Como a fé ajuda a atravessar as tempestades e a importância de ensinar resiliência aos filhos
Por Patrícia Esteves
Como você reagiria se estivesse em uma lancha em alto-mar e percebesse que tudo parou de funcionar? Quando percebeu que o motor da lancha havia parado e o rádio não funcionava mais, o empresário Maikel Araujo dos Santos, de 42 anos, entendeu que estava em perigo. Ele e o amigo, o pescador Ronald Menezes, tinham saído para uma pescaria em Anchieta, no litoral sul do Espírito Santo, e acabaram à deriva por mais de 50 horas em alto-mar.
Nos dois primeiros dias, tentaram de tudo: improvisaram uma vela com uma camisa e uma capa, comeram peixe cru e buscaram ajuda de embarcações que passavam longe demais. No terceiro dia, sem saber se resistiria, Maikel gravou um vídeo de despedida para a esposa, grávida de sete meses, pedindo perdão por ter se arriscado e dizendo: “Quero dizer que vou lutar bravamente pra tentar voltar. Te amo muito, me perdoa. Eu quero ver nossa filha nascer”.
Ele não sabia, mas naquele momento já se movia na direção do resgate. Um rebocador a serviço da Petrobras avistaria a lancha horas depois, encerrando uma travessia marcada por medo, oração e esperança.
A força que vem de dentro e de cima
Histórias como a de Maikel nos lembram que a resiliência não é apenas resistência física, mas uma força interior que se apoia na fé. A psicóloga Queila Rodrigues Mendes, que congrega na Missão Praia da Cista, em Vila velha/ES, explica que essa capacidade de manter a esperança em meio ao caos é desenvolvida ainda na infância, especialmente por meio do exemplo dos pais.
“Quando os pais acolhem as emoções dos filhos e, ao mesmo tempo, demonstram confiança em Deus, eles estão ensinando, sem palavras, o que é resiliência. As crianças observam, absorvem e imitam o modo como os adultos reagem diante das adversidades”, afirma.
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A Bíblia já ensinava o princípio que a ciência hoje confirma. Em Provérbios 22:6, está escrito “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele”. Na prática, isso significa que a forma como os pais vivem a fé diante dos desafios é o que molda a confiança dos filhos.
Assim como Maikel se agarrou à lembrança da esposa e da filha ainda no ventre, símbolo da vida que o esperava em terra firme, as crianças também se fortalecem quando veem seus pais reagirem com fé ao medo e à incerteza.
“Reconhecer as próprias vulnerabilidades e mostrar que mesmo assim é possível confiar em Deus ensina aos filhos que depender Dele não é sinal de fraqueza, mas de força e segurança”, diz a psicóloga.
Corações preparados para o amanhã
O apóstolo Paulo escreveu em Filipenses 4:6-7: “Não estejais inquietos por coisa alguma… e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações”. Essa paz é a base da verdadeira resiliência, aquela que não nega a dor, mas a atravessa com fé, conforme acrescenta Queila.
Ela reforça que pais que oram com os filhos e enfrentam juntos os momentos difíceis estão construindo neles uma fé que resiste. “Essas experiências ensinam que a confiança em Deus é inabalável, independentemente das circunstâncias”, ensina.
Foi essa confiança que sustentou Maikel em alto-mar. “A gente orava, pedia a Deus força, e eu pensava nela, na minha esposa, na minha filha (…) Agora só quero ver minha filha crescer”, contou após o resgate.
A resiliência nasce nas pequenas atitudes do dia a dia, ao conversar sobre os medos, ensinar a esperar, praticar a gratidão, buscar refúgio na oração. São essas sementes que florescem quando o mar da vida se agita. Porque, no fim, a maior lição que pais podem ensinar aos filhos é a mesma que salvou Maikel no mar, a certeza de que, mesmo à deriva, nunca estamos sozinhos.

