Descoberta em 1913 durante escavações para a construção de uma linha ferroviária no sul de Israel, a pedra pesa 52 quilos e mede 60 centímetros de altura
Por Patricia Scott
A tábua mais antiga conhecida com a inscrição dos Dez Mandamentos do Antigo Testamento pode alcançar até US$ 2 milhões (aproximadamente R$ 12 milhões) quando for leiloada no dia 18 de dezembro. Antes disso, a peça poderá ser vista a partir de 5 de dezembro no showroom da Sotheby’s, responsável pelo leilão em Nova York. Datada de cerca de 1.500 anos, da era Romano-Bizantina tardia, a pedra é um importante artefato do mundo antigo, embora tenha permanecido esquecida por séculos.
Descoberta em 1913 durante escavações para a construção de uma linha ferroviária no sul do que hoje é Israel, a pedra pesa 52 quilos e mede 60 centímetros de altura. O local original onde a tábua estava situada provavelmente foi destruído durante as invasões romanas entre os séculos 4 e 6 d.C. ou nas Cruzadas no final do século 6, explicou a Sotheby’s.
A tábua contém 20 linhas de texto, que seguem os versículos da Bíblia, comuns às tradições judaica e cristã. No entanto, dos Dez Mandamentos do Êxodo, faltam o mandamento “Não tomarás o nome do Senhor em vão”. Em seu lugar, há uma nova diretriz que instrui a adoração no Monte Gerizim.



Richard Austin, chefe global de livros e manuscritos da Sotheby’s, destacou em comunicado que “esta notável tábua não é apenas um artefato histórico de grande importância, mas também um elo tangível com as crenças que ajudaram a moldar a civilização ocidental. Encontrar essa peça do patrimônio cultural é uma viagem pelos milênios, conectando-nos com culturas e fés representadas por um dos códigos morais mais antigos e duradouros da humanidade.”
A pedra foi encontrada perto de antigas sinagogas, mesquitas e igrejas, e está inscrita em Paleo-Hebraico com as leis bíblicas. No entanto, sua importância não foi inicialmente reconhecida e a pedra foi usada como pavimento na frente de uma casa por cerca de 30 anos, com a inscrição voltada para cima, ficando exposta ao intenso tráfego de pedestres.
Em 1943, a pedra foi vendida a um estudioso não identificado, que a reconheceu como um importante Decálogo Samaritano, contendo os preceitos divinos centrais para várias religiões. Acredita-se que a tábua tenha sido originalmente exibida em uma sinagoga ou residência privada, de acordo com a Sotheby’s. O Samaritanismo, religião monoteísta baseada nos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, considera o Monte Gerizim, na atual Cisjordânia, como o local sagrado de Jeová, em vez do Monte Sião.