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quinta-feira, 28 março 2024

2020: sonhos não envelhecem

O melhor remédio para o exílio existencial é sonhar. “Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha.” (Salmo 126)

“Porque se chamam homens, também se chamam sonhos e sonhos não envelhecem”, disse o poeta brasileiro apaixonado pela imensidão da vida. Milênios antes, celebrando os grandes feitos do Senhor, afirmou o salmista que “quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha.” (Salmo 126).

É bem possível que esse salmo esteja relacionado à volta do exílio da Babilônia, narrado no livro de Esdras, ocasião sem igual na história do povo de Israel. Mas, a verdade é que não precisamos ir ao Oriente Médio para encontrar o estado de exílio.

Exílio é estar longe de casa. O dicionário define o exilado como aquele foi obrigado a fugir da convivência. Mas, talvez hoje o pior seja o “exílio de si”. Gente que se prendeu dentro de si mesma. Os que, por conta das inúmeras lágrimas, se fecharam para o mundo e para o outro, caçadores de si.

Fato é que nos exilamos dentro de acontecimentos, de um momento de enorme dor. Prendemo-nos dentro daquilo sem conseguir sair, ficamos sem rumo. Ou pior, às vezes, outros nos prendem e não conseguimos voltar. Há crises que procuramos, outras chegam implacavelmente até nós.

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Nos exilamos dentro de nossas perdas, frustrações, maus negócios e angústias. E, assim, ficamos longe da casa, longe de nós mesmos. Temos também pessoas exiladas dentro da própria casa, junto dos lindos talheres que não usam, das louças guardadas para a ocasião que nunca chega, dos tão belos cristais já empoeirados dentro dos baús.

Tem gente exilada em uma lágrima escorrida há muito tempo do rosto ou que não para de escorrer. A boa noticia é que “os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão” (vs. 5) e que “quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes.” (vs. 6)

O melhor remédio para o exílio existencial é sonhar. O Eterno é especialista em transformar lágrimas em sonhos. Sendo um pequeno e aventureiro intérprete da imensidão do texto bíblico, ouso dizer que Deus age na vida de quem sonha. Ou ainda, sonhar é amar as maravilhas que Deus tem reservado para quem crê.

Certo é que alguma coisa aconteceu com o povo de Israel que as bocas cheias de amargor se encheram de risos, e as línguas de murmuração transformaram-se em júbilo (vs.2).

Qual foi o milagre? A libertação foi um deles. Mas o principal: eles reconquistaram a capacidade de sonhar. Então, vamos ao espelho, fitamos os olhos nas lágrimas e fazemos cara de quem sonha. Olhamos para o exílio com cara de restauração. Porque o Deus que restaurou a sorte de Sião, continua restaurando a nossa sorte e nos permitindo sonhar.

Que o ano que se inicia seja repleto de sonhos. É provável que nem todos se realizem. Ainda assim, eles servirão para nos tirar do exílio. As lágrimas virão, os anos vão passar e todos ficaremos marcados pelo tempo, entretanto vamos continuar sonhando, porque, como disse o poeta, homens são feitos de sonhos e sonhos não envelhecem.

Feliz 2020, um ano de muitos sonhos a realizar.

Raphael Abdalla é pastor titular da Primeira Igreja Batista em Guarapari. graduado em direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e em teologia pelo Centro de Formação Teológica Batista do Espírito Santo (CETEBES).


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