Uso permanente de bloqueadores de puberdade para crianças com disforia de gênero levanta discussões sobre saúde, ética e direitos individuais
Por Patrícia Esteves
O uso de bloqueadores de puberdade em crianças com disforia de gênero tornou-se um tema polêmico no campo da saúde pública global. Debates intensos envolvendo questões de segurança, ética médica e direitos das crianças, dividem profissionais de saúde, legisladores e ativistas sociais. O Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido anunciou recentemente a proibição permanente do uso de bloqueadores de puberdade para menores fora de ensaios clínicos.
Segundo o órgão, a decisão foi motivada por um parecer independente da Comissão de Medicamentos Humanos (CHM), que alertou para “um risco de segurança inaceitável” associado à prescrição contínua desses medicamentos para crianças. A medida surge após uma revisão detalhada conduzida pela Dra. Hillary Cass, ex-presidente do Royal College of Paediatrics and Child Health (Royal College de Pediatria e Saúde Infantil), que concluiu que não há evidências suficientes para garantir a segurança e a eficácia clínica desses tratamentos.
“Estamos preparando um ensaio clínico sobre o uso de bloqueadores da puberdade no ano que vem, para estabelecer uma base de evidências clara para o uso deste medicamento”, declarou o secretário de Saúde e Assistência Social, Wes Streeting. Ele reforçou que a decisão visa proteger um grupo vulnerável de jovens e assegurar que os cuidados de saúde sejam baseados em evidências sólidas.
A decisão foi recebida de forma controversa. Grupos de defesa LGBT, como a organização Mermaids, manifestaram preocupação com o impacto da medida nas crianças trans e suas famílias. “Toda criança e jovem deve ser capaz de obter o cuidado de que precisa para crescer feliz e saudável”, afirmaram em comunicado. Eles alertaram que a proibição pode criar barreiras adicionais para um grupo já sujeito a discriminação significativa.
Por outro lado, especialistas como Lara Brown, pesquisadora sênior do think tank conservador Policy Exchange, consideraram a decisão uma vitória para a segurança infantil e para uma abordagem baseada em evidências. “Ainda há muito a ser feito para implementar as recomendações da Revisão Cass e conter a maré da ideologia de gênero em nossas instituições”, afirmou Brown.
Enquanto isso, o debate transcende fronteiras. Nos Estados Unidos, a Suprema Corte avalia se estados podem proibir o uso de bloqueadores de puberdade e cirurgias relacionadas à transição de gênero em menores. A decisão britânica se torna, assim, um marco relevante para a discussão global sobre saúde, direitos e ética médica. Com informações de The Christian Post