Como Ziauddin Yousafzai, pai de Malala, ativista e educador que construiu uma escola no Vale do Swat, no Paquistão, e incentivou o desejo da filha de estudar, mesmo que para isso fosse preciso desafiar o Talibã
Por Débora Fonseca e Cunha
Precisa-se de pais, que desafiem a mentalidade Talibã com respeito ao trato das meninas e mulheres no mundo!
Pelo Talibã, movimento fundamentalista e nacionalista islâmico, às mulheres é negado educação, trabalho e assistência médica. Tratadas como objetos, são submetidas a sucessivas gravidezes por conta dos casamentos precoces.
Assistimos com horror essa trajetória sendo redesenhada na vida das infelizes que restaram em Cabul, por conta da retomada do Afeganistão.
Mas ouso afirmar, guardadas as devidas proporções, que tal realidade não está distante de nós, pois sempre que meninas e mulheres são oprimidas, violentadas, silenciadas, não reconhecidas, não valorizadas pelo que são e fazem, simplesmente por serem meninas e mulheres, a mentalidade que opera, é a do Talibã.
Por isso precisa-se de pais…
Como Mordecai, pai adotivo da Rainha Ester, que diante das várias circunstâncias que poderiam ter culminado em seu trágico abandono e exclusão social, à acolheu, foi presente e partícipe em seu desenvolvimento, a tal ponto, que, no momento certo, soube como encorajá-la a ser instrumento de libertação do povo judeu na Pérsia.
Precisa-se de pais… que sejam fortes, que não se calem, não se amedrontem, que nos inspirem, que se agradem por sermos às suas filhas mulheres e nos levem a dar voos longos, sem que para isso tenhamos que ser transformadas em seus filhos homens.
Pais que nos encorajem a lutar contra sistemas que objetificam nossos corpos, ou que nos enxergam como inferiores e tolhem nosso desenvolvimento social, acadêmico, profissional ou espiritual, nos anulando, enquadrando, segregando, rejeitando nossas características femininas ou ainda, cerceando espaços e locais de fala que poderiam igualmente ser destinados para o uso de nossos dons, talentos e habilidades, simplesmente por sermos mulheres.
Meu cumprimento a todo homem que conseguiu transcender aos aspectos da mentalidade Talibã, seja no Oriente seja no Ocidente, para viver a paternidade de um modo belo, terno e divino.
Meu cumprimento a todo homem que, certamente, para viver esse modelo de paternidade, aprendeu sobre masculinidade com Jesus, que, quando homem na terra, transmitia respeito e segurança às mulheres que O seguiam – Lc. 8.1-3. Com Jesus, não vemos relatos de assédio, violência, opressão, objetificação, preconceito ou discriminação contra mulheres.
Por isso insisto, precisa-se urgente de pais, no Oriente ou no Ocidente, que vivam com a mente de Cristo, e não do Talibã!
Débora Fonseca e Cunha coordena a Missão Luz na Noite desde 2001 e atua no aconselhamento cristão na área da sexualidade humana há mais de 20 anos; formada em Direito e Psicologia; é autora dos livros Uma Fera em Busca de Sentido e Aconselhamento Cristãos em Luta com a Homossexualidade. Em produção, sua terceira obra voltada às temáticas sexuais, agora, dependência e codependência emocional.