoje?”, está pedindo por tempo de qualidade. Se você viaja e o seu cônjuge diz; “não esqueça a minha surpresa!”, ele está te dizendo que presentes é a sua linguagem. Então, se você combinar esses três fatores, poderá determinar a linguagem do amor de seu cônjuge.

A nossa principal linguagem do amor pode mudar ao longo da vida, ou sempre será a mesma?
Eu acredito que as linguagens do amor são características da personalidade de cada um. Geralmente essas características permanecem por toda a vida. Entretanto, creio que há fases da vida em que uma linguagem diferente pode se tornar importante. Por exemplo, uma mãe que tem três filhos pequenos em casa: a linguagem dela pode até não ser um ato de serviço, mas durante aqueles anos, se o marido ajudar em casa, digo que com certeza ela se sentirá amada. Mas eu acho que as linguagens primordiais geralmente são para a vida inteira.

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