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sexta-feira, 3 maio 2024

Pastores opinam sobre uso do ChatGPT na pregação

Foto: Reprodução

O consenso entre os líderes é que “pode até elaborar um sermão razoavelmente competente, mas não replicar a paixão da pregação real”

Por Patricia Scott 

O desconforto entre pregadores da Palavra de Deus, assim como as preocupações dos cientistas aumentam, à medida que crescem as habilidades de linguagem no campo da Inteligência Artificial (IA). Isso acontece devido à rápida expansão dos chatbots de IA, que permitem a escrita até mesmo de um sermão religioso. No entanto, o consenso entre os pastores é que “eles podem até elaborar um sermão razoavelmente competente, mas não replicar a paixão da pregação real”.

Vale explicar que chatbot é um programa de computador que tenta simular um ser humano na conversa com as pessoas. A proposta é responder as perguntas de maneira natural. Assim, as pessoas vão ter a impressão de estar conversando com alguém, sem imaginar que na verdade existe um robô do outro lado.

Coração e alma

“Falta uma alma, não sei outra forma de dizer isso”, salientou o pastor americano Hershael York, em Kentucky, nos EUA, ao pontuar que os sermões devem ser o núcleo de um culto de adoração. “Geralmente, o sermão é a melhor chance que os líderes religiosos têm de atrair a atenção de sua congregação para transmitir orientação teológica e moral”, detalhou York, que também é reitor da Escola de Teologia e professor de pregação cristã no Seminário Batista Teológico do Sul.

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Segundo ele, os “pastores preguiçosos podem ser tentados a usar a IA para esse fim, mas não os grandes pastores. Aqueles que amam a pregação e que amam seu povo”. O pastor acrescentou também: “Já podemos ver muitos grandes sermões com elementos de angústia”.

Na visão de York, “a inteligência artificial nunca poderá oferecer qualquer tipo de sensação de sofrimento, dor, tristeza, da mesma forma que um ser humano”. Ele opina ainda que “o verdadeiro sermão vem do fundo do coração e da alma e é isso que os grandes pregadores têm, e não acho que você possa conseguir isso através de uma máquina”.

Imersão pessoal

Todd Brewer, estudioso do Novo Testamento e editor-chefe do site cristão Mockingbird, revelou que teve uma experiência com o ChatGPT ao solicitar um sermão de Natal. Ele foi bem específico ao pedir um texto “baseado na narrativa do nascimento de Jesus, no livro de Lucas, com citações de Karl Barth, Martinho Lutero, Irineu de Lyon e Barack Obama”.

“A IA parece até entender o que torna o nascimento de Jesus genuinamente uma boa notícia, no entanto, o sermão carece de calor humano. A pregação da IA não tem capacidade para simpatizar de forma convincente com a situação humana”, avaliou Todd.

Mike Glenn, pastor sênior por 32 anos na Igreja Batista do Sul, concordou: “A IA nunca será capaz de pregar um sermão decente, sabe por quê? Porque o Evangelho é muito mais do que palavras”.

Já Jason Thacker, presidente de pesquisa em ética tecnológica da Igreja Batista do Sul, salientou que tem monitorado os desenvolvimentos da Inteligência Artificial por vários anos. Ele é da opinião de que “pastores sábios e virtuosos” não permitirão que a nova tecnologia os impeça de uma imersão pessoal na redação de sermões.

“Também posso ver isso sendo usado de maneiras inúteis ou antiéticas. Alguns jovens pastores podem se tornar excessivamente dependentes dessas máquinas e não ver as imperfeições dessas ferramentas”, analisou ao completar que “muitos pastores estão sobrecarregados, exaustos e cheios de ansiedade”.

Sem empatia 

Recentemente, o rabino Joshua Franklin, de Nova Iorque, afirmou à congregação que faria um “sermão plagiado” para tratar de questões como confiança, vulnerabilidade e perdão. Ao final, o líder religioso pediu aos presentes que dissessem quem havia escrito. Quando Joshua revelou que o autor era o ChatGPT — um protótipo de um chatbot com inteligência artificial desenvolvido pela OpenAI e especializado em diálogo, os fiéis fiaram perplexos.

O sermão de mil palavras elaborado pelo chatbot era relacionado à lição da Torá daquela semana. As pessoas reagiram aplaudindo. “Vocês estão batendo palmas, mas eu estou com medo”, compartilhou o rabino.

O rabino observa que, apesar de ser inteligente, o ChatGPT não é empático. “O que nos une é a compaixão e o amor, e um chatbot é incapaz de construir comunidades e relacionamentos”.

Com informações AP News

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