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quinta-feira, 28 março 2024

Karine Rizzardi: “gentileza é a porta para qualquer relacionamento”

Psicóloga e escritora Karine Rizzardi. Foto: Divulgação.

“Gentileza. Se fizéssemos isso, causaríamos muito menos traumas nas pessoas”, explica a psicóloga e terapeuta familiar Karine Rizzardi em seu livro “Foguete não tem ré, da Editora Vida

Por Victor Rodrigues

A psicóloga Karine Rizzardi autora do livro “Foguete não tem ré”, lançado pela Editora Vida, dá exemplos de diversas histórias traumáticas e também de superação.

Antes de mais nada, o livro é um manual abrangente sobre dor, feridas sentimentais, perdas, superação e como lidar com tudo isso dia após dia.

Com mais de 20 anos de experiência em neurociência relacional, psicoterapia e terapia familiar, ela explica como identificar os cinco principais sinais que indicam uma fase traumática.

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Em entrevista à Comunhão, Karine dá esclarecimentos acerca dos traumas, além de falar sobre a superação das dores e também como abandonar o passado e seguir em frente.

Comunhão – Como identificar um trauma? E o que pode ser feito para superar a dor?

Karine Rizzardi – A primeira forma de identificar um trauma é perceber que a pessoa muda seu jeito de ser. Para se ter ideia, um trauma muda até mesmo a letra de uma pessoa. Se não houver consciência de quais mentiras a pessoa acreditou sobre si mesma após um trauma, ela não consegue sair do círculo vicioso da dor. 

Como identificar um abuso, relacionamento tóxico, e saber a hora de pedir ajuda? 

Quando a pessoa se relaciona tentando esmagar a outra, atribuindo-lhe culpas ou ameaças por ser ela mesma, é uma forma de identificar uma relação tóxica.  Cair em mentiras do tipo “Eu não vivo sem você” ou “Se você terminar comigo eu me mato” são boas referências de que há um relacionamento tóxico.  Quando isso ocorre, peça ajuda de um conselheiro ou profissional, porque a pessoa vai tentar convence-la de que terminar não é a melhor escolha (e isso não é verdade).

Qual expectativa em levantar um debate sobre “traumas afetivos” no meio cristão?

Minha expectativa é faze-los acordar para temas que eles vivem diariamente, sofrem, mas não sabem elaborar. O máximo que fazem é postar uma foto no Instagram (após uma semana de término de namoro ou casamento), passando a ideia que estão bem. As coisas não funcionam assim. Esse livro é rápido e objetivo. Tem uma linguagem jovem e segundo o retorno de alguns leitores, esse conteúdo pode ser lido em até um dia se houver dedicação. Eu acredito que ele fosse um instrumento bem fundamentado para que escolas e igrejas trabalhassem seus capítulos com os jovens.  

O que falta no meio cristão que precisa ser compreendido sobre saúde mental?

Falta atitude de hombridade de homens para agir com honra na hora de lidar com temáticas difíceis dentro da relação ou até mesmo, um término. Também creio que há falta de preparo das mulheres em algumas questões. A questão não são os erros de gêneros, mas se voltássemos a atitudes “a moda antiga”, seguramente as pessoas teriam menos chances de viver traumas afetivos, relações abusivas ou relacionamentos de co-dependências.

Outro ponto é que o meio cristão é bom para ser confortado por Deus em suas dores, mas acho que poderia haver uma leitura mais madura no sentido de assumir seus erros e não só culpabilizar o outro pelo fracasso da relação. 

Poderia citar alguns passos para quem quer se livrar da dependência emocional?
  • Voltar a ser o jeito original que a pessoa era quando era criança.
  • Não deixar as relações mal resolvidas. Inicie e termine um conflito até que seja resolvido e não feche as portas para o diálogo somente porque você está ofendido.
  •  Pense em quem você seria se você não tivesse medo. O medo paralisa a evolução pessoal e se eu estou em uma relação pelo medo de perder, isso não é amor, é insegurança. 
Karine Rizzardi: "gentileza é a porta para qualquer relacionamento"
Livro “Foguete Não tem Ré” da psicóloga Karine Rizzardi, pela Editora Vida. Foto: Divulgação.
Como surgiu a ideia do tema “Foguete não tem Ré”?

Eu atendo muitos casais dentro do ambiente clínico e com o advindo da tecnologia, percebi que eles não estavam sabendo encerrar ciclos de suas dores, como finalizar uma relação, dar um “fora” ou pedir perdão por magoar alguém. Eles mandam mensagens que sinalizam um término ou param de se falar abruptamente. Isso não é maturidade.

Passei a me preocupar onde essa sociedade líquida poderia chegar nos relacionamentos afetivos e somado a isso, reuni reflexões dentro da Terapia de Casais (com adultos) e percebi que as dores dentro de relacionamentos são vividas de forma muito solitária.

Se as emoções não são organizadas, elas travam. Refletindo sobre tudo isso, resolvi compartilhar histórias de juventude, advindas de uma decepção amorosa e optei em fazer um blend de conteúdos psicológicos e bíblicos, para solidificar o livro.

Gentileza tem porta de entrada em qualquer relacionamento. Se fizéssemos isso, causaríamos muito menos traumas nas pessoas. 

Há quanto tempo você já vem elaborando o assunto?

Esse livro é resultado de vinte anos de experiência clínica com casais como psicóloga, mas essa temática se tornou emergencial na publicação a partir do período pós pandemia, porque constatei a dificuldade que os casais passaram a ter por não saberem conversar de forma leve a respeito de coisas profundas.  Um dia, de forma clara, ouvi Deus sussurrando: “Agora escreva.” Pedi confirmação para saber se eu não estava “variando”… e não. Meses depois, o contato com a Editora Vida veio e o “Foguete não tem ré” nasceu.

Você contou com outras pessoas para publicar a obra?

O ato de ouvir histórias de casais todos os dias, das 08:00 às 18:00, Por essas longas duas décadas, creio que fui muito enriquecida em termos de conhecimento. Isso é um grande motivador, pois a dor de um, pode ser a dor de uma multidão e o livro nasce como uma companhia para quem está nesse processo.

Você pretende lançar outra obra posterior?  O que vem por aí?

Nesse exato momento, Eu e Ana Paula Valadão estamos escrevendo um livro sobre as fases de vida das pessoas, em todos os ciclos de sua existência.  Pretendemos lança-lo pela Editora Vida em setembro e creio que será de grande ajuda para pessoas que estão namorando, casando, tendo filhos pequenos, filhos na adolescência, fase do ninho vazio e velhice. Será uma obra encantadora.

Um recado para os leitores de Comunhão.;

Agradeço ao carinho de todos que de alguma forma, possam usar essa obra do “Foguete não tem ré”, para anestesiar ou compreender suas próprias dores. Não há algo mais recompensador para um autor, do que saber que suas experiências ganharam vida e cor na mente de outras pessoas.

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