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domingo, 23 DE março DE 2025

Redes sociais potencializam riscos de bullying a adolescentes na escola

Foto: Reprodução - Instituto de Psicologia Aplicada

Uso excessivo das redes sociais acentua a vulnerabilidade dos adolescentes ao bullying, diz mestre em psicologia

Por Lilia Barros

O uso das redes sociais acentua os problemas que os adolescentes naturalmente já têm dificuldade de enfrentar, como a insegurança, baixa autoestima e distúrbios alimentares. A mestre em psicologia positiva, Adriana Drulla, da Pensilvânia, alerta para o perigo da influência das redes sociais na vida do adolescente porque é comum eles usarem a mesma medida que aprende nas redes para medir o que os outros pensam sobre ele.

“Mudanças típicas da idade deixam os adolescentes mais propensos à insegurança, depressão, ansiedade. Uma das principais tarefas da adolescência é descobrir quem se é para além das paredes de casa. Tanto que uma das maiores mudanças que acontecem no cérebro adolescente é o desenvolvimento da metacognição – a capacidade que temos de refletir sobre o que pensamos. Os adolescentes se tornam extremamente autorreflexivos e autocentrados. É uma fase em que as pessoas ficam obcecadas com o próprio comportamento e aparência. Elas se avaliam o tempo inteiro. E claro, ficam preocupadas sobre o que os outros pensam a respeito delas” esclarece Drulla.

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O problema, segundo a especialista, é que os adolescentes não sabem avaliar com clareza qual o conteúdo do pensamento do outro. Então eles concluem que o outro pensa aquilo que eles também pensam. “Agora imagine o que acontece quando os adolescentes têm acesso a uma ferramenta que de fato potencializa sua audiência. Uma audiência que mostra a todo tempo como é julgadora e impiedosa. Mesmo que o adolescente não poste tanto, usará a régua que aprende nas redes para medir o que os outros pensariam sobre o que ele fez, pensa ou sente”.

Ao mesmo passo que se sentem imortais e invencíveis, os adolescentes também se sentem incompreendidos, sozinhos e isolados. As redes sociais podem ampliar a solidão. A literatura mostra que pessoas que dedicam muito tempo para a conexão online se sentem mais solitárias. O tempo excessivo nas redes reduz o tempo disponível para experiências reais.

Segundo Daniel Siegel, psiquiatra infantil da Universidade da California em Los Angeles, na adolescência inicia-se a transição para fora de casa. Sair da proteção dos adultos é estimulante, mas ao mesmo tempo assustador. O grupo dá segurança para que o adolescente consiga se aventurar para além de sua casa. Por exemplo, as necessidades de intimidade, confiança, confidência e companhia são cada vez mais preenchidas pelos amigos. É por isso que o adolescente supervaloriza a opinião do grupo e fica mais propenso a adequar-se às expectativas dos outros. Ele precisa pertencer para sentir-se seguro socialmente.

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Estudos apontam que nessa fase é comum que a opinião do outro se torne mais importante do que a dos pais e até do que a opinião própria. “Os dados mostram que adolescentes se preocupam mais com a aprovação alheia do que as crianças e os adultos. Eles têm maior sensibilidade à rejeição social. Ficam sensíveis e hipervigilantes a qualquer sinal de reprovação”, afirma Siegel.

É por isso que eles também são mais vulneráveis ao bullying – comportamento extremamente frequente nas redes sociais. Jonathan Haidt, psicólogo social e pesquisador sobre o tema, afirma que a mídia social é o maior facilitador da agressão social desde a invenção da linguagem. As evidências disponíveis sugerem que a saúde mental dos adolescentes sofreu como resultado desse contexto.

“Os desafios naturais da adolescência já fazem dessa fase um período difícil. Não é de hoje que adolescentes têm dificuldades emocionais. O problema é que as redes tornam mais complicado o que já era complexo em primeiro lugar”, finaliza Adriana Drulla.

A matéria acima é uma republicação da Revista Comunhão de abril de 2022. Fatos, dados e opiniões contidos no texto referem-se à época em que a matéria foi escrita.

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