Animação foi desaconselhada pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Líderes religiosos dizem que desenho é uma afronta aos valores cristãos.
A animação brasileira Super Drags, produção da Netflix, entrou no catálogo do streaming nesta sexta-feira (9). No cartaz do desenho aparece um aviso dizendo “só para adultos, querida”, mas a Classificação Indicativa é de 16 anos.
O seriado se propõe a mostrar a vida de três homens que se vestem de mulher e transformam em drags com superpoderes. O cantor trans Pabllo Vittar é um dos dublares. O programa estreou com cinco episódios de 25 minutos.
O desenho animado, que foi lançado no dia 31 de outubro, é polêmico. Tem palavrão, conteúdo sexual e até violência. Líderes religiosos condenam a animação. “É um ataque aos valores judaico cristãos, uma conspiração contra a família, conforme instituída por Deus, no esforço de estabelecer a ditadura gay”, declarou o rev Hernandes Dias Lopes.
“Essa animação afronta totalmente tudo que condiz contrário aos valores morais da criação. A Igreja precisa se manifestar urgentemente com ensinos gratuitos aos pais e filhos nas igrejas e nas casas e nas redes sociais”, aconselhou o pastor Paulo Lima, da Igreja Comunidade da Família, do Rio.
Repúdio
Esta semana, uma petição pública virtual foi iniciada, pedindo o cancelamento do lançamento e a “retratação pública da Netflix”. Mais de 15 mil pessoas assinaram o documento. (Acesse aqui para saber mais sobre a petição)
Na semana passada, a Frente Parlamentar pela Defesa da Vida e da Família do Congresso Nacional divulgou uma nota de repúdio à Super Drags. Para os deputados, o desenho “retrata assuntos de cunho moral de forma obscena e não educativa”.
“Pais e mães precisam ficar atentos ao conteúdo que seus filhos estão acessando na TV, internet, celular e outras mídias. O desenho faz parte das tentativas sórdidas de influenciar sexualmente nossas crianças”, destacou o vice vice-presidente da Frente, deputado federal Alan Rick (PRB/AC), que também é pastor.
Surgimento
A animação nasceu de uma conversa entre os criadores, Fernando Mendonça e Anderson Mahanski, enquanto aguardavam o metrô numa sexta-feira após o trabalho no Combo Estúdio, há mais de dois anos.
A ideia era mostrar as diferentes vozes que existem na cena gay. Na segunda-feira seguinte, eles já tinham o conceito do desenho quase pronto na mesa do produtor-executivo Marcelo Pereira. Veja abaixo uma pequena entrevista com os criadores da animação.
Alerta
Muito antes de sua estreia, organizações já alertavam para o conteúdo. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) foi um deles. Em julho, o órgão se manifestou formalmente contra o programa, que considera “impróprio” para crianças.
Em nota, a entidade – que reúne cerca de 40 mil especialistas na saúde física, mental e emocional – afirma que é preciso fazer um alerta “para os riscos de se utilizar uma linguagem iminentemente infantil para discutir tópicos próprios do mundo adulto” e chega a pedir que a série não fosse exibida.
Confira o trailer do desenho
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