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sexta-feira, 19 abril 2024

Protestos perdem força e clima de Copa domina as ruas do País

Protestos perdem força e clima de Copa domina as ruas do País
O efeito das manifestações ainda é incerto.

 Por R$ 0,20, São Paulo foi às ruas em junho de 2013. O que começou como um protesto por causas definidas, a redução das passagens de ônibus, tomou proporções nunca antes imaginadas e ganhou desde avenidas a prédios públicos e vielas de todo o País.   

Aos discursos, foram acrescentados pedidos de “saúde e educação padrão Fifa”, fim da corrupção, derrubada da PEC 37 e transporte de qualidade. Somaram-se aos mais variados motes, expressões e reivindicações que clamavam por urgentes mudanças.   

O clímax dos protestos aconteceu entre 17 e 20 de junho de 2013. Há um ano, mais de 1,25 milhão de pessoas participavam de manifestações em mais de 140 cidades brasileiras.  

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A repressão policial marcou os primeiros protestos, no início daquele mês de junho, e inflamou a multidão que pedia transporte público de qualidade e gratuito. No protesto do dia 13, na avenida da Consolação, em São Paulo, mais de 200 pessoas foram detidas e 11 jornalistas ficaram feridos.   

Os atos pacíficos dos manifestantes foram quebrados pela violência de pessoas mascaradas, intituladas black blocs. O quebra-quebra, liderado pelos manifestantes com rosto encoberto, afugentou e intimidou parte dos brasileiros que retiraram o apoio aos protestos.

Segundo pesquisa CNT/MDA, divulgada em novembro do ano passado, a atitude dos mascarados foi rejeitada por 93,4% da população. A última “atuação” dos Black Blocs ocorreu, em meados de junho, quando vândalos depredaram concessionárias de automóveis de luxo em São Paulo.

Respostas

O governo parece ter demorado a entender e “ouvir as vozes da rua”. A presidente Dilma Rousseff foi à televisão, dias depois dos embates, para anunciar os cinco pactos nacionais, por mais responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte e educação (veja o andamento das propostas na arte abaixo).

O descontentamento com as políticas públicas foi medido em números: praticamente todos os governantes, em todas as esferas, registraram queda de popularidade.

Pesquisa Datafolha realizada em março de 2013, três meses antes de o movimento tomar as ruas do País, mostrou recorde de popularidade da presidente Dilma. À época, 65% dos entrevistados avaliavam seu governo como ótimo ou bom. Ao final de junho, a popularidade havia despencado pela metade: apenas 30% de aprovação. Um ano depois, a recuperação é lenta, Dilma tem o apoio de apenas 33% dos eleitores.  

Um ano depois, o efeito das manifestações ainda é incerto. Para o professor de direito da FGV (Fundação Getulio Vargas) e estudioso do fenômeno Ivar Hartmann, os protestos ensinaram aos brasileiros como se unirem.    

— O maior legado é os brasileiros voltarem a perceber a importância de se manifestar — perceberam com Collor e depois pareciam ter esquecido — e terem certeza de que isso dá resultado. Quando as pessoas se uniram, conseguiram rapidamente o que precisavam: os preços das passagens baixaram rapidamente, o governo criou projetos de reforma política.  

Novos movimentos

Novas manifestações ganharam as ruas do País antes do início da Copa do Mundo e greves mobilizaram trabalhadores do setor de transportes — estopim das manifestações do ano passado. O movimento foi engrossado por professores e funcionários públicos.

Em menor escala, os protestos chamaram a atenção da população e das autoridades mas não tomaram as proporções dos protestos de uma ano atrás. E não devem tomar, segundo o historiador da UnB (Universidade de Brasília) Carlos Vidigal.   

— Se verificarmos, as duas últimas semanas [antes do início da Copa] foram mais tranquilas. Os movimentos mais radicais foram os dos sindicatos, das categorias trabalhistas mais mobilizadas. Provavelmente as pessoas estão mais empenhadas em acompanhar a Copa do que propriamente realizar os protestos.   

O professor da FGV discorda e acredita que a repressão conseguiu minar a força dos manifestantes.

— Os mesmos manifestantes de antes continuam certos de que “aceitar” a Copa agora não traz nenhum benefício e apenas legitima o dinheiro mal investido. Em algumas cidades, as manifestações arrefeceram porque a polícia recebe ordem de supressão total, mesmo quando não há qualquer traço de vandalismo ou violência por parte dos protestantes.  

Para Hartmann, os manifestantes dos dois períodos — junho de 2013 e junho de 2014 — aproveitaram os olhos do mundo voltados para o Brasil para anunciar as suas reivindicações.   

— É sempre uma questão de timing. Os protestos de junho de 2013 coincidiram com a Copa das Confederações por um motivo óbvio. Os grupos têm uma determinada demanda e vão manifestá-la sempre no momento que proporcionar maior atenção e que os colocar em melhor posição para negociar. 

Fonte: Portal R7

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