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domingo, 16 DE novembro DE 2025

“Quando adultos se calam, crianças sofrem”, alerta delegada após ação contra pedofilia

A Operação Nacional Proteção Integral III buscou identificar suspeitos envolvidos em crimes de abuso sexual de crianças e adolescentes, principalmente os praticados pelas redes sociais. Foto: Divulgação PRF

Operação conjunta entre a Polícia Federal e a Polícia Civil, nesta quarta-feira (8), buscou identificar suspeitos envolvidos em crimes de abuso sexual de crianças e adolescentes

Por Cristiano Stefenoni

Nesta quarta-feira (8), uma ação conjunta entre a Polícia Federal (PF) e a Polícia Civil (PC) estourou um esquema de pedofilia em 16 estados brasileiros. A Operação Nacional Proteção Integral III buscou identificar suspeitos envolvidos em crimes de abuso sexual de crianças e adolescentes, principalmente os praticados pelas redes sociais. Foram 182 mandados de busca e apreensão e 11 mandados de prisão preventiva em todo o país.

Mas afinal, por que crimes como esses ainda persistem na sociedade em pleno século 21? “Tenho visto, ao longo da minha caminhada, que o mal se aproveita do silêncio e da distração. Vivemos tempos em que a infância tem sido roubada de forma sutil. A internet, que poderia ser uma aliada, virou também uma armadilha”, explica a delegada Sheila Aparecida de Mello Oliveira.

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Ela, que também é deputada estadual em Minas Gerais, é presidente da Frente Parlamentar “Juntos Contra a Pedofilia” e criadora do projeto “Sem Medo de Viver”, em que leva palestras educativas a escolas e igrejas há quase duas décadas, falando sobre abuso, exploração sexual e os perigos do ambiente virtual. Na sua opinião, o problema vai além da tecnologia.

“Falta tempo dos pais, falta presença e falta limite. Quando a família se enfraquece, a criança fica desprotegida. E onde há vulnerabilidade, o mal tenta se instalar. O mal se alimenta do silêncio. Quando os adultos se calam, as crianças sofrem. A omissão também é uma forma de violência. Quando cada um entende o seu papel e age, a proteção se torna um escudo em volta da infância. A omissão também machuca. Proteger é tarefa coletiva”, enfatiza.

Para delegada Sheila, a responsabilidade de cuidar da integridade física e emocional das crianças é de todos. “Os pais precisam estar próximos, ouvir, observar e orientar. A escola tem o dever de educar para a prevenção e notificar a família e toda a rede de apoio quando perceber algum sinal de abuso ou maus tratos. A igreja deve continuar sendo farol de valores e refúgio de acolhimento. E o poder público tem a obrigação de criar e aplicar leis que realmente protejam”, justifica.

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Outro alerta que a delegada faz é em relação a “adultização” das crianças, algo que, infelizmente, tem se torando comum nos dias de hoje. “Estamos empurrando nossas crianças para um mundo que não é delas. Elas são expostas a conteúdos, músicas e comportamentos que apagam a pureza e confundem valores. Essa adultização precoce destrói fronteiras e facilita o abuso”, afirma Sheila, que completa:

“Precisamos resgatar o valor da inocência. Criança não precisa ser ‘miniadulto’, precisa ser criança. Brincar, rir, aprender com segurança e crescer no tempo certo. A infância é sagrada. E quando a protegemos, estamos protegendo o futuro da humanidade”, diz.

Segundo a parlamentar, os meios mais eficazes para se combater a pedofilia são: denunciar, educar, informar e prevenir. “O primeiro passo é quebrar o silêncio. Falar sobre o assunto sem medo, dentro de casa, nas igrejas, nas escolas. Ensinar as crianças a se protegerem, mas também ensinar os adultos a ouvirem. A prevenção começa com o diálogo e se fortalece com a fé, o amor e a coragem de agir. É preciso denunciar: o Disque 100 salva vidas todos os dias. Eu creio que, quando a sociedade decide proteger suas crianças, Deus abençoa essa nação”, conclui.

Sobre a operação

A Operação Nacional Proteção Integral III reuniu 617 policiais federais e 273 policiais civis em ações nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espirito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, além do Distrito Federal.

Por meio de nota oficial, a PF informou que: “A ação reforça a integração entre forças policiais federais e estaduais e demonstra o compromisso conjunto de defesa da infância e da adolescência. A Operação Proteção Integral III dá continuidade às edições anteriores, deflagradas em março e maio de 2025, evidenciando o trabalho permanente da Polícia Federal nessa frente de combate”.

Ainda segundo a Polícia Federal, de janeiro a setembro de 2025, foram cumpridos mais de 1.630 mandados de prisão de foragidos condenados por crimes sexuais. “A Polícia Federal alerta pais e responsáveis sobre a importância de acompanhar e orientar o uso da internet por crianças e adolescentes, conversando abertamente sobre riscos e ensinando como agir diante de contatos inadequados em ambientes virtuais. A prevenção e a informação são as ferramentas mais eficazes para garantir a segurança e o bem-estar de crianças e adolescentes”, orienta a nota da PF.

Até a última atualização, foram registradas 55 prisões em flagrante, duas apreensões de menores e uma vítima resgatada.

Canais e números importantes para denunciar

Disque 100 (Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos) — denúncias sobre violações de direitos, inclusive abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Atendimento 24h, gratuito e pode ser anônimo; a denúncia recebe protocolo.

WhatsApp do Disque 100 — o MDH divulgou número de WhatsApp para envio de denúncias (ex.: (61) 99611-0100 foi disponibilizado como canal adicional). Pode enviar texto, áudios, fotos, vídeos e links.

Polícia Militar / emergência — 190 — use em risco imediato à vida ou perigo urgente.

Conselho Tutelar — órgão municipal que atende casos de violência contra crianças e adolescentes; denuncie ao Conselho do seu município. O Conselho Tutelar pode tomar medidas de proteção e encaminhamento. Procure “Conselho Tutelar + nome do município”.

SaferNet Brasil — central de denúncias de conteúdo infantil ilícito na internet; é referência para denunciar imagens, vídeos e aliciamento online e encaminhar às autoridades competentes. Use o formulário/site da SaferNet para conteúdo online.

Como denunciar conteúdo nas plataformas — grandes plataformas (Google, Facebook, Instagram, Telegram, etc.) têm canais próprios para denunciar abuso sexual infantil; o site Protecting Children reúne instruções para denunciar diretamente às empresas e autoridades.

O que fazer imediatamente

  • Se a criança corre risco agora: ligue para 190 (polícia) ou vá à delegacia mais próxima.
  • Proteja a criança: coloque-a em local seguro, longe do agressor (sem confrontar se isso aumentar risco). Priorize segurança física e emocional.
  • Procure Conselho Tutelar e Polícia Civil/Delegacia da Criança e do Adolescente para formalizar a denúncia — eles têm procedimentos para acolhimento e investigação.
  • Denuncie também ao Disque 100 (ligações e WhatsApp) — é gratuito, pode ser anônimo e gera protocolo.
  • Denuncie material e contatos online na SaferNet e diretamente na plataforma onde o conteúdo aparece (use as ferramentas de denúncia do site/app). Salve provas antes de pedir exclusão.

Como preservar provas

  • Faça prints/screenshots do perfil, mensagens, URLs, datas e horas.
  • Se possível, salve arquivos (vídeo/áudio) em cópias, anote o URL e o nome de usuário.
  • Não compartilhe o material com terceiros desnecessários — isso aumenta a exposição da vítima e pode configurar crime de reprodução de material criminoso.
  • Anote nomes, telefones, locais e testemunhas. Essas informações ajudam investigação.

Se for caso de aliciamento

  • Preserve as conversas e não interaja com o suspeito.
  • Denuncie ao suporte da plataforma (relatar perfil/mensagem) e à SaferNet; depois leve a denúncia ao Disque 100 e à polícia.

O que dizer — como acolher a criança

  • Ouça com calma, aceite o que ela diz — não julgue nem pressione por detalhes.
  • Diga que acredita nela e que ela fez a coisa certa em contar.
  • Explique que adultos vão protegê-la e que o que aconteceu não foi culpa dela.
  • Procure atendimento médico e psicológico especializado (serviço público de saúde/psicologia ou redes de apoio).

Rede de apoio e encaminhamentos

  • Procure atendimento no Fundação Abrinq / Childhood Brasil / Ministério Público / Defensoria Pública conforme necessidade local (sites institucionais têm orientações e contatos).
  • Em casos online, além da SaferNet, encaminhe provas às equipes de polícia especializada (delegacias da criança/adolescente ou núcleo de proteção à criança).

Dicas práticas para profissionais/educadores e familiares

  • Tenha canais de denúncia visíveis (telefone do Conselho Tutelar, Disque 100).
  • Treine equipes para identificar sinais (comportamento sexualizado precoce, mudanças bruscas, medo de certos adultos, ferimentos).
  • Estabeleça políticas claras em escolas/igrejas/clubes: limites físicos, supervisão, regras de acesso a crianças e uso de dispositivos.
  • Eduque crianças com linguagem apropriada sobre corpo, toque seguro, segredos ruins e como pedir ajuda.

Observações legais e de privacidade

  • Compartilhar imagens de abuso é crime no Brasil — não distribua material. Autoridades e plataformas devem receber as provas.
  • Denúncias via Disque 100 podem ser anônimas; registre o protocolo para acompanhar.

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