“A cannabis não é um espectador inocente quando se trata de saúde cardiovascular”, diz especialista
Por Patricia Scott
O consumo diário de maconha pode acarretar complicações sérias para a saúde cardiovascular, mesmo em pessoas que demonstraram ter boa condição física, alerta um novo estudo publicado no Journal of the American Heart Association. Os pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco (UCSF), analisaram 434.104 dados do Centros de Controle e Prevenção de Doenças americano.
Assim, eles concluíram que os usuários diários de cannabis apresentaram um risco aumentado de 25% de sofrer um ataque cardíaco e um risco maior (42% ) de acidente vascular cerebral (AVC). Dos entrevistados, aproximadamente 4% eram fumantes diários de maconha, 7,1% eram usuários não diários e 88,9% não haviam consumido maconha nos últimos 30 dias. A faixa etária de fumantes diários de maconha variava de 18 a 34 anos.
A especialista Abra Jeffers, que integra a equipe do estudo e é pesquisadora do Massachusetts General Hospital, afirmou que “as pessoas pensam que a maconha é inofensiva. Não é”. Ela destacou que “usar maconha, principalmente fumando, é tão ruim quanto fumar cigarros de tabaco”.
Cabe salientar que, segundo Abra, os riscos da maconha para saúde independem do consumo diário ou não. “Embora tenhamos relatado os resultados do uso diário, qualquer utilização é prejudicial – com mais dias de utilização por mês associados a um risco maior”.
Autora sênior do estudo, Salomeh Keyhani, destacou que “o uso de cannabis está aumentando tanto em prevalência quanto em frequência, enquanto o tabagismo convencional está diminuindo”. Segundo a professora de medicina na Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), “o uso de cannabis por si só pode, com o tempo, tornar-se o fator de risco mais importante”.
“Efeitos psicotrópicos”
Para Robert Page, presidente da American Heart Association, o estudo é “único” na medida em que analisou os fumantes de cannabis separadamente dos usuários de tabaco. “A cannabis não é um espectador inocente quando se trata de saúde cardiovascular”, afirmou o professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Colorado.
“Os canabinoides têm o que chamamos de efeitos psicotrópicos que afetam a percepção e o estado mental. E, assim como medicamentos prescritos que são psicotrópicos, eles têm efeitos colaterais”, explicou o médico.
Ele enfatizou a importância de os pacientes serem “mais transparentes” sobre o uso de cannabis com seus médicos. De acordo com Page, isso é particularmente importante se um paciente possuir uma condição cardíaca subjacente ou tiver experimentado um evento cardiovascular durante o uso de cannabis.
O que foi “assustador” neste estudo, na visão de Page, é que a maioria dos entrevistados era “razoavelmente saudável”. “Esses são os indivíduos que geralmente não vão ao seu médico de cuidados primários porque são jovens e acham que são invencíveis. E isso é o que me preocupa.”
No Brasil, o tema tem sido discutido, inclusive na esfera política. Por isso, recentemente, duas entidades médicas divulgaram posicionamentos contrários à liberação da maconha no país. Em nota conjunta, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) advertiram sobre os perigos do consumo da droga. Com informações Fox News