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quinta-feira, 28 março 2024

Quando o socorro vem do céu

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A Organização cristã missionária Asas de Socorro possui uma eficiente equipe de profissionais treinados para a missão. Foto: Reprodução/ Facebook

Há 66 anos, o projeto “Asas do Socorro”, a evangelização que vem do céu, da Aviação Missionária brasileira atua no Brasil

Por Cristiano Stefenoni

O sonho de voar. Ao longo da história o privilégio dos anjos foi amplamente desejado pelos seres humanos. Estes, por sua vez, tentaram criar inúmeras formas de alcançarem tal objetivo: asa-delta, balões, dirigível, planadores, helicópteros e, o mais famoso, o avião. Entretanto, quantas vezes estes instrumentos foram utilizados de forma errônea, como nos sequestros e nas guerras?

Porém, foi exatamente durante a Segunda Guerra Mundial que os pilotos da marinha Jim Tuxton, Jim Buyers, Clarence Soderburg e Jack Wytzen sentiram o desejo de que transformarem aquelas poderosas armas voadoras, em ferramentas para ajudar ao próximo. Surgiu daí a Associação Cristã de Pilotos Missionários (Christian Airmen’s Missionary Fellowship).

Contudo quão grata fora a surpresa ao descobrirem que não estavam só nesta missão. Souberam que, pouco antes da guerra começar, o piloto missionário George Fisk, já utilizava aviões para evangelização na Indonésia e, missionários luteranos europeus na Nova Guiné, usavam o avião Junher para transportar seus ministros. Também John Flynn levou atendimento médico a mineradores no interior da Austrália, enquanto que Paul Carlson trabalhou no Oeste do Alaska.

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Enquanto isso na Inglaterra, Murray Kendon fazia esse mesmo trabalho como piloto da Real Força Aérea. Tempos depois, Jim e Murray encontram-se em Nova Iorque e resolveram criar a Associação de Aviação Missionária (Missionary Aviation Fellowship). Começava aí uma das mais belas e audazes histórias de evangelismo e de ajuda humanitária do cristianismo mundial.

Quando o socorro vem do céu
Missionários dão assistência espiritual e material para a população da região Amazônica, onde é mais difícil o acesso. Foto: Reprodução/ Facebook

O Brasil um país repleto de áreas de difícil acesso, possuidor de uma população para lá de carente (como em algumas regiões da Amazônia), seria mais que natural que esta forma “alada” de evangelismo aterrizasse por aqui. E aterrizou. Na década de 50 esse tipo de trabalho missionário passou a agir em solo brasileiro. A versão nacional da aviação missionária tem um nome: Asas de Socorro.

Asas de Socorro: o ministério

Mais de 15 milhões de pessoas já foram atendidas em todo o mundo pela aviação missionária. Parte desta contagem deve-se ao trabalho desenvolvido pelo Asas de Socorro que, há 66 anos atua no Brasil. À frente da organização está o pastor Rocindes Correa, que também é Tenente Coronel Aviador da Força Aérea Brasileira.

Pr. Rocindes recebeu o convite para comandar o Asas do Socorro porque além da experiência em aviação, já desenvolvia uma espécie de trabalho missionário na Força Aérea. “Recebi um convite para dirigir a missão. Hoje, já na reserva da Força Aérea, posso servir ao Senhor em tempo integral, dirigindo esta instituição”, conta.

Ao todo, a estrutura do Asas é composta por: Quatro bases (Anápolis, onde funciona a sede administrativa; em Manaus, Boa Vista, Roraima em Cruzeiro do Sul, no Acre); 30 famílias entre missionários, voluntários e alguns poucos funcionários na parte administrativa; uma esquadra de sete aeronaves, com média de vôo de 1.300 horas por ano.

O trabalho é duro. O território brasileiro possui diversas regiões onde, apesar de serem habitadas, são de difíceis acessos. Qualquer tipo de ajuda na área de saúde ou espiritual é raridade para estes povoados. Tribos indígenas, Ribeirinhos, Caboclos, Kalungas e os pequenos agricultores são apenas alguns exemplos. A construção de estradas é praticamente impossível e, até transportes comuns nestas localidades, como os barcos e balsas têm seus limites de atuação, pois demoram vários dias para chegarem com ajuda.

Quando o socorro vem do céu
A organização cristã missionária envia medicamentos, mantimentos e qualquer outro tipo de ajuda necessária à população. Foto: Reprodução/ Facebook

Asas de Socorro: o serviço

Com o lema Dar asas a quem dá suas vidas, o Asas de Socorro possui uma eficiente equipe de profissionais treinados para a missão. “Temos um cadastro de centenas de profissionais de saúde cristãos voluntários, entre médicos, dentistas, enfermeiras e assistentes sociais, que doam parte de suas férias – uma semana ou duas – e embarcam em nossas aeronaves, estendendo o braço da igreja e o amor do Senhor a quem precisa”, explica pastor Roncindes.

O coração do projeto surgiu em 1985 e é denominado AMDE (Assistência Médica, Dentária e Evangelística), cujo objetivo é “melhorar a qualidade de vida de comunidades carentes, proporcionando uma assistência básica de saúde, através do atendimento médico-odontológico, prótese dentária, treinamentos de agentes de saúde, agentes de saúde bucal, orientação em saneamento básico com a finalidade de programas de evangelismo/discipulado”.

Também não falta o envio de medicamentos, mantimentos e qualquer outro tipo de ajuda necessária. São mais de 60 comunidades alcançadas, 83 agentes de saúde bucal, treinados, 180 Horas de vôo/ano, 85 profissionais voluntários/ano, 70 evangelistas envolvidos diretamente por ano.

E não é só isso. O Asas de Socorro também faz o transporte aéreo de missionários, possui ambulâncias aéreas, organiza clínicas médicas e odontológicas, faz evacuação de guerra, resgate aéreo, socorro em calamidades e serviços hospitalares em áreas remotas. Apoio às igrejas, aos missionários e às instituições do lugar. Além, é claro, do mais importante, a pregação da Palavra de Deus.

Como se trata de uma organização que possui como instrumento básico o avião, o Asas de Socorro possui algumas atividades no campo da aviação. Escola de Aviação, com cursos de piloto privado e mecânico de manutenção de aeronaves; Curso Mecânico de Aeronaves, que prepara o aluno para trabalhar com turbina de qualquer tipo de avião e a Oficina Aeronáutica, que presta serviços de manutenção e consertos à aeronaves em geral. Tudo com a aprovação do Ministério da Aeronáutica.

Asas de Socorro: o campo e os frutos

Atualmente o Asas de Socorro concentra suas ações nas seguintes regiões do País: Anápolis e região Norte(GO), Tocantins, Sul e Norte do Pará, Boa Vista, Roraima, Amapá, Manaus, Noroeste e Sudoeste do Amazonas. Em Cruzeiro do Sul, no Acre, uma aeronave viaja grande parte das matas do Estado e atendendo às populações indígenas e ribeirinhas. Segundo a equipe do Asas de Socorro, o resultado deste trabalho tem sido significante. Os frutos já estão sendo colhidos.

Quando o socorro vem do céu“Em Palimi-Ú vive um grupo de yanomamis. Ao longo de três décadas temos voado para este povo, transportando missionários, remédios e profissionais de saúde”, e completam, “eles têm ouvido acerca do Evangelho, sendo pregado em sua própria língua, porções bíblicas têm sido traduzidas no seu dialeto (palimitheli) e temos ouvido a maioria dizer que não queria Deus porque não poderia vê-lo, nem tocá-lo. Eles têm ouvido de Deus e os resultados estão chegando. Muitos homens e mulheres procuram os missionários para dizerem que querem carregar Jesus no coração! Eles afirmam que agora têm certeza da existência de Deus e de como Ele é poderoso”, comemoram.

Ainda é feito um trabalho de alfabetização. Os missionários têm uma escola no povoado indígena onde eles aprendem a escrever na sua própria língua. “São 8 horas de aulas diárias com atividades esportivas também, incluindo pré-primário, 1ª e 3ª séries, com crianças, adolescentes e jovens. No passado a frequência era pequena, mas hoje, é de quase 100%.”

Além disso, o contato diário com as mensagens divinas desenvolvem um caráter puro, que repudia qualquer ato que venha entristecer a Deus como embriagar-se até perder a consciência, participar de brigas e orgias, tudo, sem deturpar a sua cultura. O segredo do sucesso do trabalho do Asas de Socorro, eles resumem numa frase: “É obra do Espírito Santo!” A atuação extraordinária desta equipe faz valer literalmente a máxima de que “bênçãos caem do céu”, ou melhor, no caso deles, aterrizam.

Esta matéria é uma republicação exibida na Revista Comunhão – Novembro/2001, produzido pelo jornalista Cristiano Stefononi e atualizada em 2021 (Priscilla Cerqueira). Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi originalmente escrita.

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