Estudos de eficácia contra a variante Delta serão iniciados em animais ainda em agosto com previsão de conclusão em setembro
Por Patricia Scott
Os testes em humanos da vacina UFRJ-Vac está previsto para ocorrer até o fim de 2021. No entanto, antes dessa etapa acontecer, os pesquisadores da Coppe/UFRJ decidirão qual a variante do coronavírus orientará o desenvolvimento do imunizante.
Os testes em animais de eficácia contra a variante Delta terão início neste mês com previsão de conclusão em setembro. De acordo com a professora Leda Castilho, coordenadora do Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (Lecc) da Coppe/UFRJ, a tecnologia usada no desenvolvimento da vacina pode se adaptar a cada variante.
“Essa tecnologia é facilmente aplicável a outras variantes do coronavírus e a outros vírus também. Para cada vírus, é preciso entender e pesquisar qual é a melhor proteína viral para ser usada como componente ativo, o IFA da vacina”, explica Leda, que continua: “Já se sabe, no caso do coronavírus, que é a proteína chamada de spike. Ela é uma boa IFA para vacinas. Se forem variantes do coronavírus, é a mesma proteína, mas com as mutações respectivas de cada variante. Inclusive, a nossa vacina está preparada e se refere à proteína de algumas variantes”.
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A vacina da UFRJ é baseada na cópia de uma proteína que recobre a superfície do vírus, chamada de proteína recombinante. A utilização da proteína recombinante para o desenvolvimento do imunizante é a mesma técnica utilizada na vacina contra a gripe e outras doenças, como a hepatite B e o HPV.
“Há outras vacinas, já há muitos anos sendo usadas, inclusive em recém-nascidos e em idosos, que também são baseadas nesta tecnologia de proteína recombinante. Um exemplo é a vacina contra a hepatite B, que é amplamente utilizada desde a década de 1980, a vacina contra o HPV, aplicada em crianças e adolescentes desde 2007, e também a vacina contra a gripe, que é utilizada em idosos no mundo todo, anualmente, desde 2013”, ressalta Leda Castilho.