Dizer o que pensa e sente, sem dissimulação ou maldade é uma das características das pessoas consideradas sinceras
Por Lulinha Tavares
“Comigo é assim: eu falo na cara; digo o que penso”
Auto lá! Sinceridade não é tudo, você pode estar sinceramente errado!
A palavra “sincera” deriva do latim – da junção das palavras sine e cera.
A tradicional origem dessa palavra conta que escultores romanos desonestos, ao esculpir as suas estátuas de mármore – para esconder trincas ou imperfeições no material – usavam uma cera especial para ocultar as mesmas a fim de que o comprador não percebesse.
Com o tempo as pessoas descobriam tais imperfeições e davam o nome de “cum cera”.
Por outro lado, os escultores honestos faziam questão de mostrar que as suas estátuas eram “sine ceras”, ou seja, sem defeitos escondidos.
A sabedoria nos ensina que devemos sim ser honestos e sinceros naquilo que falamos e da forma que agimos. Porém deve haver congruência entre o tempo e o modo.
Corremos o risco de falarmos a coisa certa, pra pessoa certa na hora errada, ou falarmos a coisa certa, na hora certa, mas para a pessoa errada.
E mais – o que é muito perigoso e tem acontecido muito nas redes sociais: Com sinceridade falarmos (ou repassarmos) a informação errada pensando que é certa.
Um pouco de prudência e canja de galinha não faz mal a ninguém – como diz o antigo ditado popular.
Cuidado! dizer o que pensa e sente a todo tempo e de qualquer modo está mais para infantilidade e imprudência do que para sinceridade.
Lembre-se que o sábio não desperdiça palavras!
Ao longo da minha vida eu coleciono muitas histórias lamentáveis em minha trajetória onde me sobrou sinceridade e me faltou sabedoria. E isso me causou grandes problemas que poderiam ter sido evitados.
O tolo revela todo o seu pensamento, mas o sábio o guarda até o fim (Provébios 29;11 ARC)
Na sua sinceridade e julgando estar fazendo a coisa certa Saulo perseguia implacavelmente os cristãos, até encontrar-se com Jesus e descobrir que estava sinceramente errado.
Aquela mulher samaritana era uma sincera adoradora, que com o seu coração puro e pensando estar fazendo o que era reto diante de Deus, se curvava diante do monte Gerizim.
Ao encontrar Jesus e perguntar-lhe aonde era o verdadeiro local de adoração – se em Gerizim ou em Jerusalém – recebe uma libertadora resposta de Cristo:
Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.
Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
( João 4: 21 e 23)
Jesus revela para ela que não questão de local e sim de modo: Em e espírito e em verdade. Esse “espírito” com letra minúscula tem o sentido de sinceridade ou inteireza de coração e em verdade, ou seja, reverenciando ao Deus verdadeiro.
Encontramos muitas pessoas que, com toda sinceridade estão buscando, adorando e entregando as suas vidas a um deus que nada poderá fazer por elas. Portanto estão sinceramente erradas.
Por outro lado, encontramos cristãos que estão em verdade – que conhecem o Caminho e a Verdade, porém, não o buscam em espírito e com a sinceridade requerida por Aquele que nos amou, nos escolheu e nos chamou para sermos sal e luz. Daí corremos o risco de sermos as pessoas erradas no lugar certo e diante do Deus verdadeiro.
Siga bem, em paz e feliz.
Lulinha Tavares é coach esportivo, formado em Educação Física, MBA-FGV/FIFA/CIES, especialista em Psicologia do Esporte, empresário, pastor e líder da Igreja Batista da Graça em Queimados (RJ)