Entenda a importância da intercessão, sua base bíblica e como essa prática fortalece a comunhão entre os crentes e Deus
Por Patricia Esteves
A intercessão, ato de orar a Deus em favor de outra pessoa, é uma das práticas mais transformadoras da vida cristã. Desde os tempos bíblicos, interceder tem sido um meio pelo qual os fiéis conectam-se uns com os outros e com o Criador, clamando por misericórdia, direção e intervenção divina.
Na Bíblia, há inúmeros exemplos de intercessão que mostram a profundidade e o alcance dessa prática. Um dos primeiros exemplos vem de Abraão, que intercedeu por Sodoma, pedindo a Deus que poupasse a cidade se ali houvesse justos (Gênesis 18:23-30). Embora a cidade não tenha sido poupada, o diálogo entre Abraão e Deus revela a seriedade com que o Criador trata as orações intercessórias.
Moisés também intercedeu em várias ocasiões pelo povo de Israel. Em Êxodo 32:11-14, após o episódio do bezerro de ouro, Moisés pediu a Deus que não destruísse o povo, lembrando-lhe das promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó. A resposta de Deus, que desistiu de destruir os israelitas, mostra como a intercessão pode mudar situações aparentemente irreversíveis.
No Novo Testamento, o poder da intercessão é exemplificado na vida de Jesus Cristo. Ele não só orou por seus discípulos, mas também intercede continuamente por todos enquanto está à direita de Deus (Romanos 8:34; Hebreus 7:25). O próprio Jesus declarou a Pedro: “Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça” (Lucas 22:32). Isso demonstra que a intercessão é uma prática essencial para a proteção e fortalecimento da fé.
Além disso, o apóstolo Paulo também enfatiza a importância da intercessão. Em suas cartas, ele frequentemente ora pelos cristãos, pedindo que Deus os fortaleça e os ilumine (Efésios 1:15-23; Efésios 3:14-21). O escritor e professor de Teologia Daniel Conegero explica, em uma de suas publicações, que a Bíblia ensina a interceder por outras pessoas, e o próprio apóstolo Paulo dá um exemplo claro disso em sua Carta aos Efésios.
Segundo Conegero, a intercessão deve ser uma prática constante na vida cristã. O cristão deve interceder a Deus em oração por seus familiares, amigos e irmãos na fé. O apóstolo Tiago, por exemplo, registra um dos versículos mais lembrados da Bíblia quando o assunto é a intercessão entre os membros do Corpo de Cristo. Ele escreve: “Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5:16)”.
A prática da intercessão vai além de simplesmente pedir por bênçãos para os outros. Ela é uma expressão de amor e de comunhão na fé. Orar pelos outros, sejam familiares, amigos ou até mesmo desconhecidos, é um ato de fé que fortalece não apenas os destinatários das orações, mas também aqueles que oram.
Uns pelos outros e até pelos inimigos
O apóstolo Paulo, em 1 Timóteo 2:1-2, encoraja os crentes a intercederem “por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão em eminência”. Esse ensinamento enfatiza que a intercessão não deve ser limitada ao círculo pessoal, mas deve abranger toda a humanidade, incluindo aqueles em posições de liderança.
“Uma intercessão individual está focada no pedido pessoal da pessoa ou de alguém. Já a intercessão coletiva é uma oração que é de interesse de todos. São dois momentos distintos importantes, mas que possuem focos diferentes”, elabora o pastor Ediudson Fontes, da Assembleia de Deus – Cidade Santa, no Rio de Janeiro (RJ).
Ao mesmo tempo, um dos aspectos mais desafiadores da intercessão, de acordo com o pastor, é orar pelos inimigos, conforme foi ensinado por Jesus em Mateus 5:44: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem.” Essa forma de intercessão é, a seu ver, talvez a mais difícil, pois desafia a amar incondicionalmente e a refletir o caráter de Cristo na própria vida.
A intercessão é um dos pilares da vida com Deus, unindo cristãos em uma corrente de fé e amor. Ao interceder, o cristão cumpre o chamado a viver o mandamento de Jesus de amar ao próximo como a si mesmo, refletindo a compaixão e a misericórdia de Pai. Assim, a oração pelos outros não só promove mudanças no mundo espiritual, mas também fortalece a própria fé e comunhão com Deus enquanto transforma o mundo.
Relembre os benefícios espirituais da intercessão
O ato de interceder é mais do que uma simples prática religiosa; ele é fundamental para a vida cristã e traz muitos benefícios espirituais. Aqui estão alguns motivos pelos quais é importante interceder:
Fortalece a comunhão com Deus
Ao interceder, a pessoa se aproxima de Deus, buscando Sua vontade para os outros, o que aprofunda sua própria relação com o Pai.
Promove a unidade entre os crentes
Orar pelos outros cria um vínculo de solidariedade e amor, fortalecendo a unidade do Corpo de Cristo.
Alivia os fardos alheios
A intercessão é uma forma de carregar os fardos uns dos outros, como ensinado em Gálatas 6:2, proporcionando conforto e alívio aos que estão em necessidade.
Aumenta a fé
Ver as respostas de Deus às orações intercessórias fortalece a fé tanto de quem ora quanto daqueles por quem se ora.
Reflete o caráter de Cristo
Jesus intercede por nós e, ao interceder pelos outros, seguimos Seu exemplo e nos tornamos mais semelhantes a Ele.
Move o coração de Deus
Embora Deus seja soberano, a Bíblia nos mostra que Ele muitas vezes responde às orações intercessórias, como no caso de Moisés intercedendo por Israel.
Interceder é um ato de obediência
A Bíblia nos instrui a orar uns pelos outros, tornando a intercessão um ato de obediência à Palavra de Deus.