Dividido em cinco etapas, o processo de capacitação atende mulheres em vulnerabilidade social e econômica em duas regiões do Rio de Janeiro
Por Patricia Scott
No Brasil, de acordo com o Censo Demográfico 2022 do IBGE, as mulheres representam 49,1% dos responsáveis por domicílios, o que corresponde a 36,6 milhões de lares. Esse número demonstra um crescimento em relação a 2010, quando 38,7% das residências eram lideradas por mulheres.
Esse cenário também é refletido no relatório técnico do Sebrae sobre Empreendedorismo Feminino, divulgado em 2024, que aponta que o Brasil conta com 30 milhões de empreendedores, dos quais mais de 10 milhões são mulheres à frente de seus próprios negócios.
Segundo especialistas, os fatores que motivam as mulheres a empreender são diversos, entre eles: flexibilidade de horário, autonomia financeira, realização profissional, necessidade de uma renda melhor, dificuldades de inserção no mercado de trabalho e responsabilidades com os filhos.
Com isso, o Programa Economia do Reino – Empreendedorismo, Crédito e Transformação surge como resposta a essa realidade, especialmente entre mulheres de baixa renda. Idealizado pelo pastor Bebeto Araújo, diretor da Missão Aliança para o Brasil, em parceria com Dr. Viv Grigg, diretor internacional da Urban Leadership Foundation, a proposta tem como foco o desenvolvimento de pequenos negócios liderados por mulheres em situação de vulnerabilidade social. “Criamos uma iniciativa para apoiar o crescimento de empreendimentos femininos em contextos de pobreza”, explica Araújo.
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O programa é estruturado em cinco etapas, que incluem capacitação, concessão de crédito e acompanhamento pós-crédito: Fundamentação Bíblica sobre os Princípios Econômicos do Reino, Educação Financeira, Gestão de Negócios, Concessão de Capital Semente e Discipulado Econômico/Mentoria. A fase quatro, de Capital Semente, é realizada em parceria com a Diaconía Institución Financiera de Desarrollo (IFD), uma organização boliviana especializada em microcrédito, originada da Missão Aliança na Bolívia. Além de fornecer apoio financeiro, essa cooperação envolve a troca de experiências, conhecimentos e tecnologias sociais entre as instituições.
“As mulheres recebem um microcrédito para impulsionar seu negócio ou iniciar uma atividade empreendedora em suas comunidades. Esse dinheiro não é uma doação, mas um empréstimo”, explica Araújo. O valor emprestado é pago pelas beneficiárias, e os recursos são destinados a um fundo solidário que beneficiará outras mulheres em diferentes comunidades onde a Missão Aliança atua no país. “Assim, o recurso recebido como doação ganha longevidade, tornando o programa sustentável”, complementa.
Atualmente, o programa atende a 30 mulheres, sendo 14 participantes da turma piloto, implementada em Jardim Gramacho, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e 16 integrantes da segunda turma, em Alcântara, São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A escolha de Jardim Gramacho para a implementação inicial se deu por três razões, conforme explica Aline de Aquino, coordenadora do Programa Economia do Reino: “É uma área com alto índice de vulnerabilidade social e econômica, onde a Missão Aliança já atua. Além disso, a comunidade local possui uma boa rede de apoio, e já identificamos um grupo de mulheres com pequenos negócios que foram fortemente afetadas pela pandemia, e que se encaixavam no perfil do público-alvo do programa.”
Embora o programa esteja, no momento, em apenas duas localidades do estado do Rio de Janeiro, Aline revela que há planos de expansão até 2028, com a meta de atingir mais 10 cidades onde a Missão Aliança para o Brasil está presente. “Estamos também em negociações com outra organização para levar o Programa Economia do Reino ao agreste pernambucano”, adianta.
Para participar do Programa Economia do Reino – Empreendedorismo, Crédito e Transformação, a mulher precisa atender a alguns requisitos: ter no mínimo 18 anos, ser empreendedora ou desejar iniciar um negócio, residir em uma das regiões de atuação da Missão Aliança Brasil, e ter vínculo com uma igreja ou com uma organização parceira local. “Também buscamos atingir mães solo e mulheres com renda per capita de até meio salário mínimo (R$ 706,00)”, explica Aline, destacando que as inscrições são geridas pela organização parceira da Missão Aliança na região.
