O sexo foi criado por Deus para, além da procriação, proporcionar satisfação a homens e mulheres dentro do matrimônio
Por Patricia Scott
As Sagradas Escrituras revelam que o ato sexual foi criado por Deus não somente para a procriação, mas também para o prazer dos casais que estão unidos pelo matrimônio. Não à toa, no Cântico dos Cânticos, Salomão destaca momentos de intimidade com a amada.
“O meu amado é para mim como um saquitel de mirra, que repousa entre os meus seios. O meu amado é para mim como um ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi”, diz a amada em Cântico dos Cânticos 1.13,14. Já no versículo 16, ela afirma: “Eis que és formoso, ó amado meu, como amável és também; o nosso leito é viçoso”.
O pastor Osiel Gomes afirma que a Palavra de Deus condena atos sexuais praticados em desacordo com as normas bíblicas, mas em momento algum o prazer é visto pelo Senhor como anormal ou imoral. “A leitura de Cântico dos Cânticos, um livro canônico, mostra justamente como desfrutar a vida a dois sem nenhum sentimento de culpa”, prega o autor do livro “O Melhor do Sexo”, da Editora Vida.

Ele pondera que a mulher que deseja de fato conquistar seu cônjuge precisar vencer as próprias resistências e a timidez. Assim, na arte de expressar o amor, as palavras também são fundamentais e podem ser ditas de diversas formas. “Elas não faltam a quem se encanta com alguém ou deseja expressar seus sentimentos de amor e paixão (Gênesis 2.23)”.
Além disso, segundo o pastor, “contam ainda as atitudes lúdicas, ou seja, no ato sexual devem estar presentes as brincadeiras, o divertimento”. Osiel destaca que muitos casais, por estarem presos a velhas culturas e desligados do real entendimento sexual, adotaram uma postura séria demais e, hoje, vivem uma vida conjugal infeliz, um relacionamento frio e sem encanto.
O pastor aconselha que, na intimidade do quarto, marido e mulher se dispam de medos, receios e egoísmos. “Não há lugar para o narcisismo nem para exigências egoístas. Cada um deve ser um espírito livre, pronto a se aventurar e a se abrir para o outro, na busca da realização completa do prazer”.
Pastor Osiel considera que toda esposa bem informada sabe que o homem responde a estímulos visuais, por isso devem investir, por exemplo, em lingeries sensuais. “Mulher cristã casada e sábia sabe que precisa ser provocativa para o marido”.
‘Silêncio e negação’
“Não é de hoje que o sexo é envolto em silêncio e negação”, pontua a teóloga Kelly Cristina Gomes, que é terapeuta e mentora de mulheres, acrescentando que ainda falta conhecimento pleno da Palavra sobre o tema. “Somente a interpretação correta da Bíblia pode derrubar isso no meio cristão”.

Segundo Kelly, a Bíblia aborda aspectos significativos do sexo, que foi criado por Deus ao unir macho e fêmea (Gênesis 2.24). “Tanto os homens quanto as mulheres foram criados com desejo sexual”.
A terapeuta diz que a mulher deve conversar sobre sexo com o marido. “O diálogo tem por objetivo o entendimento mútuo sobre o interesse do outro no ato sexual. O que atrai o seu cônjuge para a noite de amor; o sexo no casamento é mais doação por amor do que satisfação prazerosa”, salienta.
Dádiva divina
Kelly ressalta que o sexo foi criado para proporcionar prazer e satisfação a homens e mulheres (Cantares 4.10). “O sexo foi parte da criação de Deus (Gênesis 1.31). O ser humano recebeu a dádiva de ser capaz de sentir prazer e deleite no casamento”.
Desse modo, o propósito de Deus, conforme a especialista, é que o casamento seja um relacionamento vitalício, fiel, permanente e responsável. Deus abençoa e aprova o sexo no matrimônio. “Em Gênesis 1.28, o mandamento ‘multipliquem-se, encham a terra’ é obedecido através do relacionamento sexual sadio, à luz das Escrituras Sagradas”.
Ela considera que a mulher cristã precisa estar ciente do seu papel na criação, mencionado em Gênesis 2.18. A partir dessa compreensão, ela entenderá qual é o propósito de Deus para a sexualidade humana.
“O termo em hebraico usado para designar essa mulher é ezer-kenegdo. Ezer significa prestar auxílio, socorrer, salvar. Em muitos trechos da Bíblia, a expressão é usada para se referir a Deus vindo socorrer a humanidade”, explica Kelly, que complementa: “Já kenegdo faz referência a alguém forte, que estará ao nosso lado na batalha, que estará ali para mudar, investir, proteger e melhorar”.
Isso significa, conforme salienta a terapeuta, que a mulher não é um ser inferior, mas alguém muito necessário. “Ela é mais do que uma companheira. Está ao lado do homem para ajudá-lo a cumprir o propósito de Deus, que ele não poderia realizar sozinho. (Gênesis 1.28; 3.16-19,23)”, comenta.