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quinta-feira, 28 março 2024

Pr. Simonton de Araújo

Líder da Missão Praia da Costa, uma das igrejas que mais cresce no Estado, o mineiro Simonton César de Araújo busca trilhar sua história a serviço de Deus. O pastor faz questão de destacar a importância de sua família para o sucesso de seu ministério. Nesta entrevista, o pastor fala de sua trajetória, de seu ministério e das expectativas para o futuro.

Como foi o início de seu ministério?
Começou em Manhumirim (MG), onde nasci. Lá chegaram os resultados do trabalho do missionário Ashbel Green Simonton, que veio para o Brasil em agosto de 1859. Nasci no mesmo mês, cem anos depois e, sabendo ou não, meus pais estavam me presenteando com a consagração ao Sagrado Ministério, não apenas fazendo o culto dominical diariamente e me levando à igreja, mas me dando por nome o sobrenome deste herói. De família pobre, aos 12 anos me mudei para a casa de uma irmã em Volta Redonda (RJ). Trabalhei, estudei e sonhei ser arquiteto. Cheguei a fazer um teste vocacional e foi confirmado: seria arquiteto. Já fazendo o segundo ano do Curso Técnico de Arquitetura, entrei novamente em uma Igreja. Comecei a me envolver com projetos de evangelização. Aos 17 anos, iniciei o curso de Teologia e, durante quatro anos, estudando à noite e trabalhando durante o dia, conclui a formação. No último ano do Seminário, fui enviado para servir na igreja na cidade de Três Rios, também no Rio de Janeiro, em 1979. No ano seguinte, mudei para o Campo de Conservatória (RJ). Em 17 de janeiro de 1981, fui oficialmente ordenado ao Sagrado Ministério, na primeira Igreja Presbiteriana de Volta Redonda – sede do presbitério. Depois, pastoreei em Carangola e Coronel Fabriciano (MG) e Niterói (RJ).

O que culminou na sua vinda para o Espírito Santo e a fundação da Igreja Missão Praia da Costa?
Mirna foi outro presente que ganhei de Deus. Casamos em 1985 e ela se envolveu integralmente com os projetos que eu já desenvolvia. Sempre foi mais que companheira. Depois, mais bênçãos: Débora (1986), Raquel (1989) e Matheus (1994). Entre tantos sinais na estrada que apontavam para Vila Velha e um novo projeto missionário, estavam eles, os três filhos. Morávamos em Niterói, e insistir em abrir uma nova frente de trabalho lá poderia gerar a divisão da Igreja que já pastoreava, e isso não me pareceu bem. Gosto do Rio e somente saí de lá porque ficou claro que aqui é onde deveríamos trabalhar pelas informações de amigos, a família da Mirna e, o principal, a paz de Deus.

O senhor era pastor da Igreja Presbiteriana. O que motivou sua saída?
Foram 22 anos servindo a Deus na Igreja Presbiteriana do Brasil. Agradeço a Deus por sua existência, tenho bons amigos nessa denominação. Algumas vezes, sou convidado para pregar, mas o que fomos chamados para realizar como família e as novas estratégias para alcançarmos vidas para Jesus exigiram a criação de um novo nome, um novo CNPJ. Parece-me que, como mais uma demonstração do Seu grande amor, Deus levanta e capacita igrejas para chegar a um público específico, desenvolvendo determinados projetos com mais habilidade. Não incluo rebeliões agressivas, criadas com propósitos goliastescos, que passam os dias agredindo e procurando destruir o que existe. Era mais cômodo ficarmos onde estávamos. A IPB é uma grande igreja espalhada por vários países, e você pode mudar de cidade ou até de país e continuar trabalhando dentro do mesmo sistema. Graças a Deus, não me faltaram convites para ficar ou assumir um novo campo. Nem eu sabia direito como seriam essas novas estratégias, o novo projeto. Tudo era novo para nós e poderia haver atrito ou gestos grotescos de traição dentro dela. Por isso, preferi pedir minha exoneração e sai.

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A Missão Praia da Costa segue os preceitos da denominação Presbiteriana?
Batistas, metodistas, assembleianos, maranatas, presbiterianos… Vamos encontrar preceitos comuns em todas as igrejas cristãs e, quanto aos que são bíblicos, é loucura substituí-los. Nossa regra de fé e prática é a Bíblia, pregamos Jesus como o único caminho para chegar a Deus, procuramos nos submeter a uma total direção do Espírito Santo de Deus, lutamos por santidade, proclamamos a segunda vinda de Jesus etc. Há diferenças nos preceitos de cada uma? Não me sinto competente nem chamado para apontá-las. Vejo sim que há algumas diferenças entre elas e a Missão nos métodos de execução do trabalho, como também há muita coisa em comum. Acho mais importante lutar pelos pontos que nos unem do que pelos que nos separam, que, na maioria das vezes, podem vir de mera questão de interpretação.

Quando o senhor fundou a Igreja, em 1997, quais eram seus maiores sonhos e objetivos? Conseguiu realizá-los?
Crescer em um saudável relacionamento com Deus e no serviço ao próximo são sempre os objetivos maiores. Nessa direção, sonhamos em envolver nossa família na mobilização de outras famílias que se unissem para deixarmos uma bonita herança para a nova geração: mais uma porta aberta para nossos netos se encontrarem com Deus. Também sonhamos juntar os esforços para produzirmos mudanças neste tempo, socorrermos os necessitados. Estamos para debutar em janeiro do ano que vem. É uma bênção sabermos um pouco mais o que contribui para esses propósitos e o que atrasa ou atrapalha. Estamos melhores do que no início, mais bem distantes de onde cremos que Deus pode nos levar.

A Missão Praia da Costa soma hoje mais de dois mil membros. Como tem sido o seu trabalho em conquistar as pessoas?
Choramos diante de Deus suplicando pão para alimentar cada um. Abominamos a ideia de sermos somente um grupo numeroso ou realizarmos grandes pescarias de almas. Esperamos em Deus oferecer a cada pessoa que chega oportunidade de crescimento na relação com Deus. Se as pessoas que passam por aqui encontrarem pão, o pão da vida, com certeza, voltarão com prazer. As portas estão abertas todos os dias quando procuramos atender essa grande necessidade. Se conseguirmos ter um bom pasto, as ovelhas serão fortes e terão prazer de estarem no mesmo lugar. Mas não basta conquistar; outras grandes necessidades que caminham casadas com a conquista são a proteção e a assistência. É muito fácil começar a caminhada, difícil é continuá-la. As pessoas precisam de bases sólidas para caminharem, influenciarem, seguirem e serem seguidas.

A igreja tem se tornado bastante conhecida por conta do caráter “inovador” de suas ações, como por exemplo, o carnaval com bateria de escola de samba evangélica. Qual o principal sentido dessas ações e qual o resultado esperado?
Criatividade com santidade; alegria com seriedade; responder as perguntas que estão sendo feitas e alcançar as pessoas com ferramentas de hoje. Qualquer método empregado visa a proclamar o nome de Jesus, levando almas a se relacionarem com Ele, principalmente para alcançar a nova geração, precisamos de qualidade, criatividade, de acompanhamento. A bateria da escola de samba, o circo e outros ministérios desenvolvidos na Missão têm este objetivo. Quando a bateria sai, temos mais de cem respostas ao convite para um compromisso sério com Jesus. Eu sei que isso incomoda o príncipe das trevas e aos seus súditos. É uma promessa bíblica que vai se cumprindo: ou muda ou morre (Hebreus 8: 13).

Ações como essas atraem principalmente os jovens, mas também incomodam ou “escandalizam” os mais conservadores. De que forma o senhor trata a questão?
É interessante observarmos que esse “escândalo” manifestado por alguns diante do que fazemos, geralmente não é motivado pela percepção da quebra de princípios bíblicos. Em alguns casos, fica nítida a dor violenta da inveja. Se manifestações contrárias procedessem de um legítimo zelo pelo Reino de Deus, a ação dos críticos seria outra. Mateus 18:15-17 diz que tal opositor cristão não deveria se dar ao trabalho de condenar do púlpito ou escrever no boletim suas acusações. O certo seria nos procurar em particular e nos ajudar a entender o que acham certo, principalmente trazendo relatórios positivos do emprego dos princípios em que creem, como os filhos envolvidos no Reino de Deus. Como isso não acontece e, entendendo que a inveja é uma marca de quem precisa de ajuda, toleramos as críticas e avançamos, apesar delas. Oramos para que possamos ajudar os críticos, de alguma forma, principalmente a juventude que se perde pela falta de uma proposta relevante para o seu tempo. Quando esses ataques são mais agressivos, trago sempre à memória uma aplicação de um conjunto de garantias bíblicas: “A caravana passa, os cães ladram. Só que a caravana passa e os cães ficam latindo na beira da estrada, comendo poeira”. Não acho prudente parar para latir com os cães. Temos certeza de que não sabemos tudo, não somos a única nem a melhor igreja. Queremos aprender, mas aprender com modelos que estão cumprindo o que Deus quer: gente envolvida e alegre com Ele, vivendo uma vida completa.

Na Missão Praia da Costa há espaço para modernos e tradicionais?
A definição popular religiosa é que tradicional anda de terno e gravata, canta os hinos antigos etc e que o moderno louva com cânticos espirituais, usa bermuda etc. Sendo as diferenças apenas essas ou semelhante a essas, todos são bem-vindos e convivem bem ao redor da cruz de Jesus que nos une e na ação do Espírito Santo que nos enche de respeito. A Missão não é uma terra sem leis. Lutamos por santidade, amor, comprometimento com a justiça social, relacionamento devocional com Deus, mas, quanto aos gostos particulares, caminhamos num clima de respeito mútuo.

Com ações diferenciadas, a Missão Praia da Costa consegue atrair muitos jovens, mas qual tem sido o trabalho desenvolvido para mantê-los no caminho da Palavra?
O estudo bíblico sempre tem um tempo especial e central em todos os cultos e encontros da Missão. Não abrimos mão de ouvirmos as orientações do Pai. O esforço tem sido para que todos, inclusive os jovens, entendam como aplicar os princípios da Bíblia no dia a dia, e não apenas aumentem um arquivo de conhecimento. Não queremos apenas saber que Davi matou Golias. Preciso saber se eu agir como Golias, afrontando o povo de Deus, uma simples pedra vai me derrubar.

Em parceria com o projeto Missão de Apoio a Igreja Sofredora (Mais), a Missão Praia da Costa tem participado de viagens ao Haiti, trabalhando na reconstrução das cidades atingidas pelo terremoto em 2010. De que maneira tem sido feito este trabalho? Quais são os frutos colhidos?
A Mais é uma agência missionária interdenominacional que conta com a parceira de igrejas de várias denominações, e nós somos uma delas. Como precisamos alcançar, simultaneamente, Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra, ficou mais fácil chegar até lá sendo parceiros de uma agência que trabalha com mais objetividade e transparência. Neste ano, com a Mais, continuamos no Haiti (construindo Igrejas e escolas, promovendo conferências para treinar e motivar os cristãos), enviamos recursos e profissionais para ajudarem os necessitados. Também já chegamos até o Japão, nos locais assolados pelo grande terremoto, e estamos planejando chegar ao Sudão, Burundi e Coreia do Norte. Milhares de pessoas estão sendo abençoadas por esse socorro. Isso não nos atrapalha investirmos no Brasil, nas cidades do Espírito Santo, nos bairros de Vila Velha. Semeamos pequenas sementes. Deus pode transformá-las em árvores que dão sombra e frutos para muitos.

Quais são seus planos para a Missão Praia da Costa nos próximos anos?
Concertar o que fizemos de errado, procurar não repetir o erro e descobrirmos novas estratégias para abençoarmos mais vidas, sempre com foco em agradar o Pai. Entre milhares de sonhos, está o investimento completo para que cada cristão seja um missionário, e não meramente um membro da igreja.

Em recente entrevista, o pastor Ricardo Gondim afirmou ser a favor da união civil entre homossexuais (leia a entrevista aqui). O que o senhor pensa a respeito da declaração do pastor Gondim? O senhor é contra ou a favor da união homossexual?
Sou contra julgar posições à distância, sem ter conversado com o irmão, principalmente se tratando de homem de Deus com um currículo tão bonito quanto o dele. Volto a Mateus 18:15-17 e não quero desobedecer esse princípio. Quanto a qualquer comportamento, qualquer que seja, que esteja machucando o ser humano e ofendendo a Deus, acho melhor e mais eficaz repetirmos o exemplo de uma história que me contaram: era vez um homem em uma vila que viu um menino boiando na correnteza do rio e apressadamente pulou e o socorreu. De repente, viu mais cinco se debatendo na água do mesmo rio. Pediu ajuda a amigos e conseguiu resgatar também estes. Enquanto isso, outros 15 meninos estavam gritando por socorro se debatendo para permanecer vivos no mesmo rio. Depois mais 30, 100… Os resgatadores estavam cansados e já não tinham mais o que fazer. Daí surgiu uma ideia fantástica: vamos andar nas margens do rio seguindo na direção oposta para descobrirmos como essas crianças estão caindo neste rio. Assim fizeram e descobriram próximo à nascente do rio um ponte frágil e flexível, por onde passavam as crianças para chegarem a uma escola. Os menores não resistiam e caiam no rio. Concertar a ponte perto da escola foi uma proposta mais eficaz. Muitos comportamentos que machucam o ser humano e ofendem Deus são oriundos de uma família quebrada. Parece-me mais justo chamar a atenção de quem construiu a ponte ou não corre na direção do concerto. Não fomos chamados para condenar. Isso o diabo já faz muito bem. Somos chamados para ajudar, apresentando soluções.

Este mesmo pastor escreveu o artigo “Deus nos livre de um Brasil evangélico”, onde afirma ser necessária a diversidade cultural e religiosa. O senhor concorda com ele?
Se a conclusão dele considera a possível intenção de alguns, definindo e lutando por um país evangélico cheio de templos que simplesmente oferecem entretenimento para a alma dos seus fiéis, também sou contra. Como entretenimento defino o ato de “rodar moinho”: orar, cantar, pregar etc, sem nenhuma implicação prática, sem sair do lugar. Se sinônimo de evangélicos for pessoas que apenas olham para o céu sem nenhuma disposição de serem embaixadores de Deus na terra, cheios de atos de misericórdia, também não vejo sentido sermos um Brasil evangélico. A partir de algumas definições do que é ser evangélico, também tenho medo de o Brasil se tornar um país evangélico. É possível que se torne obrigatório cedermos mais espaço em nossos cultos ao diabo do que a Deus, aos ritos místicos do que ao estudo da santa Palavra de Deus.

Em sua opinião, o crescimento da igreja evangélica tem sido apenas em quantidade ou a qualidade da vida cristã também está na mesma proporção?
Não são apenas números. Muita coisa melhorou. A relação intereclesiástica é uma delas. Hoje ainda encontramos dois ou três grupos cristãos bem fechados, proclamando serem detentores da “chave do céu”, mas está bem melhor do que 30 anos atrás, quando o grande investimento de cada grupo era lutar contra o outro, e não trabalhar para salvar os perdidos. Também melhorou quanto à prática social. Mesmo ainda fazendo pouco, fazemos infinitamente mais do que fazíamos há 30 anos. Melhorou a qualidade das publicações e a abertura para o trabalho dos leigos. Ainda há rugas, mas está mais bonita.

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