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quinta-feira, 25 abril 2024

Que racismo! Nem cultura e nem liberdade

A Bíblia é farta em condenar qualquer tipo de racismo todo ser humano. Seja qual for a cor, forma, idade, gênero, conhecimento ou classe social, é criado à imagem de Deus

Já me fiz dezenas de vezes a pergunta: como os EUA, um país de maioria protestante, com uma igreja evangélica atuante e um conhecimento bíblico tão vasto e com uma população, mesmo não frequentando a uma igreja evangélica, pauta suas vidas, ética e moralmente pelos princípios emanados da Bíblia, pode ser racista? Não há nenhuma razão, mas há vários motivos.

Não podemos ser simplistas quando tratamos desse assunto, ainda mais sendo estrangeiros querendo definir o que se passar nos EUA. Infelizmente todos os julgamentos feitos pela nossa imprensa, por mais sério ou sincero que seja, analisa a questão do ponto de vista brasileiro. E Brasil e EUA nessa questão são totalmente diferentes.

Pra começar, é óbvio que não há nenhuma base bíblica para explicar ou justificar o racismo. A cena do Presidente Trump com a Bíblia levantada na porta da igreja St John é insólita, como se quisesse afirmar que a Bíblia justifica a atitude de uma pessoa racista. Me desculpe Trump, gosto de você, mas a Bíblia mostra exatamente o oposto. O que o policial Derek Chauvin fez com George Floyd não tem justificativa bíblica.

Este precisa ser o ponto de partida da sociedade americana. A Bíblia é farta em condenar qualquer tipo de racismo. Não teríamos a mesma facilidade em encontrar na Bíblia, por exemplo, apoio para condenar a pena de morte, ou a escravidão, sobre beber bebidas alcoólicas, etc.

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Mas, como dissemos, tanto o racismo quanto a importância do papel da mulher na sociedade, são temas abordados abertamente nas escrituras. Por exemplo, vemos logo no ato criador (Gn 1:27) Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Isso significa que todo ser humano, seja qual for a cor, forma, idade, gênero, conhecimento ou classe social, é criado à imagem de Deus.

Quando Paulo chegou em Atenas e lhe deram oportunidade para falar no areópago ele declara: “de um só fez toda a raça humana” (At 17:26). No original essas palavras têm um sentido muito mais claro: “ἑνὸς πᾶν ἔθνος” (enos pan ethnos), ou seja, de um, criou todas as etnias. Em Mt 28:19, quando Jesus ordena que deveríamos ir e fazer discípulos de todas as nações. A palavra que aparece para “nações” aqui também é “ἔθνη” ethnos. É interessante que Deus proíbe o casamento com o incrédulo (1 Co 7:39), mas não proíbe o casamento entre duas etnias.

Então por que o racismo é tão exacerbado nos EUA? Primeiro por questões meramente culturais. Segundo porque o racismo nos EUA não é algo camuflado, escamoteado, escondido como geralmente é no Brasil ou em muitas outras nações. Nem a cultura nem a liberdade podem servir de apoio a esse sentimento. É um erro, tanto nos EUA quanto no Brasil ou qualquer outra nação.

Mas esse, como outros erros da humanidade, só serão corrigidos com a evolução de nossa cidadania. Com a conscientização de que temos todos a mesma origem que não é do macaco. Que não é a cor da pele que valoriza ou deprecia nossos sentimentos, mas o sabermos que Deus não faz acepção de pessoas (At 10:34) e que não somos estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos e da família de Deus (Ef 2:19).


Pastor José Ernesto Conti é pastor da Igreja Presbiteriana Água Viva

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