O caminho apontado por Uma leitura negra não poderia ser diferente: o diálogo multiétnico para a comunhão entre homens e mulheres criados à imagem e semelhança de Deus
Por Marlon Max
Obra escrita por Esau McCaulley, teólogo e formador de opinião estadunidense, trata da questão do racismo no âmbito da igreja evangélica e convida o leitor a interpretar a Bíblia a partir do diálogo multiétnico
O resgate da esperança para aqueles que sofrem as consequências do racismo. Este é o elemento-chave de Uma leitura negra, obra que causou enorme impacto na igreja evangélica norte-americana e acaba de chegar ao Brasil pela Editora Mundo Cristão.
Criado no Sul dos Estados Unidos, o escritor e teólogo afro-americano Esau McCaulley conheceu de perto a luta de muitos de seus descendentes pela igualdade em todos os setores da sociedade.
Importante voz na pauta antirracista, em Uma leitura negra o autor elucida uma realidade que também pode ser aplicada ao Brasil: o sofrimento causado pela desvalorização e exclusão de toda uma comunidade. Pautas como etnia, escravidão, protestos políticos e policiamento são trabalhados a partir de um eloquente testemunho pessoal, com sensibilidade e rigor acadêmico.
Na obra, McCaulley propõe um modelo de interpretação bíblica a partir da valorização do legado das igrejas negras tradicionais. Em um momento em que alguns dentro da comunidade afro-americana estão questionando o lugar da fé cristã na luta pela justiça, McCaulley argumenta que ler as Escrituras a partir da perspectiva da tradição da igreja negra é inestimável para se conectar com uma rica história de fé, abordando questões urgentes de nosso tempo.
Laurentino Gomes, jornalista, escritor e um dos mais prestigiados estudiosos da escravidão no Brasil, endossa o lançamento da obra no país com as seguintes palavras:
“Finalmente publicado no Brasil, Uma leitura negra seria, à primeira vista, um livro de interesse de pessoas negras e cristãs. Na verdade, é bem mais que isso. É uma obra fundamental para entender a ideologia escravista, suas consequências no mundo de hoje, e o quanto a mensagem das Sagradas Escrituras e do evangelho foi manipulada e distorcida para justificar a opressão, a morte e o sacrifício de milhões de negros escravizados. Mais do que um ajuste de contas com o passado, o livro oferece a oportunidade de remissão e de reencontro dessa mensagem com as necessidades mais profundas de amor, acolhimento e misericórdia. Leitura obrigatória para todos os brasileiros, independentemente da cor da pele e de suas origens étnicas e culturais.”