Manifestantes marcharam pelas ruas de Mianmar contra o golpe que tirou Aung San Suu Kyi do poder. Apesar do medo, cristãos estão esperançosos no agir de Deus
Por Priscilla Cerqueira
Dezenas de milhares de pessoas protestaram no fim de semana em Mianmar, contra o golpe de Estado que derrubou o governo de Aung San Suu Kyi, na maior manifestação no país desde a revolta de 2007.
A população ficou irritada após os militares bloquearem o acesso às redes sociais, cortarem acessos aos telefones e canais de televisão e impedirem que manifestações pró-democracia fossem organizadas nos últimos dias.
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“A tensão entre os partidários pró-democracia de Mianmar e os militares permanece instável. A polícia ficou em duas linhas barricando o caminho para os manifestantes. Se os manifestantes cruzassem a primeira linha, os policiais iriam atirar. O protesto se intensificará nos próximos dias e o número de manifestantes tem aumentado a cada dia”, compartilhou uma parceira da Portas Abertas no local.
Solidariedade
Os EUA se solidarizaram com o povo de Mianmar nesta segunda-feira, 8, depois que o governo restringiu as manifestações e disse que seus pedidos para se encontrar com a líder civil deposta Aung San Suu Kyi foram negados.
“Apoiamos o povo de Burma e apoiamos seu direito de se reunir pacificamente, inclusive protestar pacificamente em apoio ao governo democraticamente eleito. Estamos certamente muito preocupados com os anúncios recentes dos militares a fim de restringir as reuniões públicas”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.
Veja vídeo de um dos locais de protestos
Perseguição aos cristãos
O pastor Ko Ko Thun (nome fictício por segurança), compartilhou com os parceiros da Portas Abertas sobre o histórico de perseguição aos cristãos pelos militares no país.
“Quando me lembro da junta militar anterior, fico tão chateado que não posso controlar minhas lágrimas. Quando ainda era estudante, lembro-me deles checando as carteiras de identidade minhas e dos meus amigos e nos fazendo ficar na chuva. Eles também confiscaram nossos livros. Uma vez, carregamos nosso próprio arroz para cozinhar em nosso albergue, e os soldados nos acusaram de fornecer arroz aos grupos insurgentes e nos detiveram”, testemunha.
O medo
Muitos cristãos temem os mesmos resultados da revolta de 1988, quando os militares tomaram o poder do país e muitas pessoas morreram. Mas os cristãos do país seguem esperançosos no agir de Deus.
“Na semana passada, tivemos a internet cortada, mas no final de semana conseguimos nos conectar novamente. É incrível como Deus trabalha e nos permite nos conectar, disponibilizando conexão à internet a tempo. A internet é incerta e imprevisível, pode não estar disponível à noite ou amanhã, mas temos um Deus que vai fazer um caminho para nós”, compartilha um parceiro da instituição, em Mianmar.
*Com informações de Portas Abertas e agências de notícias