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segunda-feira, 18 março 2024

O Sexo que Deus criou

Foto: Reprodução

À luz da Bíblia, conclui-se que a imagem deturpada da sexualidade ou do sexo tem sido uma estratégia de Satanás desde a queda do homem, por causa do pecado

Sexo foi criado por Deus para ser desfrutado dentro do casamento, como uma forma de unir plenamente homem e mulher. Entretanto, a sociedade tem caminhado, cada vez mais, para o desconhecimento do assunto, tornando-o um ato banal e impuro, muito distante daquilo que Deus preparou para o casal. Desde a queda do homem, a essência do que Deus planejou tem se perdido e cabe a cada cristão o repasse do real entendimento sobre o assunto.

Há apenas três décadas o assunto sexo era tratado como tabu pela sociedade. Quem nasceu nesta época vai se lembrar bem da história da sementinha, ou do pé de alface, ou mesmo da cegonha. Anos se passaram e a história da cegonha já era! Hoje o filho pergunta ao pai como ele nasceu e, caso não tenha a resposta, com certeza a televisão ou a internet responderão. Afinal, é só consultar o Google, não é mesmo? Não que a história da cegonha fosse a mais apropriada, mas o fato é que o conhecimento sobre o assunto era mais tardio e menos explícito.

O que se observa é que, com o passar do tempo, muita coisa mudou e a atitude conservadora dos anos 50 foi aos poucos sendo substituída por outras, cada vez mais “libertárias”, fruto de sucessivos movimentos sociais como os hippies, com sua pregação sobre o “amor livre”, o movimento feminista, que visava a retirar a mulher do papel de dona-de-casa e colocá-la no de trabalhadora, e o surgimento da pílula anticoncepcional – isso sem mencionar a popularização das idéias de Freud, que espalhava aos sete ventos que todos os problemas da humanidade tinham origem sexual.

Hoje o sexo se tornou um tema banal e a sua verdadeira essência tem sido esquecida, ou seja, a de que Deus o criou para a plenitude do homem e da mulher no casamento. O fato é que a sociedade caminha em direção ao enfraquecimento dos conceitos da moral e, principalmente, do Cristianismo. A deturpação está em todos os meios de comunicação existentes, onde o sexo é regularmente mostrado de forma mais ou menos explícita, mas sempre com intuito comercial. E assim a mídia perpetua a banalização, abordando desde “como surpreender o homem na cama”, “como ser uma mulher irresistível”, “guia de posições sexuais”, até dicas para “seu homem ou mulher enlouquecer” – tudo, menos que Deus o considerou belo e o planejou para o bem da humanidade.

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À luz da Bíblia, conclui-se que a imagem deturpada da sexualidade tem sido uma estratégia usada por Satanás desde a queda do homem, por causa do pecado. O conhecimento do bem e do mal fez com que o elo com Deus fosse quebrado e, por isto, imediatamente Adão e Eva se cobriram (Gênesis 3.7). Separados de Deus, sentiram vergonha e tornou-se turva a forma pela qual O enxergavam, ou seja, como Ele realmente é. Neste contexto, o pecado foi sinônimo de destruição de vidas e cidades, como Sodoma e Gomorra (Gn 18.20), dizimadas por causa de suas atitudes pecaminosas. E vários outros exemplos são citados no Livro de Deus.

Nesses tempos finais, proféticos, o sexo continua uma grande arma nas mãos do inimigo, que tem sabido utilizá-la com muita astúcia. Resta então à Igreja restaurar o conceito deixado por Deus nas Escrituras, de que sexo está bem longe do feio e do impuro. O pastor e psicanalista Elson Amaral Garcia ressalta que a igreja do Senhor não pode aceitar a banalização e a deturpação e deve proteger a famíĺia. Deve, sim, explicar o papel do homem e da mulher no propósito da criação de Deus. “Não podemos deixar que o pecado contamine o propósito de Deus, que é a família. Precisamos nos reportar à Palavra de Deus e aplicá-la da forma adequada, ensinando o que é correto”.

Elson descreve inclusive que as igrejas também não estão livres da banalização do assunto, tudo pela falta de entendimento de seus membros. “O povo peca por não conhecer as escrituras, isto é bíblico. Outra coisa, um casal não vai sozinho para a cama. Ele leva outras quatro pessoas, isto é, as histórias dos pais dos cônjuges, que se refletem na sua concepção do assunto. O maior problema é quando o amor fica restrito somente ao Eros, ao amor sexual – que deve existir dentro do casamento (I Coríntios 13:4-7), mas deve estar debaixo da unção de Deus, para o crescimento de ambos”.

O casal Maxielly e Junior Santicelli dizem que belos casamentos estão sendo desfeitos por desvios e falta de educação sexual. “Não deveríamos nos envergonhar de tratar desse assunto desde a infância. Sexualidade e casamento são temas urgentes em nosso contexto histórico. Estamos perdendo os referenciais bíblicos para a boa relação sexual”, argumentou Júnior, apontando que “distúrbios” sexuais dos cônjuges têm sido a causa de várias separações. “A maior parte desses problemas já tem tratamento e profissionais para corrigir tais deficiências. Nas comunidades cristãs que têm discutido com mais seriedade esse assunto, percebe-se que o nível de conflito dentro do casamento é menor, uma vez que o sexo, tão importante no relacionamento, tem o poder de levar equilíbrio mesmo em momentos de adversidades”, focou.

Problemas sexuais por causa da desobediência

O livro de Gênesis, considerado o livro dos começos, relata que Deus criou primeiro o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1.27), tendo o papel de ser líder, provedor e protetor. Vendo que ele não poderia viver sozinho na Terra (Gn 2:18), Deus fez uma mulher, criada para complementar Adão e ajudá-lo a cumprir a tarefa que lhe havia dado como mordomo da criação; e a levou até ele (Gn 2.21 a 23) e consagrou a união, indicando: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher e eles se tornarão uma só carne” (Gn 2.24).

Sendo Ele o projetista, sabia que havia colocado dentro do homem o desejo sexual para testemunhar a profunda relação de amor de seu filho Jesus com sua igreja. “Porque o marido é a cabeça da mulher como também Cristo é cabeça da igreja (…) assim como a igreja está sujeita a Cristo, (…) as mulheres sejam em tudo sujeitas aos seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Ef. 5;23-24). Uma relação recíproca onde a união sexual é o ápice de “uma só carne”, que se dá quando existe pureza, companheirismo e comprometimento mútuo na vida sexual.

O doutor em Ministério Familiar e diretor da Sociedade Religiosa Lar Cristão, Jaime Kemp, informou que mais de 40% dos seus aconselhamentos relacionam-se a problemas sexuais. Explica que a Bíblia reconhece a intimidade sexual conjugal como uma experiência normal e necessária na vida, criada com pelo menos três propósitos: procriar (Gênesis 1.28,29); evitar a imoralidade (1 Coríntios 7.1-5) e dar prazer (Provérbios 5.15-19). Kemp destaca que mesmo cristãos habituados à leitura da Bíblia ignoram o que ela diz sobre sexo. Ele exemplifica com o livro de Cântico dos Cânticos onde alguns intérpretes, sentindo-se desconfortáveis com sua declarada sexualidade, tentaram defini-lo como uma alegoria espiritual, uma vez que é realmente uma terna descrição do romance entre o rei Salomão e sua esposa Sulamita.

“A primeira descrição feita por Salomão de sua amada (1.10,15) é um breve e simples retrato de seus olhos, rosto e pescoço. Na cultura da época, o corpo inteiro das mulheres era coberto, com exceção do rosto. Então, Salomão começa a descrever o que era possível enxergar em Sulamita. A segunda narrativa partiu da noite de núpcias (4.1-7), onde ele descreve o corpo de sua esposa, começando por seus olhos, lábios, pescoço e seios. A terceira (7.1-9) vem após o casal já estar casado há algum tempo e o quadro expõe algum tipo de conflito. Esta narração é, sem sombra de dúvida, a que revela maior intimidade. Salomão descreve sua esposa da cabeça aos pés. A intimidade sexual do casal cresceu na proporção do tempo em que estiveram juntos”, lembrou Kemp.

Casal unido não dispensa sexualidade

Sexo dentro dos propósitos de Deus só apresenta benefícios. Estabelece a comunicação e promove bem-aventuranças no espírito, na alma e no corpo, pois envolve o indivíduo em sua plenitude. “Um casal que tem vida sexual ativa e saudável desenvolve todos os sensores de comunicação do corpo humano.

Através do sexo, é possível comunicar ao outro afetividade, ternura, comunhão, carinho e, principalmente, regozijo e renovação das energias. O casamento que é pautado na Palavra e orientado pelo Espírito não dispensa a sexualidade, mas contém sempre responsabilidade e respeito entre os cônjuges”, afirmam os diretores do Ministério Casados para Sempre no Espírito Santo, Ubyratan e Luiza Fonseca.

Eles contam que “a maioria dos casais que estão em conflito, têm como primeira atitude parar com o ato sexual, e com isso a comunicação e o diálogo são automaticamente cortados, o que é lamentável”.

O pastor e psicanalista Gilvandro Salles vai além, e diz que “o sexo é santo”, acrescentando que entender o sexo do ponto de vista de seu Criador é chegar ao estágio de viver o amor, a alegria, o prazer, o êxtase e a magnitude da melhor sensação que um homem e uma mulher podem viver dentro do plano de Deus para suas vidas e união.

“O sexo vai além de dois corpos nus se entrelaçando. O verdadeiro sexo tem beleza bíblica e poucos percebem que nele está a maior de todas as educações sexuais já ensinadas ao homem e a sua mulher: o poder de cortar o cordão umbilical emocional de filhos com os seus pais para viverem um amor chamado uma só carne (Gn. 2: 24). Jamais o prazer sexual de um casal nos desígnios de Deus poderá ser tão limitado quanto aquele que não passa a fronteira do prazer da carne. O verdadeiro sexo quase se perdeu por causa do pecado, mas pela misericórdia de Deus ele não foi consumido”, complementou.

O conhecimento que leva ao entendimento

Uma das consequências do sexo fora do que Deus estabeleceu é a falta de comunicação entre o casal. O pastor Jaime Kemp lembra que a relação íntima entre um homem e uma mulher desenvolve-se através do tempo e cresce com o conhecimento mútuo.

“A experiência é gradativa e varia de casal para casal. Não é possível estabelecer regras. Há pessoas que querem criar uma intimidade artificial, porém, há coisas que não dá para forçar”.

Kemp compara o ato de conquista à retirada da primeira habilitação de motorista. “Todos se lembram das horas que passaram treinando para o exame prático. A maior dificuldade era coordenar a embreagem com o acelerador. Você se lembra de quando retirou o pé da embreagem e o carro começou a dar trancos? Depois de anos de prática, tudo ficou mais fácil, não é? Você aprendeu, mas foi necessário investir tempo”, apontou, afirmando que o mesmo ocorre no que diz respeito à intimidade que conduz a um relacionamento sexual realizador.

“Muitos dos casais que tenho aconselhado confessaram que suas expectativas sexuais eram altas demais. A idéia passada por Hollywood é que quaisquer duas pessoas podem passar a noite juntas e experimentar um barulhento orgasmo. Porém, não é bem assim que as coisas funcionam. O cronômetro varia de casal para casal e não há como generalizar. Só dá para dizer que, quanto mais tempo com qualidade for investido pelo casal, maior será a possibilidade de se desenvolver um bom relacionamento”, disse.

Kemp explica: “Se quisermos desenvolver uma vida sexual recompensadora, devemos aprender a diminuir o ritmo, fazer intervalos e criar oportunidades” e lembrou mais uma vez de Cânticos (7.10-12), quando Sulamita verbalizou seu amor por Salomão, sugerindo que tirassem umas férias no campo.

“Ela sabia a importância do tempo a sós com o marido, longe de casa, das responsabilidades, para que ambos pudessem relaxar e um ser o centro da atenção do outro. Esse tempo de férias a dois precisa ser planejado e colocado na agenda familiar. Pode até parecer algo impraticável, egoísta e não espiritual, mas longe disto; os casais precisam dedicar algum tempo exclusivo para sua intimidade e desfrute sexual”.

Portanto, não há motivos para considerar o sexo como algo pecaminoso. Longe daquilo que a sociedade tenta impor, os cristãos devem ter em mente que sexo é bom. Deus o criou para construir um relacionamento matrimonial eficaz, com base no deleite mútuo.

Deve-se então reconhecer que a sexualidade é parte integrante do ser humano, a qual deve ser valorizada e respeitada e não ignorada, deturpada ou negada. É preciso compreender o verdadeiro propósito do sexo para, enfim, eliminar de vez os mitos e ideias erradas sobre o assunto, vivendo a plenitude proposta pelo Criador.

A matéria acima é uma republicação da Revista Comunhão. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi escrita.

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