O ressentimento é provocado pelo que as pessoas pensam, dizem ou fazem conosco
Por Erasmo Vieira
Anos atrás, a revista Time publicou na capa a foto de um homem chamado Leonard Holt. Ele trabalhava num laboratório da Pensilvânia, nos EUA, por 19 anos. Foi líder dos escoteiros, pai amoroso e frequentador assíduo de uma igreja. Esse homem, um dia, pegou duas pistolas e matou friamente vários de seus colegas. Motivo: seus colegas haviam sido promovidos ao longo dos anos e ele, não. Abaixo de sua foto, a revista estampou a manchete: “Responsável, Respeitável, Ressentido”.
É isto que o ressentimento faz. É o sentimento em marcha à ré. Sentimento de mágoa, melindre que, reprimido, se expressa de maneira desequilibrada.
O ressentimento é provocado pelo que as pessoas pensam, dizem ou fazem conosco. E o palco principal do ressentimento? O lar. São das pessoas mais próximas, que geramos expectativas de aceitação e disponibilidade.
O ressentimento é inútil. A coisa mais pesada que você pode carregar em seus ombros é o ressentimento. Não importa o quanto você nutre um ressentimento. O certo é que a coisa só vai piorar.
O ressentimento é uma doença. Em Provérbios 26:23 lemos: “Como uma tinta prateada pode cobrir um vaso de barro comum, assim palavras amigas podem disfarçar um coração cheio de más intenções”. Esse é o perfil da pessoa ressentida, magoada. O seu interior é corroído por pensamentos e ideias más. O que realmente prejudica é o que está corroendo o coração. Não é o que entra, não é o que sai, mas é o que fica que causa o problema. Provérbios 15:13 diz: “O coração bem disposto é remédio eficiente, mas o espírito oprimido resseca os ossos.” E Pv 17:22b diz que “…a tristeza na alma acaba com a saúde do homem”.
Como curar o ressentimento?
Sugerimos quatro passos:
Primeiro: admita que está ressentido. Amargurado. Diga isso claramente para você em vez de ficar se enganando. Confesse sua mágoa, não finja. Somos criados para não expressar sentimentos. Mas a expressão é o começo da cura. Procure um psicólogo, um amigo e fale de sua dor, sem rodeios.
Segundo: perdoe quem magoou você, libere-o, deixe-o ir. Temos a tendência de ser o que pensamos. O ressentimento faz você ficar parecido com seu ofensor. Às vezes a pessoa nem lembra mais que o ofendeu. Perdoe. Jesus deu-nos a conta: 70 vezes 7. A questão é que pensamos no perdão como ato. Não é. É um processo contínuo. Cada vez que a memória foca o problema que machuca, você exerce o perdão. Até perceber que aquilo não machuca mais. Esta é a coisa certa para se fazer de modo a ficar bem com você mesmo.
Terceiro: mude seu jeito de pensar. Nossa memória tende a se fixar nos traumas do passado. Na culpa. Na dor. Solte sua memória e a dirija para o lado agradável de sua vida. Boa memória é parte de sua felicidade. As ações são os melhores interpretes do pensamento.
Quarto: saia para a vida e enfrente. Depressão, isolamento e amargura são características do ressentido. Isso é adoecedor. O que pensaram, disseram ou fizeram com você, conta. Mas a vida é mais do que isso. Não é a ação dos outros que vai fazer você feliz. Pelo contrário, são seus pensamentos, suas palavras e suas ações. Sua escolha é o que determina seu destino, sucesso e felicidade. Escolha não ficar ressentido e viva mais saudável e feliz.
Erasmo Vieira é psicólogo e pastor