O documento “Fé sob Fogo” apresenta evidências de que comunidades religiosas são alvo de ataques sistemáticos russos, nos últimos 21 meses
Por Patricia Scott
A preocupante situação da liberdade religiosa durante a guerra entre Ucrânia e Rússia é destacada no recente relatório “Fé sob Fogo”, elaborado pela Mission Eurasia em colaboração com o Instituto para a Liberdade Religiosa (IRF) da Ucrânia. “Este relatório revela uma realidade alarmante, onde igrejas e instituições religiosas estão sendo destruídas e suas liberdades severamente restringidas”, afirmam os pesquisadores, que pedem uma resposta imediata da comunidade internacional diante dessa crise.
O documento apresenta evidências de que comunidades religiosas estão sendo alvo de ataques sistemáticos, com mais de 630 locais de culto destruídos ou danificados nos últimos 21 meses de conflito. Desse total, 206 são igrejas evangélicas.
“Mais de 200 igrejas evangélicas ucranianas foram destruídas desde a invasão russa”, enfatiza a Mission Eurasia, ressaltando que a maioria dessas destruições é resultado de ataques de mísseis, drones e artilharia russa. Além disso, há relatos semanais de igrejas sendo saqueadas ou ocupadas por soldados russos, que as utilizam como bases militares ou esconderijos.
As regiões mais afetadas incluem Donetsk, com 146 locais destruídos, Luhansk, com 83, e Kherson, com 78. “Novos relatos sobre o saque ou ocupação de igrejas por soldados russos surgem toda semana”, observa o relatório, que acrescenta: “Eles exigiram planos de atividades das igrejas e até notas de sermões, podendo proibir cultos que não fossem do seu agrado”.
Essas repressões têm ocorrido em diversas cidades e vilarejos, afetando igrejas de várias denominações, exceto aquelas ligadas ao Patriarcado de Moscou, cujos líderes declararam lealdade ao governo russo. O relatório aponta que as repressões contra líderes religiosos estão se tornando cada vez mais brutais e sistemáticas.
“O perigo para os ministros da igreja em áreas ocupadas está aumentando”, alertam os autores, lembrando que o governo russo justifica essa violência com base na Lei Yarovaya de 2016, que proíbe atividades de grupos religiosos minoritários, como as igrejas evangélicas. “Novas evidências de abuso, humilhação e tortura de líderes religiosos em territórios ucranianos sob controle russo continuam a surgir de diversas denominações.”
Para combater essas violações, o relatório apresenta 12 recomendações. Dentre elas, o fim da opressão contra minorias religiosas, a responsabilização dos culpados e o apoio às comunidades afetadas. “É necessária uma resposta global para pôr fim à perseguição e garantir que as comunidades religiosas possam sobreviver e prosperar em meio ao caos”, conclui o documento. Com informações Evangelical Focus