23.8 C
Vitória
sexta-feira, 29 março 2024

Talentos capixabas em destaque

Antes de começar a ler esta matéria faça um teste bastante simples: tente se lembrar de, pelo menos, cinco nomes de músicos cristãos que sejam capixabas. É bem provável que você tenha conseguido pensar até mesmo em mais de cinco nomes. Isso porque o Espírito Santo tem mostrado cada vez mais seu potencial, revelando músicos de grande talento.

Para o produtor executivo e locutor da rádio A Cor da Vida, Wagner Ito, o Estado tem se firmado como um celeiro natural de grandes artistas. “Nós temos talentos em todas as áreas musicais, temos cantores excelentes, produtores competentes e músicos de altíssima qualidade, e é claro, grandes compositores”, afirma Waguinho, como é conhecido.

Para o locutor, a determinação de cada músico tem sido responsável por destacar o Estado no meio musical. “Acredito que a vontade de quebrar este paradigma, de que aqui não se faz sucesso, tem despertado uma vontade enorme de se provar exatamente o contrário, e isso, graças a Deus, já está acontecendo”, revela Waguinho.

O diretor da gravadora Praise Records, Reginaldo Almeida, explica que em seu trabalho consegue perceber o talento e a vocação dos músicos capixabas. “Nosso Estado é um referencial de bons músicos, produtores e cantores da música gospel. Sem dúvida, são cantores que tem surpreendido cada vez mais com a qualidade naquilo que fazem”, destaca Reginaldo.

- Continua após a publicidade -

Mas ainda que bastante talentosos, os músicos capixabas enfrentam grandes desafios. Um deles é a falta de uma estrutura profissional no Estado, para que possam desenvolver seus projetos. De acordo com o diretor artístico da Unirecords, Ivanildo Medeiros Nunes, um dos pontos que dificulta o mercado musical é o fato de o Espírito Santo estar fora do eixo das grandes gravadoras. “Temos apenas duas gravadoras no Estado, a Unirecords e a Praise, o que não é suficiente, pois o músico vive muito mais da produção do CD”, esclarece Ivanildo.

Mesmo com tais dificuldades, o diretor reconhece que, de fato, o Estado tem bons talentos. “Temos músicos muito bons aqui. Temos igrejas com três, às vezes, quatro bandas, e todas elas conseguem destacar bons tecladistas, bateristas, guitarristas. Conseguimos perceber um grande número de músicos de qualidade dentro das igrejas”, revela.

Para Ivanildo, as igrejas podem ser consideradas grandes responsáveis por revelar esses talentos, uma vez que são a primeira experiência musical desses profissionais. “A partir do contato com o ministério de louvor e o apoio das igrejas, muitos músicos começam a se profissionalizar. Considerando o número de igrejas que temos no Estado, se essa relação de apoio for mantida, teremos sempre um bom número de músicos evangélicos talentosos”, pontua Ivanildo.

A realidade de quem vive a música
Reconhecendo a qualidade dos músicos capixabas, e inclusive já tendo feito parte da banda Khorus, o produtor musical do estúdio Feito à Mão (FAM), Rodolfo Simor, avalia que o mercado da música está em transição, o que pode favorecer os profissionais do Espírito Santo. “Hoje qualquer pessoa pode ter uma página na internet, e um cantor capixaba pode divulgar sua música e levá-la para qualquer lugar. As pessoas já estão consumindo a musicalidade de maneira diferenciada”, pontua Rodolfo.

O produtor explica também que o mercado gospel é bastante diferente do mercado secular. “As pessoas acompanham mais a música cristã, existe uma fidelização maior”, destaca. Para ele, muitos cantores capixabas fazem mais sucesso fora do Estado, por perceberem em outros lugares maior disposição do público em conhecer novos cantores. “Esse é o exemplo da Aline Pignaton, que tem sido convidada para muitos eventos em Minas Gerais e no sul do País, mas aqui no Estado ainda é pouco conhecida”, afirma Rodolfo.

O produtor musical explica que o músico, cantor ou compositor, deve pensar em profissionalizar sua atividade, não deixando de viver a música como ministério, mas investindo em autopublicidade e gestão de carreira.

Para Wagner Ito, da rádio A Cor da Vida, essa é uma questão que atrapalha os músicos capixabas a ser reconhecidos nacionalmente. “Na maioria das vezes, falta apoio para esses cantores, tanto das emissoras de rádio quanto de TV aqui no Estado. Além disso, em muitos eventos, nossos artistas são colocados apenas para abrir alguns shows quando nem se tem público ainda. Considero que o respeito com o músico e o cantor capixaba deveria ser maior”, diz Wagner Ito.

O outro lado da história
O Espírito Santo, de fato, tem muitos músicos com talentos naturais e comprometidos com a vida ministerial. No entanto, não basta contar apenas com a habilidade natural ou o dom dado por Deus. A busca pela qualificação deve ser uma constante na rotina de quem lida com a música, para que o talento seja aprimorado e o músico possa crescer.

Para o maestro da banda da Polícia Militar do Estado e ministro de música da Assembleia de Deus em Aribiri, Vanderlei Rocha, existe pouco interesse dos músicos capixabas pela música de qualidade e também pouco investimento das igrejas. “Temos muitos cantores com musicalidade fantástica, mas falta aprimoramento. A qualidade técnica só é adquirida por meio do estudo”, destaca o maestro.

Ele explica ainda que a igreja é o berço de toda a música, já que “os maiores músicos de todos os tempos vieram da religiosidade” e, por isso, na opinião do maestro, a falta de reconhecimento das igrejas prejudica a formação profissional dos músicos. “A igrejas devem investir em um profissional capacitado. O grande problema é que elas querem que esses músicos trabalhem de graça. Um músico que não se qualifica não cresce musicalmente falando, e em qualquer profissão é preciso se dedicar e estudar. A música não deve ser encarada como um hobby, mas sim como uma profissão”, afirma o maestro.

O maestro Rocha cita o exemplo de um jogador de futebol com muito talento e habilidade, mas que se não houver investimento, ou seja, preparação física, cuidados com a alimentação, entre outros, não conseguirá se destacar na profissão escolhida. “Um músico talentoso tem que ter disciplina, aprimorar suas habilidades. E as igrejas precisam criar essa consciência de investir em seus músicos. Um talento que não recebe apoio acaba se perdendo. Talento sem investimento é um talento enterrado”, diz.

O diretor artístico da Unirecords, Ivanildo Medeiros Nunes, explica que a falta de apoio e investimento das igrejas acarreta ainda outra situação prejudicial para os músicos. “Aqueles que são apaixonados pelo ministério, que optam por viver apenas da música, muitas vezes se veem obrigados a tocar canções seculares, seja em eventos ou barzinhos, pois precisam garantir o sustento de suas famílias. E aqueles que vivem a música exclusivamente para o ministério o fazem exclusivamente por amor, pois, com certeza, enfrentam dificuldades pela falta de incentivo”, destaca Ivanildo.

A diretora musical da rádio A Cor da Vida, Magda Malta, aponta que a maioria dos cantores capixabas tem talento natural, ou seja, é autodidata. “Isso não quer dizer que não tenham qualidade técnica, pois esse talento é dom de Deus. Adquirir técnicas através do estudo só vem aprimorar e melhorar o talento que já é bom. Inclusive, sempre incentivo as pessoas a estudarem e aprimorarem o talento que tem, para que o executem com cada vez mais excelência”, afirma Magda.

O cenário começa a mudar
A exemplo do que acontece em muitas igrejas em outros Estados, de acordo com o diretor da Unirecords, esse cenário já começa a mudar. Ivanildo explica que algumas igrejas começaram a entender a questão musical com mais maturidade e começam a perceber a importância de investir em profissionalização. “Isto é uma coisa que ainda está começando, a questão de encarar o ministério de música de forma profissional e não apenas como uma atividade voluntária”, esclarece.

Na opinião do diretor, essa mudança, ainda que tenha um começo bastante tímido, será benéfica não apenas para o músico capixaba. “Na medida em que as igrejas forem investindo em seus músicos e estes, por sua vez, se qualificando, as bandas vão começar a crescer e se desenvolver. A partir daí todo um mercado de eventos vai se movimentar, bem como a produção musical e todas as áreas artísticas. Se as igrejas tiverem de fato essa consciência, o mercado musical no Espírito Santo só tende a crescer”, avalia Ivanildo.

Para o produtor musical do estúdio FAM, Rodolfo Simor, a boa interação entre os músicos capixabas também favorece o reconhecimento em outros estados. “O sucesso de alguns cantores, como Lauriete e banda Khorus, por exemplo, faz com que o público de fora e o mercado passem a ver o Espírito Santo com outros olhos, como uma referência. E outra coisa muito bacana que acontece é que esses cantores que se destacam sempre indicam novos nomes daqui”, revela Rodolfo.

A opinião de quem trilhou todo o caminho
Entre tantos talentos, o Espírito Santo tem nomes que já são destaque no cenário nacional. Trilhando um caminho nem sempre fácil, eles trazem para o Estado a referência de qualidade e dedicação, abrindo portas para novos profissionais.

Para a cantora Bruna Olly, ser reconhecida nacionalmente não depende do lugar onde você mora, e sim do trabalho que você desenvolve. “As pessoas geralmente falam que o centro cultural do Brasil está no Rio de Janeiro ou em São Paulo, mas temos grandes nomes na música gospel que vieram de outros lugares”, destaca a cantora.

O que diferencia um bom músico, diz Bruna, é o investimento feito em sua profissionalização. “Não basta saber cantar, você tem que saber exatamente o que está fazendo. É muito bom conhecer e poder opinar em todas as etapas do seu trabalho, desde a produção, a gravação e até mesmo a interpretação. É encarar a música como profissão de fato. Claro que muita gente nasce com o dom de cantar, mas esse dom deve ser aperfeiçoado”, afirma.

A busca pela excelência no trabalho deve ser uma constante também na avaliação do compositor e cantor Anderson Freire, bem como o bom relacionamento com outros músicos e profissionais do meio. “Com dedicação, qualidade e apoio de amigos que conhecem e respeitam seu trabalho e o ajuda a divulgá-lo, é possível se destacar. E é sempre bom você poder contar com as pessoas certas”, diz. O cantor aproveita para chamar atenção para outro detalhe que pode fazer toda a diferença: “Quando alguém fala do seu trabalho, faz a divulgação, é importante que você esteja preparado para surpreender, ir além, ter mais a oferecer. Dessa maneira, você começa a conquistar seu espaço”, revela.

Se muitos consideram difícil se destacar nos dias de hoje, em que estão disponíveis recursos e tecnologias que facilitam a comunicação, como a internet, por exemplo, o que dizer de 10, 20 ou 30 anos atrás? “Não foi nada fácil, mas foi uma conquista grandiosa”. O depoimento é da cantora Lauriete. Com 30 anos de carreira e grande expressão nacional, ela explica que, no início, não existiam programas de rádio ou televisão direcionados ao público gospel, o que dificultava muito a divulgação de seus trabalhos. “Sempre confiei no meu chamado ministerial e investi em uma boa música, me cerquei de uma boa equipe e me esforcei em oferecer um trabalho de qualidade para um público que é bastante exigente”, conta Lauriete.

Ter profissionais reconhecidos em nível nacional contribui para que o Espírito Santo se torne referência e abre caminho para novos profissionais da música. A banda Khorus acredita que essa interação seja favorável para o Estado. “A banda já soma dez anos de carreira e nos sentimos lisonjeados em representar o Espírito Santo. E sempre estamos atentos aos talentos que surgem aqui”, explica Tiago Leal, um dos integrantes da banda.

Para Anderson Freire, apoiar os músicos no Estado é também uma forma de agradecer o apoio um dia recebido. “Quando eu paro e penso em tudo o que fizeram por mim, me sinto convidado a também fazer pelos outros. E tenho indicado bons compositores por onde eu passo”, revela.

Poderíamos ter feito uma matéria com dezenas de talentos, mas optamos por dar destaque àqueles que têm contratos com gravadoras de projeção nacional e fazem sucesso também fora do Espírito Santo. Afinal, reconhecer o Espírito Santo como celeiro de talentos é um caminho natural. Potencial, qualidade e comprometimento são características presentes nos músicos capixabas, que, se receberem apoio e investimento das igrejas e buscarem aprimorar a técnica e maior profissionalização, colocarão o Estado como referência de música gospel de qualidade no Brasil.

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

- Publicidade -

Matérias relacionadas

Publicidade

Comunhão Digital

Publicidade

Fique por dentro

RÁDIO COMUNHÃO

VIDA E FAMÍLIA

- Publicidade -