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quinta-feira, 28 março 2024

Todo mundo tem ética…

Sem dúvida, essa é uma afirmação que nem sempre as pessoas aceitam. Aliás, é comum ouvirmos a expressão “fulano não tem ética” quando alguém pratica algum crime ou malandragem. As questões no campo da ética sempre se fazem presente na agenda de discussões por toda parte, desde uma conversa entre pessoas comuns até nos principais meios massivos de comunicação do mundo.

Uma grande rede de TV brasileira lançou no passado um programa semanal noturno com o título “Na Moral”, que pretendia ser um fórum de diálogo especialmente sobre questões éticas ou morais. Na sua propaganda, convidava ao debate e à reflexão, mas nada disso fazia, pois impingia, manipulava e dominava os telespectadores a acreditar que a posição tão bem conhecida da emissora era a pura e cristalina verdade. Não havia discussão, não havia especialistas que debatessem os fundamentos do tema, que levantassem os prós e os contras.

Mas voltando ao tema, todo mundo de fato tem ética? Talvez você possa estar estranhando essa indagação, especialmente depois do julgamento dos “mensaleiros” pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e hoje pelo andamento das investigações do Lava Jato. Aproveitando a ocasião, vamos utilizar esse agrupamento de acusados para provar que todo mundo tem ética. A ideia aqui é provar que o ser humano, por natureza, foi criado como um ser ético, isto é, a natureza humana inclui a eticidade. O ser humano foi criado como um “ser que decide”, um ser volitivo e responsável, portanto. Sempre decidimos. Mesmo que você afirme que ainda não definiu nada a respeito de algo, na realidade decidiu não decidir, pois uma não decisão é uma decisão (a de não decidir)!

Veja que todo mundo então tem ética ou é ético em termos de sua própria natureza humana – como ser volitivo e que toma diariamente decisões e não decisões. A questão não é essa, mas quais são as fonte, os referenciais, os fundamentos da ética de cada um. Os “mensaleiros” e os “petroleiros”, por exemplo, e ao que tudo indica, se valeram da ética utilitarista em que os fins justificam os meios. Se votos podem ser obtidos por “doação” de dinheiro, então assim que se faça. Se concorrência pode ser ganha pagando propina, assim que se faça. Na ética utilitarista, tudo que dá certo é certo e, portanto, deve ser feito. Claro que se você segue referenciais cristãos, terá uma ética cristã; os existencialistas terão uma ética existencialista, etc. Assim, sempre há ética, o mais importante é o seu atributo, isto é, qual a sua fonte de verdade.

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Infelizmente, tem sido crescente a ideia de que não devemos priorizar a reflexão, e sim a ação. A vida é muito curta para ser vivida sob o manto da abstração etérea do pensamento!? Então o que se tornou comum é fazer primeiro e pensar depois (se der tempo!).

Como cristãos, necessitamos ter a Bíblia como nossa fonte de verdade não apenas doutrinária, mas também ética, nossa fonte de verdade para decisões diárias, simples ou complexas. Temos diante de nós um grande desafio: “Para que vos tornei irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus, inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros do mundo, preservando a palavra da vida…” (Filipenses 2.15,16)

Lourenço Stelio Rega é teólogo, eticista e educador. Diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Mestre em Teologia e em Educação e doutor em Ciências da Religião

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