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quinta-feira, 25 abril 2024

Por que o crente sofre? Sofrimento e Deus combinam?

A busca racional por explicações razoáveis para o sofrimento é uma tarefa esgotante, especialmente quando a Bíblia diz que não há discrepância entre dor e alegria

“Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Romanos 8:18)

O sofrimento de um crente, de um justo ou de um inocente é um dos enigmas mais intrigantes da natureza humana. Por mais submisso que alguém seja a Deus, o fato de um cristão sofrer tanto quanto ou até mais do que alguns ímpios é um questionamento que sempre passa pela mente de quem vive esta experiência.

Afinal de contas, tristeza e Deus combinam? Deus permite ou causa o sofrimento? E se isso é verdade, qual o propósito? Referindo-se aos homens maus, sem Deus, o salmista Davi diz: “Eles não passam por sofrimento e têm o corpo saudável e forte”. (Sl 73.4-5). O apóstolo Pedro não encobre dos cristãos essa dura verdade que faz parte do plano de Deus para tratar o seu povo. “Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós (sofrimento) para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse;
(1 Pe. 4.12). E o que dizer dos amigos de Jó que buscaram várias explicações racionais para justificar o sofrimento daquele que era fiel a Deus e foi surpreendido pelo inesperado em sua vida, família e negócios?

Se várias passagens bíblicas sinalizam que não existe incoerência nem discrepância entre a dor e a alegria de um servo de Deus, como conviver com esta realidade sem perder a fé e a esperança? Algumas vezes entendemos a razão da dor, outras não. Então, como passar por provações sem “deixar os ombros caírem”: Está aí um dos maiores desafios para os servos de Deus.

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Os amigos de Jó acreditavam era algum pecado escondido em sua vida que o fazia sofrer, mas Jó não estava em pecado e sequer conseguia compreender a razão de tanta dor e perda. Essa tentativa de encontrar razões para o sofrimento pode ofuscar o propósito divino na vida de seus filhos.

Quando chega o sofrimento

Entretanto, considerando a bondade e a justiça do Pai, para algumas pessoas é difícil entender que as lutas também podem ser desígnios divinos.
As batalhas diárias não são exclusividade dos ímpios; cristãos também enfrentam dificuldades, provações, algumas vezes até mais desafiadoras que as experimentadas por aqueles que ainda não aceitaram a Jesus como Senhor e Salvador. Na Bíblia, o próprio Deus orienta para que “tenhamos bom ânimo a fim de vencer esse mundo” (João 16:33). Então, a diferença está na forma de se “atravessar o deserto”.

Para o cristão fiel, os percalços da vida podem representar um caminho para o fortalecimento, fazendo, como diz o ditado, do “limão uma limonada”. Isso nos leva à comunhão mais perfeita com o Criador, e não devemos nos preocupar se estamos passando pelo Seu crivo. As lutas não cessam, mas a partir delas somos aprimorados.
Apesar de não serem desejadas por ninguém, as batalhas apresentam grande “efeito pedagógico”, considerando que grande parte delas são atraídas por nós mesmos, destaca o pastor José Alves, presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério de São Paulo.

Por que o crente sofre? Sofrimento e Deus combinam?
“Parece clichê, mas nossos olhos precisam continuar fixos em Jesus, pois Ele continua sendo o autor e consumador da nossa fé” – Bruno Brito, pastor sênior da Igreja Lagoinha São Paulo

O pastor sênior da Igreja Lagoinha São Paulo, Bruno Brito, reforça que há explicação bíblica para isso: “De que se queixa o homem? A resposta é:
queixa-se de seus próprios pecados. “Ademais, lutas e provas são consequências da má escolha no Éden, quando nossos primeiros pais optaram por desobedecer a Deus. Mesmo não pecando, recaem sobre nós as consequências do pecado de nossos pais, o pecado não passa de pessoa para pessoa, mas infelizmente as consequências passam. Neste caso, as lutas são consequências desse pecado originário”.

O pastor deixa claro que, por inúmeras vezes, nosso padecer vem da cobiça, da falta de amor ao próximo, da exaltação do nosso próprio ego. Entretanto, é possível que as adversidades surjam mesmo sem cometermos quaisquer erros.

A Bíblia fala que o Senhor açoita e corrige os que ama. Sendo assim, quando esse sofrimento vem de Deus, sabemos que não será acima do que suportamos, pois há um condão a nos fortalecer. “Assim como o sol e a chuva endurecem as árvores do campo para suportar os vendavais, as lutas também nos fazem fortes.

Além disso, na luta sempre buscamos estar mais perto de Deus, sempre buscamos o espiritual”, observa ele, destacando que as situações adversas fazem “o cristão ser mais cristão”.

Quando perguntado sobre o porquê de os ímpios prosperarem enquanto muitos crentes sofrem e são humilhados, Bruno Brito responde que essa é uma questão recorrente em todas as gerações.
“Tenho certeza de que a maioria dos leitores já ouviu algum ‘crente’ expressar sua insatisfação através de uma pergunta como essa. Aí eu me questiono: em quem ou no que esse crente crê? Sempre olhamos a vida do outro, e principalmente daqueles que ‘não conhecem a Deus’ como sendo um parâmetro para saber se estamos bem ou não.”

O pastor-presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério de São Paulo (IEADMSP), José Alves, afirma que “para atravessar o deserto e vencer o período de dor só existe o remédio espiritual, confiança em Deus, oração, jejum e meditação na palavra, porém não apenas ler a Palavra, mas também viver a Palavra”.

Na condição de crentes, nos achamos no direito de estar sobre ou à frente de qualquer pessoa ou situação; queremos ser tirados do fim da fila e levados para uma sala especial porque conhecemos alguém influente, comenta Pr. Brito.
“Pelo contrário, justamente porque cremos é que devemos ter clareza, força e maturidade suficientes para não perdermos a alegria de viver.

Se o ímpio prospera enquanto o crente sofre, devemos saber que o contrário também é verdadeiro. Não devemos esquecer que podemos todas as coisas, pois o Senhor é a nossa força! Ele nos capacita a prevalecermos diante de qualquer estação e faz com que todas as coisas cooperem para o bem daqueles que O amam”, exorta.

Por que o crente sofre? Sofrimento e Deus combinam?

Humilhação

“Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra” (2 Crônicas 7:14).
Quanto aos que se sentem vítimas ou rebaixados, Pr. Bruno deixa claro que a humilhação não é uma condição, mas uma posição. Segundo ele, antigamente o crente era visto como um coitado, pobre; no sertão nordestino era apedrejado e excluído. “A condição é parte de uma mentalidade religiosa, a posição é uma escolha de quem entendeu que é livre dos preconceitos e rótulos.

Quem se humilha diante do Senhor não se afeta diante de uma humilhação terceirizada. À medida que permitimos que o nosso ego cresça, aí sim precisamos começar a nos preocuparmos. O Senhor Jesus não foi humilhado, mas a Si mesmo se humilhou, se entregou, se sacrificou. Sendo Ele o nosso principal modelo, devemos aprender a colocar o nosso coração no lugar certo”, defende.

 

Pr. José Alves argumenta que a condição de humilhado é inerente ao cristão, não a de humilhação. Estar humilhado é quando um terceiro nos impõe isso; já a humilhação, nós mesmo que a buscamos. “Na Bíblia há inúmeros casos de pessoas que se humilharam, mas o maior exemplo é Cristo, que humilhou a Si mesmo.

No entanto, as Escrituras relatam que Deus O exaltou. Ser cristão não é uma condição de humilhado, embora às vezes sejamos, mas é uma condição de humilhação que devemos sempre buscar”, afirma.

Perseverança

“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.
Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que O amam” (Tiago 1:2-4,12).

A promessa da vitória, do alcance de dias melhores e do alívio que é proporcionado somente pelo Senhor está clara na Palavra. Mas, ainda assim, há quem se renda ao desânimo, aos maus pensamentos e ao conformismo da “derrota”. “As pessoas desistem da caminhada cristã durante ou após as lutas exatamente por falta de confiança em Deus, de fé, e por não se resignar ao sofrimento. Mas as pessoas se esquecem de que foi Jesus quem disse: ‘No mundo tereis tribulação, mas tende bom ânimo’.

E quando vêm as batalhas esses indivíduos começam a questionar o poder e até a existência de Deus.” Na avaliação do pastor, se todas as pessoas confiassem no Senhor sem reservas, jamais desistiriam de seguir adiante.
Haveria a certeza de que Deus jamais as abandonaria durante a jornada. A lógica inversa também é verdadeira, sentencia: quem crê no Pai não desiste nunca. Embora sofra, chore, está certo de que sofrer com Ele é melhor que se alegrar com o mundo, ainda que precise andar por “caminhos estreitos”. “Não há métodos ou sete passos disso ou daquilo. Não tem mandinga nem simpatia para resolver o coração do homem. Resistimos à medida que nos fortalecemos em Deus e enfrentamos a situação”, aponta.

Ele destaca, ainda, que a “vida real é assim, diferente das fábulas religiosas, que nem são bíblicas na maioria das vezes. “Parece clichê, mas nossos olhos precisam continuar fixos em Jesus, pois Ele continua sendo o autor e consumador da nossa fé.
Nele está tanto o querer quanto o realizar de todas as coisas”, frisa Pr. Bruno Brito, lembrando que o cristão necessita ser forte e corajoso como Jesus foi, chamando-nos a ser obedientes sempre. O fim das lutas e do deserto não se dá quando desistimos, é bom ressaltar.

Por que o crente sofre? Sofrimento e Deus combinam?

O pastor compara as lutas e provações ao funcionamento do corpo humano: “Quando o sistema imunológico está forte, tudo opera para resistir a toda e qualquer doença, infecção e inflamação que atinja o indivíduo.
Quando o contrário acontece, basta apenas um vento mais frio, e a pessoa já está de cama horas depois. Atravessar desertos nos faz sentir dor. À medida que caminhamos lágrimas, caem dos nossos olhos.”
Em contrapartida, encoraja-nos reconhecendo que o cenário é desesperador, e a sensação é de que vamos passar a eternidade naquela situação, porém, resistir à vontade de parar ou retroceder nos alivia definitivamente, tendo em vista que, se travarmos no meio do caminho e esmorecermos, iremos apenas permanecer no mesmo cenário, adiando o fim.
Pr. Bruno conta que nunca viu tantas pessoas desistirem da fé por motivos tão carnais, talvez as mesmas razões que as haviam trazido antes para o lado de Cristo. Por isso, comenta, é cada vez mais necessário deixarmos as nossas motivações e passarmos a fundamentar a nossa convicção no Pai num terreno seguro.
“Conheço também muitas pessoas que não perderam a fé, mas se afastaram da Igreja por causa de ‘profetadas’ e relacionamentos de conveniência. Expectativas equivocadas construídas sobre uma areia movediça. Quando se fez necessário um abraço ou uma oração, uma atenção mais próxima, aí o telefonema não era mais atendido, e a mensagem ficava no vácuo. Todos nós temos mil motivos para abandonarmos tudo, mas uma só razão nos deve ser suficiente para permanecermos: Jesus!”.

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