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quarta-feira, 24 abril 2024

Testemunho de fé da “Bruxa da Cracolândia”

A ex-moradora de rua teve sua vida transformada, após uma missionária cruzar o seu caminho e ajudá-la a deixar o pesadelo do crack.

“Deus é misericordioso. Ele mandou um anjo. Ela [missionária] apareceu nas minhas costas, veio devagarzinho e quando eu virei para ela, ela me deu um abraço. Eu fiquei pensando: ‘Como uma pessoa branquinha, bonitinha, dos olhos verdes, tem coragem de abraçar uma pessoa como eu?”, contou Silvia, ao se lembrar do dia em que conheceu Fernanda Toyonaga, ligada à Junta de Missões Nacionais.

Sílvia contou que aquele abraço de Fernanda teve um impacto maior do que se pode imaginar em sua vida. “O abraço dela me trouxe esperança, me deu vontade de viver, de ficar em pé”, lembrou.

Mas a história de Sílvia tem muitos outros fatos que não foram detalhados na breve matéria do ‘Fantástico’ na noite deste domingo (2), o ‘Fantástico’ “rede Globo) que contou um pouco da história de Sílvia Regina Ferreira.

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Testemunho
A história de Sívia poderia resultar facilmente em um emocionante filme. É que a estudante de teologia saiu de casa aos 10 anos e foi aí que as complicações começaram. Ela viveu nas ruas até seus 18 anos. Hoje, resgatada por Jesus e com 59 anos, Silvia deseja servir ao Senhor como teóloga batista.

Silvia foi presa em 1975. Ela tinha acabado de conceber sua filha, mas a alegria de mãe durou pouco. Ela lembra o motivo de ter saído de casa tão cedo. “O marido de minha mãe bebia muito, e batia nela. Daí eu saí de casa, fiquei nas ruas e me envolvi com a criminalidade”, disse.

“Fui treinada pra ser bandida por um homem que só mais tarde descobri que era o meu próprio pai. Eu era assaltante e cheguei a ter uma gangue, até que fui presa. Depois, conheci o pai da minha filha e fiquei grávida. Tentei fazer as pazes com minha mãe. Ela tentou usar a gravidez para me levar de volta”, explicou.

Silvia foi presa aos 18 e só saiu da cadeia aos 43. Foram 25 anos. Enquanto isso, sua filha era criada por sua mãe. “Ela registrou minha filha no nome dela. Quando sai, ela não me aceitou, como não aceita até hoje”, disse.

Liberdade e Prisão
“Eu consegui me instalar na cadeia, e trabalhava lá. Me aperfeiçoei como costureira. Em 99 fui para o semi-aberto. Tinham me arrumado um emprego. Mas eu não sabia nem ir nem voltar. Depois me puseram na rua, em liberdade. Mas eu não queria voltar a roubar. Não queria nada disso”, ressaltou Silvia.

“Eu não tinha ninguém. Minha mãe já tinha morrido e eu não conhecia meu irmão. Procurei emprego, fiz um teste (profissional) e passei, mas não fui admitida porque tinha acabado de sair. O atestado de antecedentes me segurou. Quando vinha subindo a rua, aí encontrei alguém que tinha ‘tirado cadeia’ (tempo na prisão) comigo. Ela me convidou pra ir ao Mato Grosso do Sul. ‘Vou te levar para uma pessoa e você vai ganhar bem’. Fala o que fui fazer numa fazenda lá? Fui fazer droga. Fazer ‘pedra’. Depois de alguns meses estava viciada. Mesmo sem usar. Só com o cheiro daquilo. Quando descobri que estava viciada fiquei com raiva de tudo e de todos, até de Deus”, acrescentou.

 “Bruxa da cracolândia”
Quando sua fama já se tornava grande novamente, com o apelido depreciativo de “bruxa da cracolândia”, o amor de Deus a alcançou através de um projeto social desenvolvido há anos pela Junta de Missões Nacionais, da Convenção Batista Brasileira.

“Deus é misericordioso. Ele mandou um anjo”, diz Silvia, lembrando da abordagem de uma missionária. “Ela apareceu nas minhas costas, veio devagarzinho, me deu um abraço. E eu fiquei pensando: ‘como que uma pessoa, branquinha, bonitinha, dos olhos verdes, tem coragem de abraçar uma pessoa como eu?’”.

Esse anjo era a missionária Fernanda Toyonaga, que é voluntária do projeto social: “Ver ela naquela situação era muito doloroso, e aí eu queria entender o que acontecia para que uma senhora, naquela idade, estivesse jogada naquela situação”, explicou Fernanda.

Silvia explica que o gesto da missionária foi o passo inicial de sua mudança de vida: “Ela me trouxe esperança, vontade de viver, de ficar em pé”.

Sonho
Acolhida na “Casa Rosa”, onde acontece a primeira fase do tratamento para os dependentes que aceitam ser reabilitados, Silvia recebeu tratamento médico, completou o Ensino Fundamental e o Médio, e passou a sonhar com voos mais altos.

“Ela se tornou um referencial, porque ela está na faculdade, agora. Tem conquistado um espaço muito bacana”, disse Soraya Machado, sobre o curso de teologia que Silva está fazendo, para realizar o sonho de ser missionária.

“Eu quero ajudar, mas eu quero aprender. Eu quero dar porque estou recebendo muito”, explica Silvia, sintetizando o que o Evangelho significou na prática em sua vida. “Eu consigo sentir o que é ter paz. Eu tenho essa paz hoje. Eu só não sei explicar, mas que eu tenho, eu tenho”, acrescentou.

Ao final da reportagem, Silvia disse: “Isso é o que eu mais quero no momento: que as pessoas descubram que é bom viver. E viver bem”

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