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domingo, 20 DE abril DE 2025

Os dilemas de ser criado à imagem e semelhança das máquinas

Cientistas do cientistas do Hospital Infantil de Filadélfia fizeram um pedido junto ao Federal Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, para iniciar testes de útero artificial em humanos. Foto: Reprodução internet

Cientistas dos EUA pedem autorização à FDA para iniciar testes do útero artificial em humanos. A medida levanta questionamentos éticos, morais e espirituais

Por Cristiano Stefenoni

Imagine uma gestação sem complicações para o bebê ou o desenvolvimento do feto de uma mãe que não pode engravidar. O útero artificial, que antes parecia coisa de cinema, como no filme Matrix, começa a ganhar vida. Os primeiros experimentos já estão sendo realizados com animais, e a fase de testes em humanos está cada vez mais próxima. Mas, antes mesmo de se tornar realidade, essa possibilidade tem gerado questionamentos éticos, morais e espirituais.

Pelo menos por enquanto, a ideia dos cientistas não é fazer desse útero um invólucro para gestar todas as fases do bebê, mas sim mantê-lo vivo após um nascimento prematuro, evitando complicações nessa etapa, como paralisia cerebral, dificuldades de aprendizagem moderadas a graves, problemas de visão, audição e asma.

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Para garantir que a ideia funcione, desde 2017, cientistas do Hospital Infantil da Filadélfia (CHOP), na Pensilvânia, têm realizado testes bem-sucedidos com animais, especificamente oito fetos de cordeiros entre 23 e 24 semanas de gestação. O útero artificial contém um líquido que imita o líquido amniótico, com os vasos sanguíneos do cordão umbilical conectados a um dispositivo semelhante ao ECMO, permitindo que o sangue seja bombeado pelo sistema utilizando o próprio coração do feto, assim como ocorre no processo natural.

Os animais se desenvolveram normalmente. Agora, os cientistas do CHOP fizeram um pedido à Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, para iniciar testes em humanos. Enquanto o processo está em análise, o debate segue nas redes sociais sobre o que é certo ou errado quando o assunto é geração de vida.

Para o pastor de famílias da Assembleia de Deus Nova Vida (ADNV) em Itapoã, Vila Velha, Junior Fanticelli, a tecnologia, por mais avançada que esteja, nunca será capaz de dar o “fôlego de vida” que vem de Deus.

Os dilemas de ser criado à imagem e semelhança das máquinas
A reprodução humana em úteros artificiais já havia sido retratada no filme Matrix, em 1999. Foto: Reprodução internet

“Máquinas geram máquinas, humanos, só Deus (Gn 1:27). A ciência terá que dar outro nome a ‘nova’ espécime gerada em úteros robóticos. Todo ser humano nasce com uma ‘noção da existência de Deus’, logo, ele tem contato com a revelação progressiva de Deus, revelada pela própria existência humana, pela natureza e por Cristo”, justifica.

De acordo com Fanticelli, em um hipotético “ambiente social híbrido”, onde haveria humanos (criação de Deus) e a outra espécie de robôs (criação humana) certamente haveria dificuldades de ordem emocional e espiritual.

“Deus não se comunica de robôs, ele é Deus/gente, por isso somos ‘sua imagem e semelhança’. Creio que haverá, por parte dos pesquisadores, cientistas e desenvolvedores um desafio ético, moral e psicológico para que, caso torne-se uma realidade, sejam capazes de dar respostas próprias do ser humano para sua sanidade mental”, afirma.

Além disso, na opinião do pastor, se há material genético envolvido, então, há a mão de Deus por traz, visto que Ele é o criador de todas as coisas. “Se há sémen envolvido, existe então, a presença, a criação, a imagem e semelhança de Deus e isso as máquinas não podem fazer. O avanço científico é também graça comum de Deus a humanidade, porém, é necessário separar a descoberta de sua utilização. Certamente haverá um limite ético da ciência, pois brincar de ‘deus’ já provou na história os resultados para a humanidade, como a criação da bomba atômica”, ressalta.

Maquinização do ser humano poderá afetar a sociedade no futuro

Já o pastor Édson de Oliveira Pinto, doutor em Psicologia e psicanalista especialista em Terapia Familiar, Saúde da Família e Neurociência, afirma que, com o avanço rápido da tecnologia, o útero robótico poderá abrir uma lacuna na próxima geração, aumentando os problemas de ordem emocional e dificultando ainda mais o convívio social.

“Você vê cada vez mais o ser humano se distanciando do humano. Era para o homem ter aprendido já essa dura lição de que, hoje, o mundo se vê mergulhado numa insanidade assustadora e, em grande parte, devido à ausência da infância. Você vê a máquina substituindo o homem em escolas, hospitais, igrejas. E ainda há a possibilidade, algum dia, de não se usar mais a relação para a geração de uma criança, ou seja, ao invés de passar por uma relação de amor e desejo, passaria apenas por máquinas. O homem só vai emprestar o espermatozoide, e a mulher, o óvulo”, critica.

O pastor Édson diz que o problema não é usar a máquina, mas sim ser usado por ela, como tem acontecido com as telas de celular de um modo geral. “Deus nos chamou para fazermos uma oposição a todo esse processo, para garantir que o homem continue sendo homem. Por volta de 2040, a inteligência não biológica será bilhões de vezes mais capaz do que nossa inteligência biológica. Então, veja para onde estamos caminhando”, enfatiza.

Além disso, o pastor ressalta que não é fácil aprovar legalmente propostas como a do útero artificial. “Os países se baseiam em princípios éticos para reger a ciência. O Brasil, até o ano passado, era regido pela Lei 466/12, uma resolução do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional de Saúde, e o Ministério da Saúde se valia dessa resolução e a fazia chegar às universidades, em todos os cantos onde se trabalha com pesquisas envolvendo seres humanos”, conclui.

Abaixo, você confere um vídeo que viralizou, alcançando mais de 3 milhões de visualizações nas redes sociais, produzido pelo criador de conteúdo digital Hashem Al-Ghaili. Nele, é apresentada a criação hipotética da EctoLife, a primeira instalação de útero artificial do mundo, capaz de gerar 30 mil bebês por ano. Confira:

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