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sexta-feira, 19 abril 2024

Por que os evangélicos crescem tanto no Brasil?

Ângela-Maringoli
Foto: Reprodução

Os evangélicos representam 31% da população, o que representa 65 milhões de pessoas, segundo pesquisa realizada em 2020 pelo Instituto DataFolha

Por Priscilla Cerqueira 

Acredite, mas um em cada três adultos no Brasil se identifica como evangélico. A fé evangélica tem se capilarizado no Brasil, estando visivelmente presente em todo o tecido social. Foi o que apontou uma estatística realizada em 2020, divulgada pelo Instituto Data Folha.

A pesquisa apontou que 31% da população (mais de 65 milhões de pessoas) pertence a alguma denominação evangélica.

Nenhuma discussão política séria pode desconsiderar o crescimento massivo dos evangélicos. A adesão ao evangelismo no Brasil se dá predominantemente entre pessoas das classes mais baixas; a maioria se filia as igrejas pentecostais e neopentecostais. De acordo com o Censo Brasileiro, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estátisticas (IBGE), em 2010, 60% (25,3 milhões), dos evangélicos eram pentecostais.

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Especialistas do cenário religioso preveem que em 2036 os evangélicos chegarão a 40,3 % da população, ultrapassando os católicos, que cairão para 39,4%. Se essa projeção se cumprir, em 15 anos o Brasil se tornará uma nação predominantemente evangélica.

Comunhão entrevista Ângela Maringoli

Diante desse cenário, Comunhão ouviu a teóloga e doutora em ciência da religião, Ângela Maringoli, fundadora da Oikos – Escola Para a Vida, que explica sobre os possíveis motivos que levaram o crescimento constante da população evangélica no país. Confira!

Comunhão – Por que os evangélicos crescem tanto?

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Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Ângela Maringoli – Talvez porque a fé evangélica ensina que todo cristão deve fazer discípulos. “Ide por todo mundo e fazei discípulos, ensinando-os a guardar tudo o que vos tenho dito” (Mateus 28,19). Também, durante muitas décadas a igreja evangélica investiu em campanhas evangelistas usando espaços como Estádios de Futebol e ginásios desportivos programas de rádio e TV (Reality Shows como Jimmy Seeg Billy Graham e outros), agora internet para pregar sua doutrina e fé e assim aumentar suas fileiras. Houve também uma ‘acomodação’ católica em relação aos cuidados dos seus fiéis visto o país ser de fé predominantemente hegemônica católica, não percebendo as demandas espirituais dos seus seguidores. A igreja evangélica tem uma estrutura mais enxuta e dinâmica, menos centralizada e mais capilarizada, chegando nas periferias com uma pregação que traz respostas imediatas as carências sociais dessas regiões. Outro ponto a ser considerado é que há uma vertente denominada ‘neopentecostal’, que prega a Teologia da Prosperidade, fenômeno da década de 80/90, onde o reino de Deus é aqui basta ter fé e fazer sacrifícios. Uma visão de ‘super poderes’ do ser humano, que tudo pode! Meio super-homem! Insensível..determina e a doença desaparece. Enfim, a soma desses fatores nos ajude a encontrar a resposta.

Você acredita que o conservadorismo evangélico impacta nas famílias brasileiras?

O movimento evangélico é predominantemente conservador, mas há também evangélicos liberais e progressistas ligados a teologia da libertação e da missão Integral transformadora ao bem-estar social coletivo desprovido de preconceitos religiosos. Para essa maioria conservadora sem dúvida a hermenêutica empregada para interpretação teológica acaba trazendo um peso moral perverso para as famílias e para a sociedade, posto que por falta de discernimento, muitos evangélicos cobram do outro um comportamento moral, sendo um valor seu e que só diz respeito a sua cosmovisão. Existe, sem dúvida uma necessidade de uma releitura bíblica através do método históricos críticos de análise, além do uso das ferramentas das ciências da Hermenêutica e da Exegese bíblica

Quais as projeções futuras? Se continuar crescendo assim ultrapassaremos o número de católicos?

Tudo indica que sim, pois a igreja do neopentecostalismo prega um evangelho vitorioso e de triunfalismo, com base na troca, um sistema de barganha com Deus, mais voltado para a aquisição de bens materiais e menos o ensino da Palavra de Deus e também um evangelho sofredor, de um Cristo que foi humilhado e não exaltado. Tudo isso tem atraído pessoas e contribui com o crescimento do evangelho no Brasil. E com isso, temos o que chamamos de “mercado” do sagrado e o profano, aonde as coisas sagradas são comercializadas e isso não começa com as igrejas neopentecostais. Isso já era próprio da igreja Católica, isso acontece desde os primórdios. Ou seja, temos um sagrado sendo comercializado, que vai continuar vendendo promessa e vitória na terra.

Levando-se em consideração de que a última eleição presidencial o voto dos evangélicos foi fundamental para a vitória de Bolsonaro nas urnas, você acredita que a próxima eleição presidencial de 2022 será definida pelo voto do eleitor evangélico?

Novamente é preciso reconhecer que o evangélico não cabe só no espectro conservador. Existem muitas comunidades e líderes que são de natureza progressista, social e liberal no sentido comportamental de respeito as diversidades. Estes com certeza votam em candidatos de visão progressista. Assim acredito que o voto evangélico pode até ser majoritariamente conservador, mas não o suficiente a ponto de decidir uma eleição.

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