Governo federal iniciou campanha sobre o tema: “Tudo tem seu tempo: adolescência primeiro, gravidez depois”
Em razão da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, iniciada no último sábado (1), o Governo Federal lançou nova campanha. A peça sugere abstinência sexual para evitar a gravidez precoce, e deve ser veiculada em TV aberta, outdoors e na internet no mês de fevereiro.
A prevenção, segundo especialistas, passa pela educação dos jovens e pela inclusão dos meninos nas discussões, ainda focadas nas garotas. “Os pais deveriam acompanhar os filhos na consulta e as escolas deveriam ter isso na programação, discutir como o assunto vai ser posto para os adolescentes”, diz Silvana Maria Quintana, coordenadora científica de obstetrícia da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (Sogesp).
Segundo ela, as campanhas precisam apresentar orientações não só para as adolescentes. “A mensagem subliminar é que a gravidez é uma responsabilidade da mulher. O foco é nela, mas ela não teve o bebê sozinha.”
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Gravidez não combina com adolescência e traz consequências para toda a vida. Saiba mais em https://t.co/3U4FxBryYj. Adolescência primeiro. Gravidez depois. #TudoTemSeuTempo pic.twitter.com/yvj415Df0Q
— Ministério da Saúde (@minsaude) February 3, 2020
Sociedade Brasileira de Pediatria
Na última semana, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) apresentou documento com posicionamento contrário ao incentivo à abstinência sexual. O primeiro vice-presidente da SBP, Clóvis Constantino diz que prevenir a gravidez na adolescência é uma questão de saúde pública. “Se colocarmos o adolescente em uma redoma, estamos criando um problema.” Para ele, os pais devem conversar com os jovens.
“Se sistematizamos a orientação, não teremos alguém informado de maneira adequada, e o jovem vai buscar orientação com os amigos, com pessoas que não têm a informação correta.”
Mudança
Em 2016, a analista de atendimento Valéria Coutinho da Silva, 44, foi surpreendida pela gravidez da filha de 16 anos. “Fiquei chateada por atrapalhar a vida e a carreira dela.” Ela conta que a jovem chegou a ficar deprimida, mas conseguiu terminar os estudos e já faz planos para a faculdade.
Mãe também de um casal de gêmeos de 14 anos, Valéria diz que mudou a sua forma de abordar a questão. “Depois do que aconteceu, fiquei mais aberta a isso. Tinha a impressão de que ela ainda era criança e isso não aconteceria. Agora, consigo ter uma visão de que são adolescentes e estão sujeitos a isso. Então, têm de se prevenir”, completa.
Coach e mentora de carreiras, Meire Rose Correa, 35, foi mãe aos 19 anos, quando cursava o terceiro semestre do curso de Direito. “Logo no início da gestação, foi posto que o pai do meu filho não assumiria a criança. Não foi uma gravidez planejada e acabei interrompendo meus estudos. Foi um momento decisivo”, afirma.
*Da Redação, com informações do Terra