Voluntários amenizam a fome de moradores em situação de rua de Belo Horizonte (MG). Através do projeto “Marmitando com amor”, da Igreja Adventista, mais de 100 pessoas foram beneficiadas com refeições
Para quem não tem casa em tempos em que o isolamento é essencial para a proteção do coronavírus, a solidariedade da igreja tem feito a diferença. Em Belo Horizonte (MG), um grupo de voluntários da Igreja Adventista tem saído às ruas para entregar marmitas e saciando a fome dos sem teto.
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Por conta da pandemia, as entregas de marmitas passaram a ser intensificadas. Durante a semana, outras igrejas também tem se envolvido nesse projeto e feito entregas em áreas de periferia e concentrada circulação de moradores de rua.
Sem teto
Davison é um dos 7 mil moradores em situação de rua* de Belo Horizonte que por dois motivos tem lutado em tempos de pandemia. O primeiro, pela necessidade básica do ser humano, que é a busca por alimento. O segundo, por questão de saúde pública, que consiste em não ser contaminado pelo novo coronavírus.
“Agora, mais do que nunca, percebemos que as pessoas estão sentindo mais fome”, relata o pastor Marcelo Moreira. Com ruas vazias, não há pessoas para doarem e, consequentemente, a fome acaba sendo maior ainda. Além disso, famílias estão tendo dificuldade para pagar os aluguéis e as vias públicas têm se tornado moradia.
“O meu pedido é que o mundo inteiro fique em paz”
Durante a ação, os voluntários encontraram com Paulo Norberto de Souza, 58 anos, e mais um casal, com nomes não identificados. Após a entrega do alimento, o pastor Wayster Dias perguntou se eles aceitariam orar. Os três concordaram. Um deles externou um único desejo. “O meu pedido é que o mundo inteiro fique em paz”. E com esse apelo, a oração foi feita.
Ao término oração o pastor desabafou. “Percebe que eles não pedem bens materiais? Eles querem saúde e paz. Muitas das vezes temos muito em casa e só reclamamos”, analisa.
Satisfação e solidariedade
A professora Márcia Silva, de 50 anos, que participou pela primeira vez do projeto, se sentiu tocada.”Só quando nos envolvemos em uma ação como essa é que vemos qual é a real necessidade deles. A gente tem tanto e não valoriza. O pouco que fazemos por eles já é muito”, destaca.
Em uma sacola, Márcia carregava frascos de desodorante para entregar com as marmitas. “As pessoas pensam que quem está nas ruas não tem preocupação com a higiene pessoal, mas eles têm. Só falta condições para fazer”, explica.