“Quando essa guerra terá fim? Vivemos como refugiados em terras estrangeiras, os recursos estão escassos e não fugimos por vontade própria”
Por Patricia Scott
Desde o golpe em 2021, a junta militar que governa Mianmar já queimou 12 igrejas cristãs apenas na cidade de Thanglang. Conforme informação de Tun Tun (nome fictício por questão de segurança), parceiro de Portas Abertas, recentemente, uma igreja local, usada como abrigo para refugiados de Sagaing, Nordeste do país, foi invadida pelas autoridades. Vale lembrar que Mianmar ocupa a 12ª posição na Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2022, elaborada por Portas Abertas, que destaca os 50 países onde é mais difícil ser cristão.
O exército também lançou bombas e destruiu a igreja Thadou-Kuki Baptist Church, que também fica em Sagaing, de acordo com Portas Abertas. “A estrutura do templo, janelas e portas foram severamente danificadas. Os militares também levaram o dinheiro da caixa de dízimos e ofertas da igreja”.
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A onda de violência transformou um número maior de cristãos em deslocados internos. “Quando essa guerra terá fim? Vivemos como refugiados em terras estrangeiras, os recursos estão escassos e não fugimos por vontade própria, mas por causa da nossa segurança e de nossos familiares. As condições de vida não estão fáceis, alguns arriscam a própria vida para encontrar emprego e só conseguem garantir a alimentação”, lamenta Tun Tun.
O parceiro de Portas Abertas também revela outra violação da junta militar ocorrida no dia 23 de junho: “Eles queimaram quatro casas em Sangaing e prenderam quatro jovens inocentes, bateram e atiraram neles. Eles deixaram os corpos no campus da faculdade. Com essas mortes, chega a 11 o número de mortes de cristãos da tribo Kuki Chin”.
Tun Tun é um de muitos cristãos do estado de Chin que foram deslocados pela guerra civil. Frustrado e traumatizado, ele pede as orações da igreja global. “Ore por nós. Há muitos templos e santuários budistas, mas nenhuma bala os atingiu. Da mesma forma, as casas atingidas foram apenas cristãs, as casas dos vizinhos birmaneses não foram prejudicadas e nenhum birmanês foi morto”.