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sexta-feira, 19 abril 2024

Sustentabilidade – um desafio para o Cristianismo também!

A palavra “sustentabilidade”, em geral, está ligada às questões ambientais e biodiversidade, fazendo parte da temática de discussões atuais nos meios governamentais, nas mídias e até mesmo no meio empresarial ao disponibilizar produtos chamados “verdes”.

Mas a sustentabilidade é um conceito tão antigo quanto a criação do mundo, quando Deus incluiu princípios matriciais ou arquetípicos que dão sentido ao Universo e à vida humana. Em geral os teólogos afirmam que Deus nos criou para a sua glória. Esta afirmativa teológica, que está correta, é ainda muito abstrata e precisa ser estendida à compreensão da prática diária da vida. Assim, partindo do princípio ensinado sobre Jesus sobre os dois grandes mandamentos, podemos entender que viver para a glória de Deus envolve viver em amor e harmonia com Deus, comigo mesmo, com o próximo e (incluindo pelo sentido geral da Bíblia) com a natureza criada.

Na narrativa da criação Deus deu ao ser humano a primeira tarefa: gerir a obra criada (Gn 1.26,27). Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Depois da queda a terra passou a produzir ervas daninhas e também foi afetada pela entrada do pecado no mundo que, neste caso, indicaria a ação humana em sentido inverso de sua razão original.

A sustentabilidade, além da aplicação ambiental, tem a ver com o plano da criação e faz parte intrínseca da natureza humana. Assim, podemos deduzir alguns princípios que indicam que a sustentabilidade envolve:

  • A natureza geral da criação: ao criar o mundo em seis dias e o sétimo houve paralização total de qualquer ação (conceito de shabat), Deus deu à natureza criada, que hoje chamamos de ambiente, a necessidade de ter sua autorecuperação. No Pentateuco há lei ambiental que determina que a terra poderia ser lavrada por 7 anos e ter um ano de “repouso” para sua recomposição orgânica. O mundo tecnológico e mercantil deu um jeito de manter a terra sempre produtiva criando adubos e fertilizantes químicos e a contaminação do solo e ambiental hoje assola nosso planeta. A sustentabilidade, um dos arquétipos da criação, deixa de ser considerado e traz prejuízo para a manutenção e preservação da vida;
  • A saúde humana: o princípio anterior do “shabat”, do descanso, do cessar as atividades para a celebração de nossa comunhão com Deus também nos dá oportunidade de recomposição espiritual, mental, afetiva e física, que, não apenas no mundo corporativo tem sido desrespeitado, mas também no ativismo dominical. Veja que para nós cristãos o “shabat” é o domingo que seria o dia de celebração e descanso e tornou-se o “dia do cansaço”. Nosso Cristianismo tem se reduzido a programas, atividades, estrutura e eventos prejudicando a sustentabilidade de nossa vida espiritual, mental, emocional.

Vemos assim, que a sustentabilidade não é tema apenas dos ambientalistas, mas essencialmente deve estar presente na agenda temática do Cristianismo, das igrejas, comunidades, dos cristãos, pois faz parte da missão profética que Deus deu à igreja.

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João Carlos Marins é palestrante e especialista no tema responsabilidade social

 

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